terça-feira, 8 de abril de 2025

Italiano e brasileira acusados de mandar matar albanês em Caucaia devem passar por primeira audiência do processo

 

O processo criminal sobre o assassinato do turista albanês Alban Gropçaj em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), tem a primeira audiência de instrução marcada para o próximo mês de maio, seis anos após o crime. O empresário italiano Guido Bertola e a namorada dele, a brasileira Sílvia Helena de Sousa Rosa, são acusados de encomendar o homicídio. Um homem acusado de ser o executor do crime foi assassinado, dois anos depois.

A audiência está marcada para o dia 5 de maio deste ano, na Sala de Audiência 2 do Fórum Desembargador Joaquim Olímpio da Silveira Carvalho, em Caucaia. Os dois réus respondem ao processo em liberdade e moram na Itália, motivo pelo qual devem participar da audiência por videoconferência.

O advogado Carlos Rebouças, que representa a família de Alban Gropçaj no caso, espera, com o início da instrução processual, que "seja feita a justiça, pois a prova é farta e robusta de que os mandantes do assassinato do jovem albanês são o italiano e sua amante brasileira, tendo a Polícia realizado um trabalho investigativo que mostrou rapidamente todas as mentiras contadas pelo italiano, em seu primeiro depoimento, bem como a testemunha que afirmou que sua irmã, Silvia, amante do italiano Guido, juntamente com este foram os mandantes do crime".

Segundo Rebouças, a família de Alban "não se conformam de que já tenha se passado seis anos deste crime, e eles continuam chorando a morte do ente amado, sem que sequer tenha sido iniciado o julgamento dos assassinos". 

"A família está plenamente convencida de que os mandantes do crime são Guido Bertola e sua amante Silvia Helena", enfatiza o advogado assistente de acusação.

Já os advogados Nestor Santiago e João Henrique de Andrade, que representam a defesa de Guido Bertola e Sílvia Helena, pontuam que, "na audiência do dia 5 de maio próximo, espera-se que o caso seja definitivamente resolvido, ficando comprovada a inocência de Guido e Silvia".

Conforme a defesa, "os acusados Guido e Silvia são totalmente inocentes, pois não tiveram qualquer participação no lamentável homicídio do senhor Alban Gropçaj, que, além de dedicado funcionário, era tratado como um filho pelo senhor Guido".

"Durante as investigações, o promotor de justiça insistiu muito - e nós também - que fosse feito um profundo levantamento das evidências. Entretanto, não foi encontrada uma só evidência que incriminasse Guido e Silvia. Durante um determinado momento em que o promotor que conduzia a investigação se afastou temporariamente, outro promotor de justiça, sem nenhuma outra prova, ofereceu a acusação. Esperamos que esse grave equívoco seja corrigido, absolvendo-se Guido e Silvia", acrescentou a defesa.

RÉU E VÍTIMA TRABALHAVAM JUNTOS

A denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), apresentada à Justiça Estadual no dia 19 de abril de 2022, descreve que o albanês Alban Gropçaj trabalhava em uma empresa de produção de máquinas lavadoras e secadoras, de propriedade do italiano Guido Bertola, na Itália, e que "viajou para o Brasil no 14 de fevereiro de 2019, a pedido do acusado, fazendo companhia a ele".

Prefacialmente, é de dizer que o denunciado atraiu a vítima para esta cidade, a segunda mais violenta do país, acreditando na falácia da impunidade da Justiça brasileira, vez que não conseguiu executá-lo em território italiano, temendo a rigorosidade das leis de sua terra."
Ministério Público do Ceará
Em denúncia

O MPCE detalhou que Bertola e Gropçaj voltavam juntos de um restaurante italiano, em Fortaleza, para uma casa comprada pelo réu, na Praia do Cumbuco, em Caucaia, na noite de 18 de fevereiro de 2019, "quando foram abordados por dois indivíduos em uma motocicleta, os quais interceptaram o carro, retiraram o albanês do veículo e o executaram com três disparos de arma de fogo: dois na cabeça e outro no ombro".

Segundo o Ministério Público, "não há que se falar em latrocínio, pois os executores nada levaram na empreitada criminosa, tão-somente a vida de Alban Gropçaj, em situação que retirou dele qualquer chance de fugir ou se defender. Em situação de roubo, a dupla teria subtraído, ao menos, os aparelhos celulares, carteiras, dinheiro, quiçá o próprio automóvel".

A investigação apontou que "a vítima não tinha inimigos na Itália, muito menos no Brasil, vez que fazia apenas quatro dias que estava em Caucaia e em nenhum momento se envolveu em situação que pudesse criar desafetos".

O aprofundamento da investigação policial chegou a uma trama criminosa que teria sido orquestrada por Guido Bertola e a namorada, Sílvia Helena de Sousa Rosa. A brasileira teria comentado com pessoas próximas que, naquele dia, aconteceria "uma tragédia". Outras testemunhas teriam ouvido ela dizer, em dias antriores, que "esse aqui era pra ter morrido", referindo-se ao albanês, segundo trechos da denúncia.

Familiares da vítima afirmaram à Polícia que "Alban considerava Silvia como uma pessoa má" e que ela "estava com Guido Bertola por interesse financeiro". "Para a acusada Silvia, o albanês era um obstáculo no relacionamento com o italiano, já que ele, às vezes, orientava o acusado a se afastar dela", afirmou o Ministério Público.

TERCEIRO ACUSADO FOI ASSASSINADO

O terceiro denunciado pelo Ministério Público do Ceará pelo homicídio de Alban Gropçaj foi Romário Lopes de Lima - sobrinho do irmão de Sílva Helena. Ele foi assassinado a tiros, no dia 24 de maio de 2021, dois anos e três meses depois da morte do albanês.

Segundo a acusação, Romário de Lima foi um dos dois executores do plano de matar Gropçaj - o outro suspeito não foi identificado. Testemunhas apontaram que Romário esteve na casa de Guido e Sílvia, um mês antes do crime.

O MPCE enfatizou, na denúncia, que "o acusado Romário Lopes de Lima era traficante de drogas e quando adolescente praticou um homicídio e tentou contra a vida de outra pessoa, bem como incorreu em diversos atos infrações de natureza grave, tanto é que ele, em seus depoimentos, reforçou que a suspeita que caiu sobre ele se deu pelo fato de já sido atuante no mundo do crime".


dn

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