Das quase mil pessoas que hoje trabalham na 
construção da Siderúrgica, só 40% são oriundas de São Gonçalo do 
Amarante. Presidente da CSP acredita que formação dada hoje será 
suficiente para cearenses ficarem com vagas
O barulho  das estacas sendo cravadas fica do lado de fora. Dentro do
 escritório, o  silêncio intimida os visitantes, que falam baixo. Dos 
homens trabalham  ali, não se ouvem as vozes, nem dedos sobre os 
teclados do computador. O  território entre São Gonçalo do Amarante e 
Caucaia também é coreano,  demarcado com a bandeira do País. 
 
A
 Companhia Siderúrgica do  Pecém (CSP) tem 20 funcionários da Coreia do 
Sul.  Das empresas que  constroem a Siderúrgica, são outros 80. Uma 
pequena colônia que não fala  português, numa cidade onde não se fala 
coreano e pouquíssimos falam  inglês. Mas os asiáticos não são os únicos
 forasteiros por ali, onde o  português têm vários sotaques. Dos mil 
homens que hoje trabalham na  obra, cerca de 40% são naturais de São 
Gonçalo do Amarante, de acordo  com o presidente da empresa, Marco 
Chiorboli.
Para a  comerciária Mayara Teixeira, a mudança no
 perfil da Cidade tem sua  graça, conhecer gente nova e culturas 
diferentes. “Antes, a gente  conhecia todo mundo aqui na cidade. Agora, 
não conhecemos mais. A gente  pergunta ‘quem é aquele ali? Sei não, é um
 mineiro”, narra a gonçalense.  Mas os impactos também são negativos e 
ela reclama do número de motos  furtadas e da lotação no hospital e nas 
escolas. “A cidade ainda é  calma. Mas antes era mais, agora tem esse 
problema”.
O  Complexo Industrial e Portuário do Pecém tem 
perspectiva de dobrar o  Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará em dez 
anos. Já a CSP deve  triplicar a renda média da região segundo seu 
presidente, Marco  Chiorboli. “Quando estivermos operando, dentro da 
planta serão 4 mil  pessoas. Desses, 2 mil serão funcionários da CSP. O 
salário médio de um  funcionário da siderúrgica é R$ 4 mil”. Para que o 
atrativo que hoje  beneficia gente de outros Estados e até de outros 
países também seja uma  realidade para a população local, é necessária a
 capacitação.
Chiorboli  explica que a empresa tem interesse
 em aproveitar a mão de obra local e  já conta com futuras turmas de 
engenharia siderúrgica formadas pela  Universidade Federal do Ceará 
(UFC). “Essa mão de obra especializada que  será usada na operação está 
sendo formada. É gente que está aí no  terceiro ano de engenharia. O 
Ceará está se preparando bem e o gene é  bom”, afirma. 
A 
empresa, conforme diz, atua como  corresponsável pela formação da mão de
 obra, mostrando qual sua demanda  para que as entidades responsáveis se
 preparem. “Na fase de operação,  nós passaremos a ser os responsáveis 
por isso”. (Nathália Bernardo)  
Antes, a gente conhecia todo mundo aqui na cidade. Agora, a gente pergunta: quem é aquele ali? Sei não, é um mineiro. 
 
Mayara Teixeira, comerciária de São Gonçalo do Amarante 
  
Essa mão de obra que será usada na operação está sendo formada. O Ceará está se preparando bem e o gene é bom. 
 
Marco Chiorboli, presidente da CSP
Saima mais
Indústria planeja capacitação
Um
 projeto voltado para a capacitação das pessoas que vivem no entorno do 
Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) está sendo elaborado 
pelo Governo do Estado em parceria com entidades ligadas à Federação das
 Indústrias do Ceará (Fiec).
Segundo Nicole Barbosa, presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), o projeto visa suprir a demanda das indústrias da região. 
 
No entanto,
 o Plano ainda precisa ser aprovado pelo governador Cid Gomes. “Se tudo 
der certo, o plano vai ser aplicado em 2013 e deverá capacitar de 280 a 
300 mil pessoas até 2023”, disse Nicole.
 
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) está responsável pela elaboração do plano e já investiu R$ 19 milhões. 
A Secretaria do Trabalho  também investe no Pecém, onde 500 jovens foram capacitados. (Liane Braga)