quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Limite de municípios no Ceará pode ser decidido por plebiscito

Os 184 municípios cearenses estão passando por um novo mapeamento. Esse trabalho, realizado pela Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Triagem, Elaboração e Criação de Novos Municípios, deve refazer o georreferenciamento no mapa cearense e definir limites dos municípios. 
Esse trabalho está sendo feito depois que várias localidades, próximas aos limites dos municípios, reclamaram da falta de atendimento por parte das prefeituras, que, segundo os moradores, repassam a responsabilidade entre os órgãos municipais.
De acordo com deputado Neto Nunes, presidente da comissão, um grupo de deputados está indo de município em município, identificando os novos limites e conversando com os prefeitos, já que é necessário que o poder executivo concorde em assumir a responsabilidade das novas localidades. Em caso de desacordo entre as prefeituras de municípios vizinhos, a opção é recorrer ao plebiscito.
Até o momento, o deputado disse que dois plebiscitos estariam confirmados. Os municípios são Tabuleiro do Norte e Alto Santo (no Vale do Jagaribe) e Brejo Santo e Abaiara (Cariri). O que irá à decisão popular é a qual município pertencem os distritos de Olho d'Água da Bica e Pontal da Serra.
O distrito de Olho D'Água da Bica é atendido pelo município de Tabuleiro do Norte, porém quem recebe os impostos é o município de Alto Santo. O mesmo acontece com Pontal da Serra, que é atendido pelo município de Brejo Santo, mas os recursos são repassados para Abaiara.
Outros plebiscitos podem ser necessários já que ainda há muitos municípios que irão passar pelo georreferenciamento. Entre eles estão os da Região Metropolitana de Fortaleza (inclui a capital, Caucaia, Maracanaú, Itaitinga e Eusébio). Os plebiscitos poderão acontecer em outubro deste ano.

Dois homens são presos após assaltar uma caminhonete Hilux em Caucaia

Dois indivíduos foram presos na madrugada desta quinta-feira (9) no bairro Novo Mondubim, em Fortaleza, após cometerem uma série de roubos de veículos, segundo informações do Comando de Policiamento da Capital (CPC).
De acordo com o CPI, quatro homens assaltaram uma caminhonete Hilux em Caucaia, na Região Metropolitana e depois tomaram um carro Corsa, no Novo Mondubim. Metade da quadrilha foi presa por policiais  do Comando Tático de Apoio com Motocicletas (COTAM), depois de uma perseguição.
Os dois homens presos revelaram que uma casa no bairro João XXIII, em Fortaleza, era usada para o desmanche dos veículos roubados. Chegando ao local, a Polícia encontrou um veículo e uma moto, além de materiais usados no desmanche.
Os outros assaltantes conseguiram fugir. Já a dupla presa foi levada para o 12º Distrito Policial, no Conjunto Ceará. Na manhã desta quinta, eles serão submetidos a exames de corpo de delito.
O CPC informou ao Diário do Nordeste Online que a dupla já era conhecida por roubos de veículos.

''Bonde dos Coroas'' anima passeio de trem com destino a Caucaia.

Cerca de 120 “coroas” fazem, nesta sexta-feira (10), uma festa de pré-carnaval dentro do trem que faz a linha Fortaleza-Caucaia ao som de marchinhas tradicionais. O trem sai da estação João Felipe, às 9h40min, e segue para Caucaia. O retorno será às 11h30min. Os passageiros são pacientes atendidos pelo Centro de Saúde da Família Dr. Luís Costa. Entre os longevos, há pacientes portadoras de diabetes, hipertensão, câncer, depressão e outras doenças.

Este é o décimo ano em que o “Bonde dos Coroas”, como é conhecido o evento, é realizado pelo projeto Reviver, da prefeitura de Fortaleza. Como grande parte dos longevos faz tratamento para alguma doença, o carro de passageiros será acompanhado por profissionais de saúde. Haverá também garis para realizar a limpeza após o passeio.

Para receber os longevos, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) irá disponibilizar um vagão exclusivo para a festa e uma área de concentração, que começará duas horas antes do embarque.

Durante o passeio carnavalesco, também será realizada uma campanha contra a dengue com distribuição de folder´s e cartazes para conscientizar e alertar a população para os perigos dessa doença. Até um boneco do mosquito da dengue irá ajudar na campanha durante a viagem.

Serviço:
Xº Bonde dos Coroas
Pré-carnaval de idosos do projeto Reviver durante trecho Fortaleza-Caucaia.
Local: Estação João Felipe
Data: 10 de fevereiro de 2012
Horário: 9h40min 

Contato:
Coord. Reviver Jaqueline Sales (85) 8868-5854
Fernando Mota - Metrofor: (85) 8898-4383

09.02.2012

Assessoria de imprensa do Metrofor
Márcio Teles - 85 3101-7115 | 85 8808-8507
www.metrofor.ce.gov.br

Juiz de Caucaia estranha omissão da OAB-CE no apoio a agilização dos processos no forum local

O juiz Michel Pinheiro, diretor do Fórum de Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza), dentro do objetivo de melhorar a qualidade dos processos criminais, apresentou para a cúpula da OAB-Ceará a proposta de implementar a colheita de depoimentos por vídeo e áudio nos inquéritos policiais. A medida, segundo o juiz, daria maior transparência aos casos, permitindo mais condenações, além de reduzir ações de tortura. A proposta, no entanto, ficou na saudade e a Ordem não deu resposta. “Nós concluímos, diante disso, que o inquérito que se aproxima da perfeição causaria prejuízo aos criminalistas, pois dificultaria defesas. Em suma, para esses advogados, quanto pior, melhor”, lamenta o magistrado, que integra grupo em favor de maior abertura do Poder Judiciário. Em todos os sentidos.
Fonte: Colunea Vertical - jprnal O Povco

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Mulheres barbadas procuram propostas de casamento na Índia

Na índia, três meninas sofrem com uma rara mutação apelidada de "síndrome do lobisomem". Savita, Monisha e Savitri (23, 18 e 16 anos respectivamente) têm o corpo coberto de pêlo por terem hipertricose universal congênita, uma doença hereditária transmitida pelo pai e que afeta uma em cada um bilhão de pessoas. A única forma de se verem livres da aparência seria com um tratamento caro a laser. As informações foram passadas pelo site do Mail Online.

Para conseguir o tratamento, as jovens teriam que juntar cerca de 350.000 rúpias indianas (cerca de R$ 12.300), porém a família é muito pobre e o valor parece impossível à família. Atualmente as meninas fazem um tratamento com base em cremes para tentar controlar a situação.
Sensibilizado pelo caso das imãs, o realizador Sneh Gupta se dispôs a produzir um documentário para arrecadas fundos para o tratamento a laser. O objetivo, muito importante para as garotas (pela cultura local), é finalmente conseguir um casamento. " Dificilmente vão conseguir casar. Se chegar uma boa proposta, eu as caso imediatamente", afirmou a mãe ao jornal.

Regional Ceará tem 55 espécies animais ameaçadas de extinção

O anúncio da descoberta do cachorro-vinagre, feito no mês passado, elevou para 55 o número de espécies ameaçadas de extinção encontradas no Ceará.

A listagem é feita pelo Ministério do Meio Ambiente, no chamado Livro Vermelho da Fauna, através do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

A versão online do caderno Regional, em parceria com o  blog Ceará Científico, e com a TV DN  foi investigar quais são as espécies que correm mais risco de desaparecer e que iniciativas estão sendo tomadas para evitar essas extinções.

São sete espécies de mamíferos, quinze de aves, quatro de répteis, duas de anfíbios, sete de peixes, uma de inseto, três de crustáceos, três de moluscos, duas de cnidários e onze de equinodermos. 

As mais ameaçadas

O método de classificação mais aceito no mundo para determinar o risco de extinção foi criado pela organização não-governamental suíça IUCN (sigla inglesa para União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), em 1963.

Ela divide as espécies em sete graus de ameaça: extinta, extinta na natureza, criticamente em perigo, em perigo, vulnerável, quase ameaçada e pouco preocupante.

No Ceará, as espécies que se encontram em pior situação são classificadas como criticamente em perigo. São elas: peixe-boi marinho, tartaruga-de-couro, periquito-cara-suja e soldadinho-do-araripe.

Das quatro espécies, três são protegidas pelo trabalho da ONG Aquasis, com sede em Iparana, no município de Caucaia.

De acordo com a bióloga Thais Moura Campos, coordenadora de Áreas Protegidas da Aquasis, "o soldadinho-do-araripe é a mais ameaçada das espécies que a gente trabalha, por ter uma distribuição muito restrita. Ele só ocorre lá na Chapada do Araripe."

Degradação ambiental e tráfico entre principais inimigos

De acordo com a pesquisadora, os maiores fatores de risco para uma espécie animal no Ceará são "principalmente a perda dos locais de reprodução na zona costeira e o tráfico de animais silvestres."

O primeiro fator é uma das principais ameaças ao peixe-boi marinho. Já o segundo põe em risco enorme a sobrevivência dos periquitos-cara-suja na natureza. 

Quanto a essa espécie, Thais afirma que "há um trabalho bastante intenso lá no Maciço de  Baturité, inclusive com antigos traficantes que hoje são parceiros do projeto."

Falta pesquisa no Estado

Um terceiro fato, às vezes difícil de se identificar como ameaça ambiental, é o desconhecimento sobre grande parte da fauna cearense. "A gente precisa ter trabalhos de levantamento de espécies das  regiões aqui do Ceará, que são muito pouco conhecidas", defende a bióloga.

De acordo com Thais, "o levantamento de fauna é a base para gente ver que espécies ocorrem  na região, quais delas estão em menor número e quais delas estão bastante ameaçadas."

Como prevenir extinções
Para a conservacionista "o principal passo para evitar a extinção de uma espécie é o planejamento. Tem que reunir todas as informações que existem sobre a espécie, onde ela ocorre, do que ela se alimenta, o que a está ameaçando e fazendo com que os indivíduos sejam mortos ou tirados da natureza."

Extinção zero?
Quanto à realidade estadual, a bióloga afirma que "conseguir atingir extinção zero é um pouco utópico, mas a gente trabalha para tentar chegar o mais  próximo disso e evitar extinção de espécies no Ceará."

Ela também integra na Aquasis o programa Extinção Zero. "A gente tem priorizado as espécies que  estão com risco mais iminente de  extinção, que estão correndo risco  de desaparecer mais rápido que as outras para tentar evitar."
Outra iniciativa da organização para evitar extinções é a construção de um "centro de reabilitação de mamíferos marinhos, que com  certeza será referência nacional, focado principalmente na reabilitação dos  filhotes de peixe-boi para que eles possam ser depois ser  devolvidos à natureza."

Extinção,  trágica mais comum 

Estima-se que mais de 90% das espécies que já viveram  na face da Terra foram extintas, a maioria por causa naturais e um número indeterminado por ação direta ou indireta do homem.

O maior evento de extinção em massa aconteceu há 250 milhões de anos, quando cercade 90% de todas as espécies que viviam na época desapareceram.

A mais famosa, no entanto, foi a extinção causada pela provável queda de um asteroide há 65 mihões de anos, que vitimou grandes grupos animais como os dinossauros.

Fauna: o Ceará (ainda) tem disso sim

Para saber mais sobre todas as espécies ameaçadas de extinção no Estado acompanhe a série "Fauna: o Ceará (ainda) tem disso sim!", que segue de hoje até sexta-feira, no blog Ceará Científico.

No infográfico abaixo você terá uma noção da distribuição geográfica, características e hábitos de algumas das espécies mais ameaçadas por grupo animal:

Icaraí recupera litoral degradado da erosão

As obras de contenção no Icaraí já foram concluídas, devolvendo aos banhistas a faixa de praia que já não existia

Fortaleza. Não foi há tanto tempo assim que o litoral de Icaraí, em Caucaia, era desolador, com o mar avançando sobre as casas e barracas de praia. Essa imagem já não mais existe. Pelo menos em 1.420 metros de extensão, onde foi construído um paredão de contenção e inaugurado no final do ano passado. Contudo, a Prefeitura Municipal afirma que já existem recursos assegurados para a ampliação do dissipador de marés, denominado de "bagwall" para mais 1.600 metros da faixa litorânea.

O prefeito Washington Gois disse que, tão logo esta primeira etapa ficou concluída, em meados do semestre passado, houve um contato com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, no sentido de estender o benefício por toda a faixa costeira do Município, o que corresponde a cerca de 15 quilômetros. No primeiro momento, foram solicitados recursos de R$ 30 milhões, o que abrangeria faixas de praias degradadas pela erosão marinha, no trecho compreendido entre as praias de Iparana até a Tabuba.

Restrição

Contudo, por conta de restrições orçamentária do Ministério, conforme contou Washington Gois, a sugestão dada foi no sentido de que se apresentasse um projeto menor. Assim, obteve-se a garantia de mais R$ 10 milhões para os próximos 1.600 metros de "bagwall". O cronograma da próxima etapa da obra não está definido, embora haja a expectativa, conforme afirmou o prefeito, de que o anúncio dos repasses seja anunciado ainda na próxima viagem da presidente Dilma Rousseff ao Ceará, realizada hoje.

"São recursos inferiores ao que pleiteamos, mas muito bem vindos porque representam uma expansão de novos esforços para a recuperação da orla marítima de Caucaia, tanto do lado direito em direção à Iparana, quanto do lado esquerdo, com destinado a Tabuba", afirmou. Ele informou, no entanto, que a intenção da Prefeitura é buscar mais recursos para dar continuidade à obra. "A Prefeitura está realizando diversas medidas para promover o desenvolvimento desta região. Recuperamos os acessos à Praia do Icaraí e implantamos novo sistema de iluminação. Realizamos a construção do barra-mar no trecho mais crítico da praia. Com essas iniciativas, os frequentadores da praia, que tinham deixado de vir ao Icaraí por causa do avanço do mar, estão voltando", disse o prefeito municipal.

Os impactos dessa medida, segundo ele, já se fizeram sentir no início deste ano. Além de se intensificar a frequência de veranistas e turistas, que por algum tempo abandonaram o local, houve uma acentuada valorização imobiliária. "Antes um apartamento que era vendido por R$ 20 mil, agora passou a custar mais de R$ 100 mil. Já os aluguéis também sofreram uma alta considerável, de acordo com o gestor municipal. "Tínhamos imóveis que eram alugados por até R$ 200,00 e agora não são locados por menos de R$ 1 mil".

Além das obras de contenção, essa "redescoberta" por Icaraí pode ser explicada também, conforme o prefeito, pela necessidade de moradia próxima a técnicos do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em trânsito pelo Ceará, quanto pelos investimentos que estão sendo realizados em outros segmentos, especialmente na hotelaria e na infra estrutura.

Calçadão

"Agora, já contamos com mais de R$ 1 milhão para a construção de um calçadão que irá contornar todo o trecho do "Bagwall"", disse Washington Gois. Ele explicou que além dos bons resultados já sentidos este mês, há também uma expectativa da retomada do Carnaval naquela área metropolitana. Para tanto, estão sendo tocadas obras de recapeamento na Avenida Litorônea, onde acontece a tradicional folia momina do Município. Ao lado disso, estão sendo desenvolvidas a padronização das barracas que antes estavam muito próximas a praia e agora estão instaladas na outra margem da Avenida.

Para a administração municipal, há muito mais do que a esperança de que todo o litoral de Caucaia seja recuperado e que a degradação seja apenas uma triste lembrança do passado. Essa expectativa não é só do gestor público. Moradores e empreendedores voltaram a redescobrir aquele trecho do litoral.

Recursos
10 milhões de reais estão sendo assegurados pelo Ministério da Infraestrutura para a construção de mais 1.600 metros do barramar de concreto.

MAIS INFORMAÇÕES

Prefeitura de Caucaia
Rua Engenheiro João Alfredo, 100
Centro - Telefone:
3387.8200 / 8201
www.caucaia.ce.gov.br


Sistema de barracas ainda é precário
Fortaleza. "Vivemos duas realidades. Uma foi da total desesperança. A outra foi da recuperação da nossa autoestima". A afirmação é funcionária pública do Estado, Dulce Ribeiro Dantas, 49 anos, que residente na Avenida Rogaciano Leite, mas possui um apartamento no Icaraí.

Ela conta que as lembranças do passado foram as mais negativas e justificaram a desvalorização imobiliária. "A ocupação da praia pelos barraqueiros foi irracional e isso agravou os problemas de avanço do mar e da erosão", ressalta.

Segundo conta, coube aos barraqueiros, principalmente, a colocação de pedras gigantes na praia, como forma de conter o avanço das ondas. Com isso, a área de praia foi cada vez mais se reduzindo, diante da mobilidade precária dos banhistas.

No entanto, diz que o momento atual é de entusiasmo. Cita como exemplo a revalorização dos imóveis e, sobretudo, a sensação para muitos proprietários de possuir uma casa ou um apartamento que fica próximo à praia, o que deixou de existir por algum tempo naquele trecho do litoral cearense. Contudo, lembra que ainda há dificuldades para serem vencidas. O problema atual é a indisciplina das barracas, que funcionam sem banheiros e sem conforto para a clientela praiana.

"Muitos condomínios questionam a Prefeitura sobre o modo como se acomodou os barraqueiros. No momento, aqui parece uma espécie de acampamento. Faltam banheiros e estrutura de conforto", critica Dulce.

Ela explica que acredita numa solução a médio prazo, como a padronização da barracas. Mas até que isso aconteça, pede que haja uma fiscalização maior pelo poder público, para que mais comerciantes não se aproveitem da recuperação do Icaraí. Lembra que um problema grave é a insegurança. O consumo de bebidas alcoólicas e drogas por adolescentes têm sido uma preocupação para a comunidade residentes, frequentadores habituais e visitantes eventuais.

Modernidade
A obra, realizada pelo Governo Municipal de Caucaia, com recursos do Governo Federal, utilizou uma moderna técnica de contenção, o bagwall, que tem forma semelhante a uma escada ou arquibancada. Esse equipamento é construído de forma horizontal, ao contrário do quebra-mar que avança pelo mar.

Através dessa técnica, quando a onda bate no bagwall a energia é dissipada e o avanço do mar não se transfere para outras regiões, como o que geralmente acontece com os espigões. E a técnica, já utilizada em praias dos Estados Unidos e Alagoas, ainda promove a engorda natural da praia, devolvendo a faixa de praia que servirá de área de lazer para os banhistas. Portanto, é natural que a escada de contenção tenha sido gradualmente coberta pela areia.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Terras indígenas Tremembé são identificadas e delimitadas no Ceará

O Diário Oficial da União desta segunda-feira (6) publicou os despachos 687, de 28 de dezembro de 2011, e sete, de 2 de fevereiro de 2012, da Fundação Nacional do Índio (Funai), identificando e delimitando respectivamente as Terras Indígenas (TIs) Tremembé de Queimadas, no município de Acaraú, e Tremembé de Barra do Mundaú, em Itapipoca.

Nestes tempos em que os povos indígenas lutam com tanta dificuldade para terem seus direitos reconhecidos, sendo tratados como “indigentes usurpadores”, expulsos de um lado para outro, assassinados ou mesmo levados ao suicídio em alguns estados, vale publicar parte do despacho número 7, sobre os Tremembé de Barra do Mundaú.

O documento não difere muito do que diz o 687, exceto pela linguagem e uso de fontes de referência. O trecho abaixo pode ser encontrado na página 22, Seção 1, sob o título “Dados Gerais”:

“As primeiras referências aos Tremembé datam do século XVI. Os jesuítas começaram a estabelecer aldeamentos em território cearense no século XVII, paralelamente ao processo de concessão de sesmarias na zona costeira. O projeto colonial português promovia uma política que categorizava os povos indígenas em dois pólos, os aliados e os inimigos, derivando disso as justificativas para o emprego da força física. Os povos indígenas que se tornavam aliados dos portugueses necessitavam ser convertidos à fé cristã, enquanto os “índios bravos” eram subjugados militar e politicamente.

Os aldeamentos concorriam para a eliminação da identidade tribal dos índios, amalgamando-se povos muito distintos entre si, como os Kariri, Potyguara e Tremembé em Caucaia; os Tabajara, Anacé, Arariú, Kamakú e Akoançú em Ibiapaba; os Kixelô, Javó, Kixariú, Akarisú, Kariú e Juká em Telha. Ao longo do século XVII, as “invasões holandesas”, que contaram com apoio de alguns povos indígenas, contribuíram para o acirramento das relações já conflituosas com os portugueses.

A distribuição de sesmarias intensificou-se a partir de1700. O processo de fixação do homem branco na terra era radicalmente diferente da relação que os índios estabeleciam com o seu território. À medida que os estabelecimentos dos colonizadores avançavam, os indígenas se viam impossibilitados de continuar a exercer a posse plena sobre as áreas antigamente ocupadas, buscando regiões de acesso mais difícil.
Para fazer frente à situação de violência, escravidão, usurpação e confinamento territorial, vários povos indígenas, liderados pelos Baiacu (ou Paiacu), organizaram-se contra o domínio colonial entre 1683 e 1713. Entre 1694 e 1702, nas capitanias de Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Piauí, houve a “Guerra dos Bárbaros”, movimento indígena de vulto, silenciado de forma dura pelos bandeirantes paulistas.

Subjugados, os povos indígenas criaram, em 1712, a Confederação Indígena, a fim de negociar a paz com o colonizador. Porém, no ano seguinte, diante da negativa dos portugueses em cumprir os acordos, os “Tapuia” atacaram Aquiraz, sede econômica da capitania, fato que motivou o envio de outras expedições militares para a região, as quais desbarataram a resistência indígena.

A concessão de grandes lotes de terras a alguns poucos particulares e à Igreja se manteve no Ceará mesmo depois de revogada a Carta das Sesmarias (1822). A concentração de terras perdura até hoje na região; ao longo do século XX, o “tempo dos coronéis”, os indígenas continuaram sofrendo forte pressão sobre a terra e os recursos naturais, cobiçados pelos não índios.

Com base na bibliografia disponível, constata-se que o território histórico Tremembé provavelmente alcançava, para além do rio Mundaú, as margens do rio Paraíba ou a foz do Itapicuru. De acordo com o Mapa Etno-Histórico elaborado pelo etnólogo Curt Nimuendaju, a área historicamente ocupada por esse povo estendia-se pela porção norte da costa atlântica, desde a Baía de Caeté e a Baíado Turiaçu (atualmente terras do estado do Maranhão) até os arredores do que hoje é o município de Fortaleza. O Arquivo Público do Ceará dispõe de registros das primeiras sesmarias concedidas na região de Itapipoca, entre os rios Mundaú e Cruxati.

Os Tremembé que ocupam a área da Barra do Mundaú são provenientes de Almofala e Itarema, de onde saíram devido às perseguições promovidas pelos “coronéis” e por representantes da Igreja, às secas e ao deslocamento das dunas. Contudo, até hoje Almofala é concebida pelos Tremembé como lugar de origem do povo, persistindo no tempo uma identidade supra-aldeã. Atualmente os Tremembé falam a língua portuguesa. Embora a filiação da língua Tremembé seja desconhecida, estudos indicam tratar-se de língua diversa daquelas pertencentes ao tronco Tupi. Vários pesquisadores propõem que os Tremembé são descendentes dos “Tapuia”/Cariri.

Atualmente os Tremembé habitam áreas no litoral e no interior do Ceará, especialmente nos municípios de Itarema, Acaraú e Itapipoca. Hoje a população total é de aproximadamente 3 mil pessoas. Em 2009 viviam na Terra Indígena Tremembé da Barra do Mundaú 494 indígenas”.

Para as pessoas que negam a manutenção da identidade dos Povos Indígenas, afirmando que são “falsos índios”, que compram cocares em lojas de artesanato para reivindicar terras, na página 23, o documento fala sobre as Atividades Produtivas:

“Os Tremembé demonstram sofisticado conhecimento ecológico transmitido de geração a geração. As principais atividades produtivas desenvolvidas pelos Tremembé são agricultura, pesca e artesanato. A caça e a coleta, em virtude da degradação ambiental promovida por não-índios na região, são atividades secundárias. Essas atividades sofrem a influência direta do regime das águas; são realizadas em nove etnoambientes distintos, de acordo com critérios específicos de gênero e geração.

Os Tremembé obtêm a maioria dos alimentos de que necessitam para sua subsistência em lagoas e rios. A pesca é uma de suas principais atividades produtivas; além da alimentação cotidiana, os peixes são importantes para a realização das festas do Torém, quando se pesca em maior escala. Para conservar o pescado, eles utilizam jiraus para moquear. Os Tremembé pescam geralmente com anzol nos rios e lagoas, e com pequenas redes ou malhadeiras no mar.

A pressão exercida por não-índios prejudica a prática da pesca desenvolvida pelos Tremembé. A atividade pesqueira é efetuada durante o todo o ano, mas na época da seca (verão) esta atividade é intensificada; durante o período da cheia (inverno), quando o nível das águas se eleva, a pesca se realiza principalmente perto de fruteiras.

Os Tremembé conhecem profundamente bio-indicadores, etologia de algumas espécies e sua relação com a alternância das fases do ciclo hidrológico e com a biogeografia dos corpos d’água do seu território.
A agricultura é a principal fonte alimentar de origem vegetal e de carboidratos para os Tremembé, que cultivam mandioca, feijão,arroz, batata doce, banana, coco, melancia, caju, abóbora e goiaba, dentre outros. Com a mandioca fabricam a farinha de puba (farinha grossa) e o beiju e, com o caju, o mocororó, bebida ingerida nos dias de Torém. A atividade agrícola se inicia com o preparo da terra nos meses de janeiro e fevereiro; planta-se em março, abril, maio; a colheita ocorre em agosto; faz-se o segundo plantio do ano entre setembro e outubro; a segunda colheita ocorre em dezembro e janeiro.

Os Tremembé também plantam diversas espécies de valor medicinal: agrião, algodão, alho, amor crescido, boldo, capim santo, cebola do mato, cebolinha, couve, cravo, cumaru, flor balão, hortelã, inhame, laranja, limão, malvarisco, mamão, manu, marupá, pinhão branco e roxo, dentre outras, e coletam diversas espécies na floresta: jatobá, jurema, casca de caju azedo, entre outras. As roças atualmente são comunitárias/familiares e são plantadas nas áreas de chapada.
Apesar de a caça ser pouco praticada, sobretudo devido à degradação ambiental do entorno, os índios apontaram a existência de diversas espécies animais no interior dos limites da terra indígena, dentre as quais destacam-se o tatu peba e a galinha d’água. As caçadas são uma atividade tipicamente masculina, normalmente realizada por um único homem ou por grupos de 2 ou 3 índios. Embora a caça ocorra durante todo o ano, algumas espécies são caçadas preferencialmente em determinadas épocas, como o tatu peba, durante o inverno, época das cheias. Os lugares preferenciais de caça são as matas da chapada e os alagadiços da região de baixa.

O artesanato também é uma atividade relevante para os Tremembé. A produção artesanal inclui a confecção de colares de sementes e conchas (búzios), brincos, paneiros, caçuás e rendas de bilro, principal atividade artesanal feminina. A coleta de produtos vegetais é praticada sazonalmente ou conforme a necessidade. Os principais produtos coletados são: azeitona, jatobá, ingá, goiaba, murici, urucum e goiaba. Os Tremembé coletam ainda mel de jataí, tiúba, uruçú, europa, mumbuca”.

Nos próximos dias, os resumos dos relatórios da FUNAI devem ser publicados no Diário Oficial do Ceará. Em seguida, será iniciado o processo de equacionamento de possíveis ações judiciais interpostas por interessados nessas áreas, seguido das publicações das portarias declaratórias, decreto de homologação e registro das TIs.