Cascavel, Caucaia e Fortaleza são as cidades com maior registro da doença, por manterem serviços em atuação
Crato. Neste Município, Ítalo Rafael Barbosa Amorim nasceu com glaucoma e agora, aos 15 anos, perdeu totalmente a visão. O caso do jovem coloca a saúde pública em alerta. A doença é mais preocupante em pessoas a partir dos 40 anos. Porém, pode atingir outras faixas etárias, nos casos congênitos.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) estima que, em todo o Ceará, existem 2,5 milhões de pessoas com idade acima de 40 anos, faixa etária de maior ocorrência do glaucoma. Segundo o órgão, 4% dessas pessoas são portadoras da doença, um total de 102.131 casos. O Estado organiza serviços públicos para prevenção e controle.
De acordo com a portaria 920, de 15 de dezembro de 2011, o órgão, recentemente, encaminhou à Brasília a lista das cidades onde atualmente existem serviços que tenham a capacidade instalada de equipamentos e especialistas para tratar a doença. A portaria autoriza a distribuição gratuita de medicamentos para o controle da doença. As três linhas de colírios são repassadas aos usuários por meio de prestadores de serviços.
Contudo, o Estado não está desenvolvendo nenhuma campanha extra, apenas a sistematização do que já é oferecido. O setor de Controle de Avaliação da Sesa avalia que as cidades com maior registro do glaucoma são Cascavel, Caucaia e Fortaleza, devido à realização de serviços especializados.
No Cariri, informa a órgão, o Município com maior quantidade de registros é Barbalha. A referência em atendimento é o Hospital São Vicente de Paulo. Para a secretária executiva da Comissão de Saúde Ocular do Estado, Leonete Borges, é preciso dar assistência às pessoas com a doença. "Só atender e deixar o paciente sem acompanhamento, uma vez que ele precisa do colírio, não é suficiente. A pessoa pode ficar cega", disse.
Foi o que aconteceu com o jovem Rafael Barbosa Amorim. Há cerca de um ano, ele ficou sem enxergar pelo olho direito. Já recentemente, a visão do olho esquerdo também foi comprometida. Apesar de sempre ter recebido atendimento médico de um oftalmologista, o jovem não foi orientado pelo especialista quanto aos cuidados que deveria tomar.
Preocupada com a situação de agravamento do problema, a mão de Ítalo Rafael, Mônica Barbosa Amorim, mãe de garoto, resolveu procurar o Hospital São Raimundo, para que os médicos avaliassem o que havia acontecido com o filho. Na unidade médica, ela conta que foi informada pelo médico que acompanhava o caso que não existia mais solução.
Especialista
Inconformada com a resposta, Mônica buscou a Secretaria de Saúde do Município, onde foi orientada a ir a um especialista adequado. Só então recebeu encaminhamento para a realização da cirurgia necessária.
Segundo o oftalmologista Levy da Rocha Lucena, o menino teve um descolamento de retina espontâneo, que provocou a cegueira. De acordo com ele, o caso só será resolvido após um procedimento cirúrgico que deve ser realizado com urgência.
"Concluímos que a única chance de Ítalo é operar o olho que teve deslocamento de retina. Já para o olho direito, não tem mais solução devido ao glaucoma. Se a doença tivesse sido controlada, ele poderia ter uma visão sub-normal", afirma.
Com a perda da visão, Ítalo Rafael está sem frequentar a escola, o curso de informativa e as demais atividades físicas que realizava, além de depender da ajuda da família e dos amigos para se locomover. "É muito ruim ficar assim. Fico precisando das pessoas para tudo. Quero minha visão de volta, se o médico me der, será meu melhor presente", revela o estudante.
A Secretaria de Saúde do Município está agendando a cirurgia necessária para que o garoto volte a enxergar. Os vizinhos do jovem estão promovendo uma campanha para arrecadar fundos que possam ajudá-lo durante e após o procedimento.
Geralmente, o glaucoma ocorre em pessoas com idade superior a 40 anos. Existem três formas da doença: a congênita, quando a criança nasce com os olhos crescidos; com fotofobia, que é a sensibilidade à claridade; e com a parte do olho é maior do que o padrão normal.
Para essa forma, o tratamento na maioria das vezes é cirúrgico. Já o glaucoma crônico acontece em pessoas com idade acima de 40 anos. A ocorrência maior é em pessoas negras, com alta miopia, pacientes que fazem uso excessivo de corticoide ou com histórico familiar da doença.
O glaucoma agudo acontece em pacientes pós traumas oculares e em alto hipermetrope. A forma causa dor intensa que provoca vômitos e dores de cabeças.
O tratamento para o glaucoma é feito por meio das Secretarias de Saúde dos Municípios, em que os pacientes são encaminhados a uma triagem realizada nas clinicas conveniadas.
Nas cidades de Crato e Juazeiro do Norte, atualmente, está acontecendo campanhas de combate à doença. Apesar de ter tratamento, o glaucoma pode causar a cegueira, que é irreversível. Para o diagnóstico da doença, alguns exames devem ser realizados, como: Tonometria de aplanação (exame para a tomada da pressão intraocular); fundo de olho (exame para avaliar se existe lesão do nervo óptico provocado pelo glaucoma); gonioscopia (exame para classificar o tipo de glaucoma); e campo visual (exame para avaliar se há perda do campo visual). O diagnóstico precoce só é feito em um exame de rotina.
FIQUE POR DENTRO
Lesão no nervo óptico e pressão causam a doença
O glaucoma é causado pela lesão do nervo óptico relacionada à pressão ocular alta. Pode ser crônico ou agudo. Quando crônico, é caracterizado pela perda da visão periférica (visão que permite perceber objetos ao nosso redor), devido à lesão das fibras dos nervos que se originam na retina e formam o nervo óptico. O principal fator relacionado a esta lesão é a pressão interna do olho alta, porém existem outros fatores ainda em estudo. Quando agudo, se dá porque a pressão interna do olho torna-se extremamente alta e causa perda súbita e grave da visão (a média da pressão é 16mmg, porém varia entre 12 até 23mmg sem no entanto causar problemas na maioria das pessoas). O glaucoma raramente apresenta sintomas. Os sinais da doença só vão surgir nos glaucomas agudos, quando o paciente sofre fortes dores de cabeça, fotofobia, enjoo e dor ocular intensa. Para o diagnóstico do glaucoma alguns exames devem ser realizados, como: tonometris de aplanação (exame para a tomada da pressão intraocular); fundo de olho (exame para avaliar se existe lesão do nervo óptico provocado pelo glaucoma); gonioscopia (exame para classificar o tipo de glaucoma); e campo visual (para avaliar se há perda do campo visual). O diagnóstico precoce é feito em exame de rotina e a medida anual da pressão intraocular é a forma mais sensata de se preservar a visão.
Incidência
4% das pessoas com idade acima de 40 anos no Estado, ou seja, 102.131 do total de 2,5 milhões, são portadoras do glaucoma no Estado, segundo a Sesa
YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER