Após a divulgação de uma lista de cargos federais no Estado que foram distribuídos entre os 11 deputados cearenses que votaram a favor da reforma da Previdência, parlamentares tentaram, ao longo do dia, se desvincular da relação entre as indicações políticas e os votos pró-Governo. Enquanto alguns confirmaram as negociações, outros fizeram questão de negar uma possível "troca" de votos por cargos.
Conforme publicado ontem no Diário do Nordeste, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos,
se reuniu com cearenses que votaram a favor da reforma, na última
quinta-feira (11), e abriu negociação para indicação a cargos no Estado.
Após o "sinal verde" do Governo, parlamentares distribuíram entre si os
órgãos que cada um deve apadrinhar.
De acordo com a lista confirmada por deputados que participaram das
reuniões, os cargos incluem o Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas (Dnocs), a Companhia Docas do Ceará e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), a unidade regional da Receita Federal, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) também estão na lista dividida entre cearenses.
Reações
A divulgação do rol com os nomes dos padrinhos de cada órgão
incomodou deputados. Ao longo do dia, a maioria quis se desvincular das
negociações e negou que tenha participado de reuniões sobre o assunto. Júnior Mano (PL), por outro lado, disse que não é novidade a indicação política para cargos federais e confirmou que o assunto voltou a ser tratado na bancada.
"Nunca vi em reunião com 15 pessoas se pedir segredo. O Governo já
tinha sinalizado desde o início que os cargos nos estados seriam
indicados por deputados, só que a gente não tinha indicado nada. Agora,
houve uma nova sinalização, mas (os nomes) têm que seguir critérios
técnicos, não são quaisquer nomes que se vai emplacar", frisou.
O coordenador da bancada cearense, Domingos Neto (PSD),
que deverá receber as indicações dos parlamentares e encaminhá-las aos
interlocutores do Governo, defendeu que não houve troca de votos por
cargos, mas também não negou que deputados aliados iniciaram a
distribuição.
"Não houve nenhuma troca de cargos por votos. Todos os outros estados
fizeram indicações, até por solicitação do Governo, que pediu às
bancadas sugestões. Fomos o único Estado a não indicar, exatamente para
isso não ser interpretado como troca".
O deputado Pedro Bezerra (PTB), que teria sido
escolhido para indicar cargos na Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT), disse que não foi consultado sobre o assunto.
Questionado, então, sobre os motivos pelos quais colegas teriam colocado
o nome dele na lista, o parlamentar respondeu apenas que não sabe o
porquê. "Não sei por que colocaram meu nome (na lista). Se alguém
colocou certamente não fui e não sei por quê", afirmou.
Genecias Noronha (SD), que foi escolhido para
indicar a direção do Dnocs, também negou. "Não indiquei nada, a bancada
do Ceará foi a única que não indicou cargo até agora", disse. Colegas de
bancada, no entanto, confirmam a presença dos deputados em reuniões
para tratar do tema, na semana passada.
Já Heitor Freire (PSL) defendeu que as indicações
serão "técnicas" e com "profunda análise de currículo". Ele deve indicar
o comando do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) no
Ceará. "Tudo é definindo junto com a equipe ministerial. Seja Ibama,
Funai ou qualquer outro órgão federal, estamos preparados para dar a
nossa contribuição".
Após a divulgação de uma lista de cargos federais no Estado que
teriam sido distribuídos entre os 11 deputados cearenses pró-reforma,
confirmada por parlamentares, alguns reafirmam as indicações, enquanto
outros negam que houve troca de votos
dn
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