Bancada cearense deverá se reunir para fortalecer pressão política em prol da usina após as eleições
Depois de negar, por meio de sua assessoria de imprensa, a informação de que poderia cancelar os projetos de refinarias no Ceará e no Maranhão, a Petrobras informou ontem que deverá entregar à Funai em dezembro próximo a versão revisada do Plano Básico Ambiental (PBA) da planta cearense.
As primeiras obras da refinaria devem ficar somente para 2013 FOTO: ALEX COSTA
Por conta do atraso nesta etapa e do período que a Funai ainda levará para analisar e aprovar o terreno que constituirá a reserva indígena no Pecém, é possível que as primeiras obras do empreendimento fiquem somente para 2013.
A estatal informou ao Diário do Nordeste que está revisando o PBA a partir dos comentários da Funai, e diz que a versão final do documento está prevista para o último mês do ano. Em maio último, o órgão devolveu à Petrobras o PBA, solicitando complementações. Dezembro, que é quando a estatal pretende entregá-lo, é também o mês limite do prazo para que isso seja feito, conforme definiu a Funai.
Impactos
O PBA traz as informações dos impactos do empreendimento na região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) ao meio ambiente e sobre a vida das comunidades indígenas Anacé e Tapeba, e apresenta as ações que serão tomadas pela empresa para mitigá-los.
Análise do terreno
Além do PBA, a Funai também analisa o terreno que foi apresentado pelo Governo do Estado e pela Petrobras para configurar a Reserva Indígena Anacé no mês passado, uma área de 725 hectares, entre a CE 085 e a praia, no município de Caucaia.
Na semana passada, o órgão informou que tem um prazo de 90 dias para aprová-lo. Estas duas pendências são a base para que o órgão emita seu parecer à Premium II, permitindo que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) dê a Licença de Instalação ao empreendimento, o que libera as obras de cercamento da área e a supressão vegetal, já licitadas.
Pressão política
De toda forma, como ainda não houve uma manifestação mais clara por parte da Petrobras sobre a matéria divulgada na semana passada pela Agência Estado, com um pronunciamento da presidente da empresa, Graças Foster, a notícia continua gerando repercussão no Estado.
A matéria diz que as refinarias (Premium I, II e parte da Comperj, no Rio de Janeiro) seriam descartadas caso não haja um reajuste no preço dos combustíveis de acordo com o previsto no Plano de Negócios 2012-2016 da companhia.
O deputado federal Danilo Forte (PMDB-CE) informou que, assim que passado o período eleitoral, irá reunir a bancada cearense para discutir uma maior pressão política sobre o governo federal, em prol da concretização do empreendimento. "Se a empresa não tem como aportar sozinha os recursos, ela busca financiar, procura parceiros. Existe crédito para isso. É preciso mesmo é uma decisão política, e essa decisão passa por uma maior pressão da bancada", defende.
"Vamos juntar deputados e senadores, todo mundo, para garantir o empreendimento.
Parceiros
Forte destaca que a Petrobras já está em busca de parceiros internacionais, inclusive já se reunindo com a sul-coreana GS Caltex, aproximada da empresa pelo governador Cid Gomes. Esse pode ser um caminho para garantir a financiabilidade do projeto.
"A Petrobras tem clareza que sua conta não está fechando, porque está vendendo petróleo bruto e importando derivados. E a nossa planta de refino atual está no limite de sua capacidade e, para resolver isso, é preciso que tenha as novas refinarias. É urgente a implantação delas", completa Danilo Forte.
Aporte
A Petrobras obteve um financiamento de até US$ 1 bilhão com o JBIC (Japan Bank for International Cooperation) para projetos que busquem a eficiência energética, reduzindo os gases de efeito estufa emitidos pela companhia.
O JBIC será responsável por US$ 600 milhões desse montante e o BTMU (Bank of Tokyo-Mitsubishi) pelos US$ 400 milhões restantes. A Petrobras informou que os recursos serão utilizados na unidade de cogeração de energia e vapor para do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e no programa de redução de queima de gás em tocha na bacia de Campos (RJ).
"Este é o maior financaimento já realizado pelo JBIC na categoria de eficiência energética e o primeiro financiamento de grande porte contratado pela Petrobras para esse tipo de projeto", disse a estatal em nota. A empresa informou que foi assinado, também com o JBIC, um memorando de entendimento para estabelecer parceria entre a Petrobras e o banco japonês.
Paridade com preço internacional é a meta
Brasília O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou, em Tóquio, que a estatal petrolífera tem como foco a paridade dos preços dos combustíveis no Brasil com os valores internacionais no médio prazo, o que é fundamental para viabilizar o programa de investimentos da companhia de 2012 a 2016. "Nós deixamos claro que a política de paridade internacional de preços é pressuposto do nosso plano", comentou.
"A política é a paridade no médio e longo prazos. Não é no dia de hoje. Pode acontecer. Nós tivemos em 2009 e 2010 preços domésticos maiores do que internacionais. No ano passado e do começo de 2012 até agora a condição se inverteu", disse. "Na média, estamos acompanhando o preço internacional", apontou.
Reajuste
Barbassa não quis comentar se num horizonte de seis meses haveria a necessidade premente de a Petrobras elevar os preços de seus produtos, mantidos os parâmetros atuais das cotações no mercado doméstico e externo. "Esse ajuste não é algo momentâneo. O que nós demandamos é que, no médio prazo, o preço de venda da Petrobras no mercado doméstico esteja em linha com o preço internacional", apontou. "Em seis meses tudo pode acontecer, inclusive variação de preço internacional".
Ele lembrou que a Petrobras tem como foco estratégico priorizar a produção de combustíveis no Brasil, o que deixaria em segundo plano ativos no exterior. E ele destacou que a empresa está aberta a propostas de compra da refinaria Nansey, com capacidade de operação de 100 mil barris por dia, adquirida há 4 anos no Japão. Ele não quis dar detalhes se já há interessados em fechar o negócio com a estatal. O executivo fez os comentários depois de participar de evento promovido pela Câmara do Comércio Brasileira no Japão.
SÉRGIO DE SOUSAREPÓRTER
Depois de negar, por meio de sua assessoria de imprensa, a informação de que poderia cancelar os projetos de refinarias no Ceará e no Maranhão, a Petrobras informou ontem que deverá entregar à Funai em dezembro próximo a versão revisada do Plano Básico Ambiental (PBA) da planta cearense.
As primeiras obras da refinaria devem ficar somente para 2013 FOTO: ALEX COSTA
Por conta do atraso nesta etapa e do período que a Funai ainda levará para analisar e aprovar o terreno que constituirá a reserva indígena no Pecém, é possível que as primeiras obras do empreendimento fiquem somente para 2013.
A estatal informou ao Diário do Nordeste que está revisando o PBA a partir dos comentários da Funai, e diz que a versão final do documento está prevista para o último mês do ano. Em maio último, o órgão devolveu à Petrobras o PBA, solicitando complementações. Dezembro, que é quando a estatal pretende entregá-lo, é também o mês limite do prazo para que isso seja feito, conforme definiu a Funai.
Impactos
O PBA traz as informações dos impactos do empreendimento na região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) ao meio ambiente e sobre a vida das comunidades indígenas Anacé e Tapeba, e apresenta as ações que serão tomadas pela empresa para mitigá-los.
Análise do terreno
Além do PBA, a Funai também analisa o terreno que foi apresentado pelo Governo do Estado e pela Petrobras para configurar a Reserva Indígena Anacé no mês passado, uma área de 725 hectares, entre a CE 085 e a praia, no município de Caucaia.
Na semana passada, o órgão informou que tem um prazo de 90 dias para aprová-lo. Estas duas pendências são a base para que o órgão emita seu parecer à Premium II, permitindo que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) dê a Licença de Instalação ao empreendimento, o que libera as obras de cercamento da área e a supressão vegetal, já licitadas.
Pressão política
De toda forma, como ainda não houve uma manifestação mais clara por parte da Petrobras sobre a matéria divulgada na semana passada pela Agência Estado, com um pronunciamento da presidente da empresa, Graças Foster, a notícia continua gerando repercussão no Estado.
A matéria diz que as refinarias (Premium I, II e parte da Comperj, no Rio de Janeiro) seriam descartadas caso não haja um reajuste no preço dos combustíveis de acordo com o previsto no Plano de Negócios 2012-2016 da companhia.
O deputado federal Danilo Forte (PMDB-CE) informou que, assim que passado o período eleitoral, irá reunir a bancada cearense para discutir uma maior pressão política sobre o governo federal, em prol da concretização do empreendimento. "Se a empresa não tem como aportar sozinha os recursos, ela busca financiar, procura parceiros. Existe crédito para isso. É preciso mesmo é uma decisão política, e essa decisão passa por uma maior pressão da bancada", defende.
"Vamos juntar deputados e senadores, todo mundo, para garantir o empreendimento.
Parceiros
Forte destaca que a Petrobras já está em busca de parceiros internacionais, inclusive já se reunindo com a sul-coreana GS Caltex, aproximada da empresa pelo governador Cid Gomes. Esse pode ser um caminho para garantir a financiabilidade do projeto.
"A Petrobras tem clareza que sua conta não está fechando, porque está vendendo petróleo bruto e importando derivados. E a nossa planta de refino atual está no limite de sua capacidade e, para resolver isso, é preciso que tenha as novas refinarias. É urgente a implantação delas", completa Danilo Forte.
Aporte
A Petrobras obteve um financiamento de até US$ 1 bilhão com o JBIC (Japan Bank for International Cooperation) para projetos que busquem a eficiência energética, reduzindo os gases de efeito estufa emitidos pela companhia.
O JBIC será responsável por US$ 600 milhões desse montante e o BTMU (Bank of Tokyo-Mitsubishi) pelos US$ 400 milhões restantes. A Petrobras informou que os recursos serão utilizados na unidade de cogeração de energia e vapor para do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e no programa de redução de queima de gás em tocha na bacia de Campos (RJ).
"Este é o maior financaimento já realizado pelo JBIC na categoria de eficiência energética e o primeiro financiamento de grande porte contratado pela Petrobras para esse tipo de projeto", disse a estatal em nota. A empresa informou que foi assinado, também com o JBIC, um memorando de entendimento para estabelecer parceria entre a Petrobras e o banco japonês.
Paridade com preço internacional é a meta
Brasília O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou, em Tóquio, que a estatal petrolífera tem como foco a paridade dos preços dos combustíveis no Brasil com os valores internacionais no médio prazo, o que é fundamental para viabilizar o programa de investimentos da companhia de 2012 a 2016. "Nós deixamos claro que a política de paridade internacional de preços é pressuposto do nosso plano", comentou.
"A política é a paridade no médio e longo prazos. Não é no dia de hoje. Pode acontecer. Nós tivemos em 2009 e 2010 preços domésticos maiores do que internacionais. No ano passado e do começo de 2012 até agora a condição se inverteu", disse. "Na média, estamos acompanhando o preço internacional", apontou.
Reajuste
Barbassa não quis comentar se num horizonte de seis meses haveria a necessidade premente de a Petrobras elevar os preços de seus produtos, mantidos os parâmetros atuais das cotações no mercado doméstico e externo. "Esse ajuste não é algo momentâneo. O que nós demandamos é que, no médio prazo, o preço de venda da Petrobras no mercado doméstico esteja em linha com o preço internacional", apontou. "Em seis meses tudo pode acontecer, inclusive variação de preço internacional".
Ele lembrou que a Petrobras tem como foco estratégico priorizar a produção de combustíveis no Brasil, o que deixaria em segundo plano ativos no exterior. E ele destacou que a empresa está aberta a propostas de compra da refinaria Nansey, com capacidade de operação de 100 mil barris por dia, adquirida há 4 anos no Japão. Ele não quis dar detalhes se já há interessados em fechar o negócio com a estatal. O executivo fez os comentários depois de participar de evento promovido pela Câmara do Comércio Brasileira no Japão.
SÉRGIO DE SOUSAREPÓRTER