Hoje aguardando análise do
governo do Estado, o projeto de instalação de um estaleiro em Caucaia
prevê o início da construção para o fim do primeiro semestre de 2013.
Planejado para construir até 400 embarcações de pequeno e médio porte
anualmente, o equipamento, que carrega a promessa de gerar 300 empregos
diretos, contará com um centro de treinamento, o qual poderá capacitar
em torno de 3 mil pessoas por ano. O investimento total no projeto é de
R$ 110 milhões.
Inicialmente, a intenção da empresa que irá
gerenciar o estaleiro – a espanhola Happy Peixe – era instalar-se em
Paracuru. Contudo, segundo o grupo, a demora nas negociações com a
prefeitura desse município fez com que os investidores optassem por
outra cidade.
A ideia, agora, é construir o equipamento em um
espaço de 10,8 hectares, em Caucaia, localizado entre a área da quarta
expansão do Porto do Pecém e a Barra do Cauípe. O terreno está
compreendido no território do Complexo Industrial e Portuário do Pecém
(Cipp).
Proximidade com o porto
Segundo o engenheiro de pesca Fabiano Moreno,
sócio da Happy Peixe, além das condições geográficas favoráveis em
Caucaia, a proximidade com o Porto do Pecém foi um dos fatores
determinantes para a escolha do local. Por conta da estrutura existente
na região, frisa, será facilitado o transporte de insumos usados na
construção do estaleiro e na produção dos barcos.
Segundo informa o empresário Jorge Borrell,
também sócio da Happy Peixe, o estaleiro construirá embarcações com
tamanho de seis a 60 metros. Do total de até 400 embarcações construídas
a cada ano, afirma, entre 70% e 80% serão barcos de pesca, enquanto o
restante será composto por barcos offshore, voltados, por exemplo, para
passeio.
Conforme Borrell, o estaleiro irá demandar 300
empregos diretos quando estiver operando. A expectativa, diz, é que 95%
da mão de obra seja local. Ele ressalta que uma parte dos profissionais
capacitados no centro de treinamento que será construído ao lado do
estaleiro será aproveitada para o equipamento.
De acordo com o empresário, a Happy Peixe está
estudando parcerias com o poder público para definir como se darão as
atividades do centro de treinamento, que será voltado para pessoas que
querem se capacitar na área. Para Borrell a atividade pesqueira, no
Ceará, é feita de modo ainda precário, podendo avançar com a adoção de
equipamentos mais modernos e métodos mais eficientes. “Nossa ideia é
trabalhar a pesca com sustentabilidade”, salienta.
Capacitação
Segundo o
secretário de Desenvolvimento de Caucaia, Antônio Vieira, a qualificação
dos pescadores que atuam na cidade foi um dos fatores que levaram a
administração municipal a considerar positivo o empreendimento. “Além
dos empregos gerados, você ter essa possibilidade de capacitar os
pescadores é uma coisa muito positiva”, diz, acrescentando que muitos
profissionais da área têm tido dificuldade para sustentar suas famílias a
partir da atividade.
De acordo com Fabiano Moreno, o estaleiro irá
fabricar embarcações feitas com um tipo de fibra mais resistente do que a
fibra de vidro comumente utilizada. Em comparação com os barcos mais
usados no Ceará, afirma, as novas embarcações serão mais leves,
demandando menos combustível, e terão um custo menor de manutenção.
Ele destaca que a construção do estaleiro está
prevista para ser iniciada até o fim da primeira metade de 2013 e deve
demorar cerca de dez meses para ser concluída. “A negociação está
rápida. Nós visitamos outros estados e percebemos um interesse muito
grande do governo. A Secretaria de Pesca, a Adece (Agência de
Desenvolvimento Econômico do Ceará) e a Prefeitura de Caucaia ajudaram
muito nesse processo”, acrescenta. Ele informa ainda que as compensações
ambientais para o empreendimento ainda não foram definidas.
Processo em análise
De
acordo com o diretor de infraestrutura da Adece, Eduardo Neves, a
agência já analisou o projeto de instalação do equipamento – do ponto de
vista documental – e o encaminhou à Secretaria de Infraestrutura do
Estado (Seinfra), que também fará uma análise e irá emitir um parecer.
Conforme o diretor, após análise da Seinfra, o
processo volta para a Adece, que fará nova avaliação e, caso haja
parecer favorável, irá emitir um termo de anuência, o qual permite à
empresa dar entrada no processo de licenciamento ambiental. Caso o
processo seja aprovado na Seinfra, informa, o termo de anuência poderá
ser liberado em aproximadamente 15 dias.
Fonte: Diário do Nordeste