A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) recorreu à Caixa Econômica Federal para custear o 1º Campeonato Brasileiro feminino, esvaziado de grandes clubes e das principais jogadoras do país. Um anos após a pior participação da seleção brasileira em Jogos Olímpicos, eliminada nas quartas de final, faltam patrocinadores.
"Nós temos de desenvolver um interesse básico, ter torcedores do futebol feminino. Foi feito um ranqueamento para a competição, com base em outros torneios. No primeiro semestre, nós tivemos a 8ª edição da Copa do Brasil", argumentou o diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio.
A pedido da CBF, o Ministério dos Esportes articulou o acerto com a Caixa para os gastos dos 20 clubes participantes, de 15 estados, com passagens aéreas, hotel e alimentação. Os jogos começam a partir de 7 de agosto e a primeira fase será regionalizada.
O banco adquiriu o naming rights (direitos sobre o nome) da competição, placas estáticas nos estádios e terá comerciais veiculados na TV Bandeirantes. O valor total a ser disponibilizado à CBF, encarregada de repassar os recursos aos clubes, não foi divulgado.
Há um ano e meio, a instituição financeira começou a patrocinar clubes de futebol masculino. Ela foi questionada na justiça por dano ao erário, por ser de caráter pública e injetar dinheiro nas agremiações supostamente levando mais em conta os interesses particulares dos beneficiados e menos os riscos de obter um bom retorno midiático.
Contudo, a Caixa teve a justificativa acolhida: precisa concorrer com os bancos privados em espaços para publicidade também ocupados por eles. Após um período de suspensão do patrocínio em casos pontuais, o dinheiro foi liberado.
A CBF procurou o financiador em meio ao desinteresse de Santos e Corinthians, entre outros com tradição no futebol feminino, quanto a participar da nova competição. Os dirigentes alegaram pequena atratividade aos anunciantes e dificuldades de retorno financeiro, em função do baixo público nos estádios e audiência na TV --a transmissão dos jogos será pela Bandsports.
"É assim mesmo. Depois que a coisa começa a andar na TV, os patrocinadores começam a se interessar", comentou Paulo Roberto Bastos, diretor da empresa de marketing esportivo SportPromotion, responsável pela comercialização.
O último torneio nacional, a Copa do Brasil, encerrado em maio, teve o São José dos Campos campeão. O clube também ganhou o Campeonato Paulista no ano passado e tem sido o que mais contribui com jogadoras para a seleção brasileira. Porém, entre elas não estão Marta e Cristiane, que por bons salários atuam fora do país.
Nos últimos anos, a Kaiser --marca de uma cervejaria-- destinou R$ 30 mil mensais para os gastos de cada clube durante o Campeonato Paulista. Porém, ela declinou do apoio na competição estadual em curso, cuja média de público e de arrecadação nos estádios nem sequer é citada no site da FPF (Federação Paulista de Futebol).
Fonte: ALESSANDRO DA MATA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA