A refinaria Premium II, que teve seu cronograma adiado pela Petrobras, deverá brigar agora com dois outros projetos de refino por um montante de US$ 6,4 bilhões, que é o valor total reservado pela estatal a estes novos empreendimentos até o ano de 2016. Este volume financeiro representa apenas um pouco mais da metade do investimento até então previsto para construir somente a usina cearense, orçada em US$ 11,1 bilhões.
Ruínas de casas que foram desocupadas para a implantação do empreendimento no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). Início da terraplenagem ainda depende da anuência da Funai sobre terras dos Anacés foto: Francisco Viana
No Plano de Negócios 2012-2016 da empresa, divulgado na última segunda-feira, a refinaria cearense ficou enquadrada dentro dos projetos considerados “em avaliação” pela Petrobras. Neste grupo, também ficaram a refinaria Premium I, no Maranhão, e o segundo trem (conjunto de plantas industriais) do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), todas elas adiadas para o “pós-2017”.
Assim como a Premium II, o segundo trem do Comperj ainda não teve suas obras iniciadas. No momento, o complexo do Rio de Janeiro está com o primeiro trem sendo construído, e com atraso. O prazo programado para que este entrasse em operação, no plano anterior da estatal, era 2013 e, na última segunda-feira, a presidente da Petrobras, Graça Foster, proibiu a divulgação de um novo prazo, já que o anterior está descartado.
Já a refinaria do Maranhão partiu na frente entre os projetos agora em avaliação. Anunciada no mesmo período que a do Ceará, a Premium I já está com cerca da metade de sua área terraplenada. A primeira etapa da usina estava programada para 2016, tendo o seu segundo trem operando em 2019.
A Premium II corre ainda para conseguir o licenciamento da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para iniciar a fase de terraplenagem, documento que ainda depende da anuência da Funai para que possa ser liberado. O montante de recursos a ser destinado a cada um destes empreendimentos até 2016, dentro dos US$ 6,4 bilhões reservados, dependerá da pressão individual que será feita em prol dos mesmos, conforme apontou a própria presidente da Petrobras. "Haverá grande competição entre eles. A continuidade demandará de seus gestores, diretores e gerentes, da grande criatividade, organização e planejamento em vista da redução de custos (desses empreendimentos)", afirmara Foster durante a apresentação do plano. O plano de negócios afirma que, para que estes projetos saiam da fase de avaliação, eles deverão alinhar seus custos às métricas internacionais.
Nos planos da Petrobras, apenas o primeiro trem do Comperj e a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, terão continuidade de recursos. Para os dois, serão investidos US$ 24,9 bilhões até 2016.
Sérgio de Sousa
Repórter
Parceria
com a Shell ou Chevron seria a saída
Pressionada pelo empresariado do Estado, a bancada parlamentar cearense corre agora atrás do prejuízo, numa tentativa de reverter o inimaginável, que a presidente da Petrobras, Graça Foster, volte atrás e inclua no Plano de Negócios da Companhia de 2012 a 2016, garantias para a construção da refinaria de petróleo Premium II, no Ceará.
Às 8h30 de hoje, em Brasília, deputados Federais se reúnem, na Representação do governo do Estado, no Lago Sul, para discutir estratégias políticas de pressão junto ao Planalto.
Na pauta do encontro constam propostas de parcerias da Petrobras com outras grandes multinacionais do petróleo, como a Shell e Chevron, para, juntas, participarem do empreendimento; e a definição de uma agenda para entrega de um manifesto em defesa da refinaria, à Presidente Dilma Roussef. O documento está sendo elaborado pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e Centro Industrial do Ceará (CIC).
Ajustamento de conduta
"Vamos propor ainda convocar o Ministério Público Federal, a Funai, Petrobras e o governo do Estado para encontrarmos uma solução ao problema das terras indígenas”, sinalizou o deputado Federal, Danilo Forte (PMDB-CE). Segundo ele, a celebração oficial de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre esses atores, com cada um assumindo responsabilidades com prazos certos, abriria a possibilidade jurídica da Semace expedir a Licença de Instalação (LI), para que a Petrobras iniciasse as obras de cercamento e de terraplenagem do terreno, onde está prevista a sua construção. Apesar de Brasília encontrar-se com poucos parlamentares cearenses, em função das convenções partidárias no Interior, Cid Gomes é esperado no encontro.
Bancada se reúne para apontar nomes para o BNB
Como previsto, as articulações políticas começam a ganhar corpo nos Estados nordestinos, para a indicação do novo e definitivo presidente do Banco do Nordeste (BNB), para os próximos três anos e meio da administração Dilma Roussef. Do Ceará, a bancada parlamentar no Congresso se reúne hoje, em Brasília, para discussão de um nome de consenso que reúna capacidade técnico financeira, representatividade e bom trânsito político, conduta ilibada e que goze do apoio dos governadores da região para que seja apresentado ao Ministério da Fazenda e à presidente Dilma.
Nomes serão apresentados pelos parlamentares do Ceará à presidente Dilma Rousseff, em Brasília, para ocupar o cargo máximo do BNB FOTO: JOSÉ LEOMAR
No Ceará, enquanto o senador Eunício Oliveira "trabalha´ o nome do economista e ex-presidente do BNB, João Alves Melo, o governador Cid Gomes estaria propenso a indicar "seu escudeiro", o secretário da Fazenda, Mauro Benevides Filho. Para tanto, ele teria que renunciar ao mandato de deputado Estadual pelo PSB-CE, o quê pelo que se diz nos corredores da Sefaz, não seria a intenção do secretário.
Disputa política
Há no entanto, quem pense o contrário. Para Danilo Forte (PMDB-CE), Mauro Benevides Filho reúne todas as qualidades para assumir a presidência do BNB. "Ele (Mauro) tem capacidade técnica financeira, bom trânsito político, credibilidade pública e para quem pensa em ser governador, um dia, a presidência do BNB será um local de grande visibilidade, melhor do que na Sefaz", avalia Forte.
Também do Ceará, estaria correndo por fora, o ex-ministro dos Portos e ex-presidente do extinto Banco do Estado do Ceará (BEC), o economista Pedro Brito. Parlamentares cearenses dizem que ele "seria um dos preferidos da presidente Dilma", mas que já goza mais do apoio dos Ferreira Gomes, no Estado.
Mauro Filho e Pedro Brito foram procurados pela reportagem, mas não retornaram as ligações. Paralelamente, sabe-se que o governador da Bahia, Jacques Wagner (PT-BA), trabalha para manter no cargo o conterrâneo, Paulo Sérgio Ferraro, que ocupa interinamente a presidência do BNB, por 30 dias.
Enquanto não se define um nome à presidência, o advogado Manoel Lucena dos Santos foi empossado ontem, o novo diretor de Controle e Risco do BNB.
dn
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