A Câmara Municipal de Fortaleza concedeu, nesta sexta-feira (5), o
Título de Cidadão de Fortaleza ao ator, dramaturgo e produtor cultural
Carlos Rinaldo Costa Moreira, o Carri Costa. A homenagem foi proposta
pelo vereador Sargento Reginauro (Sem partido), através do decreto
legislativo 884/2019, aprovado por unanimidade pelo plenário da Casa. A
sessão foi presidida pelo próprio vereador Sargento Reginauro, no ato
representando o presidente da CMFor, vereador Antônio Henrique.
O vereador Sargento
Reginauro pediu um minuto de silêncio em homenagem ao servidor da
Câmara, Fernando Luiz de Melo, falecido nesta quinta-feira. Em sua
saudação ao homenageado e aos presentes, Sargento Reginauro, disse
que chegou a Casa em janeiro deste ano, como representante dos
militares, por ser sargento de Corpo de Bombeiros, mas trabalha há
30 anos como ator. A mesa de honra foi composta pelas seguintes
personalidades: Edmilson Filho, comediante e ator, jornalista Richel
Martins e o vereador Guilherme Sampaio.
Segundo ele, o humor
cearense já vinha se destacando nas redes sociais, com o Suricate
Seboso e Fortaleza Ordinária e agora com o Cine Hollyúde. “Agora
virou moda vaiar e dizer ‘ai dento’, mas bem antes disso esse
cidadão estava fazendo nos palcos cearenses esse mesmo trabalho. É
um prazer imenso estar nessa noite aqui fazer essa homenagem. Falar
de cultura, arte, emprego e renda, formação e conscientização das
massas. Precisamos desse espaço para falar de Cultura e teremos
sempre o prazer de defender essa classe com coração e amor mesmo”,
pontuou.
“Hoje, tivemos no
espaço Cultural do BNB, que estaria sendo fechado, e tivemos a
garantia do presidente do banco que a programação de julho e agosto
está garantida. Outro ganho para a Cultura, foi que o vereador
Guilherme Sampaio conseguiu a isenção do IPTU para teatros até 300
lugares. Penso que esse título não é apenas para entregar a
homenagem, mas para celebrarmos o teatro cearense, que agora está
conseguindo fazer nossa arte brilhar para o Brasil. Quando soubemos
que o Cine Hollyúde ia para a Globo, ficamos na expectativa quem
seria chamado. Ficamos felizes pelo convite a Carri, que não fez
parte do elenco do filme, mas está na série mostrando seu talento.
Obrigado a você, que sua carreira, se consolide ainda mais. Obrigado
a todos pela presença!”
Em seguida se
pronunciou o vereador Guilherme Sampaio. “Pensei se quebraria o
protocolo, pois em sessão solene apenas o autor da homenagem se
pronuncia, mas lembrei do conselho de minha mãe que um gesto de amor
agente nunca adia. Esse é um gesto de amor aos inconformados e
teimosos. Dedicar uma cidadania a alguém é dizer que ele é a
melhor parte de nós. É um militante pela cultura, com autonomia,
provocador e resistente. Esse título é gesto de amor a Fortaleza.
Aqui o meu reconhecimento a sua trajetória. Muito obrigado em nome
do povo de Fortaleza, parabéns!” pontuou.
Apos receber o
Título de Cidadão, Carri Costa falou de sua trajetória. “Nasci
no Pacajus, cheio de sombras, rodas gigantes, entre o cemitério e a
matriz, picolé de refresco de morango e a palmatória da dona
Mundica, professora da cidade. Conheci os livros. (…) Até que um
dia cheguei a Fortaleza e nas ruas de Piedade, vivi meu parque, meu
beco de balengotengos, e na escola via as crianças pintadas nas
paredes. Via meus livros, com lápis de cor fazia os meus primeiros
rabiscos. Assim vi o mar, o forte, vi fortaleza, vi minha infante
arte tete a tete, com estátuas e esfinges, bustos nus. Minha mãe
insistia em investir o que não tinha em minha arte. No grupo escolar
me senti artista pela primeira vez, bisnaga, telas, espátula e aulas
com a senhora Teresa Nóbrega a primeira artista que conheci.”
“Conheci um
casarão chamado democrático, levados por meus padrinhos Argentina e
Augusto, conheci os textos de Paulo Freire, e com o tempo meu risco e
consciência ficaram melhores. Vi a frente do primeiro teatro, o
universitário. Fui para o Salão de Novos e quase minha mãe vai à
falência. Meu primeiro palco. Lavei a alma em casa festa cívica,
cínica ou religiosa, Em 1982, fui para o interior de Pernambuco ser
seminarista, isto é, fazer o segundo grau em um tradicional
seminário, e lá havia um majestoso teatro. Minha primeira capela,
Deus cheirava a tablado. Era um lugar santo, e ali me vi namorando
num lugar profano. Mas não era minha ribalta, tinha que voltar”,
destacou.
“Então fui montar
um teatro, alvoroço no palco, Piedade vira um palco, a paixão de
Cristo. Naquele mesmo ano eu e o Siriará nos apossamos na antiga
madereira do salesiano, muita arte e resistência. Ali aprendi a
começar e mesmo vendo a paixão sendo maltratada, papoquei com linha
carretel e tudo nos ventos do teatro. Para não ser tarde fui fazer
arte no Teatro Universitário. Quando menos esperava me vi palhaço.
Minha Paixão de Cristo virou Dionísio e virei Carri Costa. Então
vi quea arte é a maior expressão da dúvida”, destacou
“Ri e rir muito,
construir muito, pintar muito, botar boneco e fazer boneco. Até que
em 93 vi as festas de ano de dentro de um velho galpão da Praia de
Iracema. Uma rede, um sono e um sonho que ali funcionaria um teatro.
Um pouquinho malfeito, mas a Começo da Vida Rasgada inaugura com uma
esquisita plateia, mas estava valendo. Hoje continuo colocando a mão
na massa, coloco a mão onde minha inventividade acredita na arte de
criar, acredito na minha arte e devaneios de moleque cearense. Essa é
só uma veia poética de um cearense que agora é cidadão de
Fortaleza”, concluiu. Falaram ainda Richel Martins e Edmilson
Filho.
Perfil
Carlos
Rinaldo Costa Moreira, conhecido artisticamente por Carri Costa,
nasceu em Pacajus. Aos 10 anos inicia estudos nas artes plásticas no
Atelier da Sra. Tereza Nóbrega. Aos 15 anos ingressa no seminário
Salesiano da cidade de Carpina (PE) onde viria a conhecer o Teatro. A
partir desse primeiro contato o jovem amador decide fazer dessa arte.
seu rumo e prumo.
Em
1983 já em Fortaleza funda o Teatro Galpão e o grupo de teatro
Siriará, no bairro da Piedade. Em 1990 ingressa no Curso de Artes
Dramáticas da Universidade Federal do Ceará. A partir dai integra
várias companhias de teatro como grupo Em Crise, Trupe Caba de
Chegar, entre outros. Já no ano de 1991 participa no elenco do
espetáculo Narração da Viajem Pela Província do Ceará, dirigindo
por Aderbal Freire Filho, montado para a reinauguração do Theatro
José de Alencar.
Em
1992 atua na sátira Dom Giochim que o motivaria a criar um grupo
teatral voltado para comédia: surge “O Molecagem” que anos mais
tarde viraria a ser Cia. Cearense de Molecagem; ingressa na TV Cidade
como personagem repórter Armando Rede no programa “De Olho na
Cidade”. Em 1993 aluga um antigo armazém na Praia de Iracema e lá
cria a sede da sua Companhia teatral e um espaço cultural que viria
a ser o Teatro da Praia.
Em
1994 integra o projeto de teatro de rua Saúde e Cultura da antiga
Fundação Cultural de Fortaleza onde permanece por 12 anos. Em 1995
atua no filme Quinze (inacabado) de Augusto Ribeiro Júnior. Em 1997
idealiza o FESFORT (Festival de Esquetes de Fortaleza) que por 20
anos viria a ser o espaço do experimental teatral de Fortaleza. Em
1998 Escreve, dirige, atua no espetáculo a mais tempo em cartaz no
Norte e Nordeste “Tita & Nic, A Comédia”. Em 2002 participa
da fundação da APTECE – Associação de Produtores Teatrais do
Ceará.
Atua
nos longas-metragens “O Quinze” de Jurandi Oliveira e “Onde
anda Você” de Sérgio Rezende. Em 2003, escreve e atua no programa
humorístico Turbulência para a TV Diário. Participa na criação e
organização dos Fóruns de Teatro do Ceará, nos anos seguintes
atua em comédias também de sua autoria: Albergue Broder Ceará;
Vizinhas; Cacos de Família; Loucuras de Amor e Malasombro.
Em 2007, recebe da Câmara Municipal de Fortaleza a Medalha Boticário
Ferreira. Em 2009 dirige o espetáculo humorístico “No Ceará é assim”. É
homenageado na Assembleia Legislativa do Ceará como trabalhador da
cultura. Em 2012 é agraciado com a maior honraria do teatro Cearense:
Trófeu Carlos Câmara. Em 2017 integra o elenco da série Cine Hollyúde na
Globo. Em 2018 atua no Longa A Guerra de Papel de e Déo Cardozo e
saindo um pouco de sua zona de conforto estreia o monologo O Sabotador
(drama poético).
http://www.cmfor.ce.gov.br
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