A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS-CE) disse, nesta terça-feira (13), que mais de 40 pessoas foram presas e outras 98 foram denunciadas pelo envolvimento em ações criminosas que buscavam intervir nas eleições para a Prefeitura de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no ano passado.
Ao Diário do Nordeste, a pasta do governo estadual salientou, por meio de nota, que o inquérito policial aberto para investigar a atuação dos criminosos, que participavam de uma quadrilha, “foi concluído e remetido à Justiça”.
A equipe de comunicação da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por sua vez, complementou que o documento foi enviado ao Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) com o indiciamento de envolvidos. Apesar disso, não foi dito o número de indiciados ou quando ocorreu o envio do inquérito.
O grupo foi preso em setembro, no contexto de uma operação deflagrada pela Polícia Civil. Ao que explicou a corporação na época, os envolvidos estariam ameaçando e intimidando eleitores, interferindo em campanhas eleitorais e extorquindo candidatos.
Conforme a autoridade policial, todos os suspeitos já tinham antecedentes criminais por delitos como tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e por integrar organização criminosa.
O então candidato ao Executivo municipal e atual prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), era um dos alvos dos acusados. A deputada estadual Emília Pessoa (PSDB), que concorreu à gestão municipal no pleito, também foi outra vítima.
Procurada, a parlamentar afirmou não ter informações sobre os desdobramentos do caso e não comentou sobre o ocorrido. Já a assessoria de imprensa do gestor caucaiense não emitiu posição acerca do tema até a publicação desta matéria.
A reportagem acionou o TJCE e o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), a fim de obter outras informações sobre o caso. O conteúdo será atualizado caso haja alguma devolutiva.
EPISÓDIOS DURANTE O PLEITO
A quadrilha presa em setembro foi apontada como a responsável por episódios violentos próximos a atos de campanha na cidade — um em agosto e outro no início do mês em que houve a ofensiva da Polícia.
O primeiro foi a interrupção de um evento político de Emília, em um sítio no bairro Capuan, em razão de disparos de arma de fogo. Testemunhas informaram que criminosos, utilizando capacetes e balaclavas, chegaram ao lugar e dispararam para o alto e contra o chão, na parte externa da propriedade. Ninguém ficou ferido.
Naquela oportunidade, a Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) foi acionada e foi até o local. O caso passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
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A Direção Nacional do PSDB chegou a declarar que havia oficiado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que solicitasse investigação da Polícia Federal sobre a ocorrência envolvendo a deputada estadual.
Naumi também passou por um episódio semelhante. Durante uma caminhada com apoiadores, no bairro Planalto Caucaia, foram ouvidos tiros. Os participantes do ato de campanha dispersaram assim que perceberam a situação. Ninguém ficou ferido.
'PEDÁGIO' COBRADO POR FAÇÕES
Segundo alegou a Polícia, na ocasião da deflagração da operação, ameaças a políticos estavam se tornado quase “habituais” na cidade e uma facção criminosa estaria exigindo de R$ 50 mil a R$ 100 mil das campanhas dos candidatos para “permitir” que eles atuassem em determinadas regiões.
As intimidações em questão eram feitas por mensagens pelo WhatsApp e, também, presencialmente, para pessoas que organizavam os atos políticos, segundo as autoridades policiais.
Como mostrou uma apuração do Diário do Nordeste, em outubro, Caucaia foi um dos seis municípios mapeados pela Justiça Eleitoral nos quais a interferência de organizações criminosas nas eleições de 2024 demandava mais atenção. A listagem incluía Santa Quitéria e Sobral. Os outros foram mantidos em sigilo.
diario do nordeste