Mesmo antes de começar a operar, siderúrgica e
refinaria começam a atrair ao Pecém empresas do mesmo ramo de atuação,
interessadas em reduzir custos. O que significa mais empregos, mas
também mais demandas
Os mil trabalhadores que hoje fazem parte das obras da Companhia
Siderúrgica do Pecém (CSP) constroem também uma cadeia produtiva metal
mecânica no Ceará. A Refinaria Premium II não foi muito além da pedra
fundamental lançada pelo então presidente Lula em 2010, mas já é
combustível para que novas empresas se instalem no Estado.
Apesar
de ter vendidas para o exterior as 3 milhões de toneladas de placas de
aço que produzirá por ano em sua primeira fase, o presidente Marco
Chiorboli destaca que a CSP poderá fornecer insumo para a indústria
cearense em sua segunda fase, quando dobrará sua capacidade. Segundo
ele, a ampliação não tem data prevista para começar, mas diz não
acreditar que aconteça antes de 2017. “Para isso, a usina deve estar
operando com determinada capacidade, com uma situação específica no
mercado mundial”.
As incertezas não impedem a atração de
empresas que têm as placas de aço como insumo. A espanhola Añon aguarda
licença para instalar uma laminadora em Caucaia e o grupo Aço Cearense
estuda implantar uma indústria do tipo no Pecém. De acordo com o
presidente do Sindicato da Indústria Metal Mecânicas no Ceará, Ricart
Pereira, o setor aposta em ficar com parte da produção da CSP no Ceará.
“Basta negociação e o governador Cid Gomes tem demonstrado alta
capacidade de negociar, de atrair. É burrice mandar para a Coreia se nós
podemos fazer aqui” diz.
Segundo Ricart, o interesse maior
do setor é ter a laminação no Ceará, produto de maior valor agregado.
“Se não comprarmos da CSP, compraremos de outro”. Ele explica que o
Ceará importa cerca de 1 milhão de tonelada de aço plano, do total
apenas metade é usado pela indústria local, e o que sobra é enviado
para outros Estados. Para algumas indústrias, conforme diz, é mais
vantajoso comprar do Ceará que de São Paulo. Isso se deve a localização
e infraestrutura portuária para importação, além do preço do frete da
carga que sai do Estado. “Temos vantagem de que, daqui para
Sul-Sudeste, sai 30% mais barato que trazer de lá para cá”.
Chiorboli
frisa que a formação de uma cadeia produtiva puxada pela CSP é
inevitável, com o fornecimento de insumos para a Siderúrgica. ”A CSP
demanda determinados produtos e serviços. Queremos que a maior parte
possível seja fornecida pelo Ceará”. Ele diz que ainda não há contrato
com nenhuma empresa, o que só deve ser fechado mais próximo ao início da
produção. A compra de matéria prima também pode ser feita do Estado,
de acordo com ele. “O Ceará produz calcário. Podemos comprar para usar
como matéria-prima”. O minério de ferro, principal insumo da CSP,
também é produzido no Ceará, no município de Quiterianópolis. (Nathália Bernardo)
Números
5,1 bilhões de dólares é o valor previsto para investimento na Siderúrgica do Pecém
48% será o impacto da produção da CSP no Produto Interno Bruto da indústria cearense
Saiba mais
Pacto pelo Pecém
O Pacto Pelo
Pecém, por meio do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos do
Ceará, da Assembleia Legislativa, reúne entidades que visam estudar o
desenvolvimento sustentável na implantação do CIPP.
A secretária
executiva do Conselho de Altos Estudos, Rosana Garjulli, explicou que a
estrutura da região está sendo analisada e que problemas como a falta
de habitação e saneamento básico já foram verificados.
o povo
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