Na véspera da convenção que oficializa a candidatura de Ciro Gomes (PDT) ao Planalto, partidos do “centrão” fecharam acordo com o presidenciável tucano Geraldo Alckmin. O anúncio deve ser feito na próxima quinta-feira, 26.
O acerto tem dois efeitos imediatos: catapulta o ex-governador paulista para o topo das campanhas com o maior tempo de propaganda política no rádio e televisão — Alckmin pode chegar a até seis minutos.
E joga a candidatura de Ciro para uma zona de alto risco na qual o pedetista pode sequer chegar ao segundo turno da disputa, caso não obtenha apoios de PSB e PCdoB, siglas com as quais vem mantendo tratativas mais intensas há duas semanas.Formado por cinco siglas (DEM, PP, PRB, SD e PR), o “centrão” negociava simultaneamente com Ciro e o postulante do PSDB.Um dia depois de Ciro xingar uma promotora do Ministério Público de São Paulo que pediu abertura de inquérito contra ele por injúria racial, o grupo de partidos acertou com Alckmin.
Até então, o candidato tinha a preferência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.
Além da retórica inflamada, também pesou contra Ciro a incompatibilidade programática entre PDT e o bloco — nos últimos três dias, o assessor econômico do cearense, o ex-secretário estadual Mauro Filho, esteve reunido com economistas ligados ao Democratas para discutir pontos controversos do programa cirista.
Agora, as cúpulas dos partidos do “centrão” precisam aprovar internamente a aliança, submetendo-a ao voto de suas executivas. O bloco, todavia, já indicou um candidato a vice na futura chapa, o empresário dono da Coteminas Josué Gomes.
Ainda ontem, Alckmin sinalizou positivamente ao nome sugerido. Filiado ao PR de Valdemar Costa Neto, ex-deputado condenado no mensalão, Gomes é filho de José Alencar, vice de Lula nas duas eleições vencidas pelo petista.
Sem o blocão, que representa cerca de 150 parlamentares e detém 40% da fatia do tempo de propaganda, Ciro deve repensar sua estratégia eleitoral. E a guinada já começou ontem mesmo. Em entrevista em Brasília, na sede do PDT, o ex-ministro fez aceno direto a Lula e ao PT, numa tentativa de reaproximação com a sigla.
“O Brasil nunca será um país em paz enquanto o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva não restaurar a sua liberdade”, disse. Além do PT, Ciro insiste com o PSB, que passou a cogitar novamente uma candidatura própria, e o PCdoB, que se reúne amanhã para decidir se mantém a postulação da deputada estadual Manuela d’Ávila.
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