O delegado federal Servilho Silva Paiva, há duas semanas como secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), priorizará Fortaleza e a Região Metropolitana no pouco tempo que lhe deram para reorganizar a pasta mais criticada do governo Cid Gomes. De imediato, o mais breve possível, Cid pediu “resultados” ao convidá-lo para substituir o coronel Francisco Bezerra.
Para traçar essa linha de ação, no ano e meio que terá à frente da SSPDS, Servilho Paiva revelou em visita ao O POVO que vai redimensionar operações na área que nomina de “cinturão vermelho” da violência na Região Metropolitana de Fortaleza. Além de redefinir estratégias para melhorar a formação do quadro de policiais na Academia Estadual da Segurança Pública. E enfrentar um velho desafio: mudar ou “inserir uma nova mentalidade” para o que chama de “modelo de gestão” do fazer polícia.
O que seria o “cinturão vermelho” da violência? Segundo Servilho, que foi secretário da Segurança Pública em Pernambuco (2007 a 2010) e estava como Controlador Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública (desde 2011), hoje há uma concentração de casos de homicídio e violência exagerada em bairros e zonas que rodeiam a Capital cearense, formando um cinturão periférico onde há maior incidência de crimes. “Vemos uma violência concentrada ali no Álvaro Weyne, Grande Barra do Ceará, Caucaia, Maracanaú...”. E que se estendem, segundo estatísticas, para outros bairros como Bom Jardim e Messejana.
Servilho garante que o olhar diferenciado, neste momento, para o “cinturão vermelho” em Fortaleza não significa esquecimento do Interior do Ceará. Nem pode. Os casos de explosões a banco/caixas eletrônicos (29 somente este ano) e o tráfico de drogas ultrapassam os limites da Região Metropolitana da Capital.
O secretário analisa que os casos de homicídio em Fortaleza e zona metropolitana atingiram uma banalização extremada. “A banalização é quando ninguém acredita em ninguém e quem tem mais força faz o que quer. A tendência é a sociedade ir se recolhendo, tentando se defender”. Quando o medo supera a sensação de segurança.
Preocupa o secretário identificar que virou comum ter na Capital bairros dominados pelo tráfico de drogas e ocorrências envolvendo “adolescentes adultos (com 15 ou 16anos)” que chegam a assumir a autoria de “dez, 12 ou 15” assassinatos.
Organizar a gestão
O perfil de gestão de Servilho - que é o terceiro secretário da Segurança na era Cid Gomes - aponta para a reorganização das “bases gerenciais” nas polícias Militar, Civil e Corpo de Bombeiros. De acordo com o delegado federal, a gestão dos serviços oferecidos à população carece de nova sistematização. O que se observa atualmente são “gargalos” na integração operacional entre as polícias ostensiva (PM) e judiciária (Civil).
“A gente tem compreender a segurança como sistemas. Eu estou prometendo fazer o meu dever de casa. O Estado tem de fazer o dele (com aumento de efetivo, treinamento, material, vagas em presídios e integração das secretarias de governo)”, observa Servilho.
Para o Secretário, a segurança pública não pode deixar de ser uma construção coletiva. “Se o Poder Judiciário, por exemplo, está recebendo inquéritos incompletos, mal feitos, então temos de sentar para conversar e, daí, retreinar quem está fazendo a inteligência, a prisão e a investigação”, afirma Servilho Paiva.
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