Intervenções emergenciais estão sendo feitas no Icaraí e têm previsão de término em mais 30 dias. Ações definitivas, que solucionariam os problemas estruturais da praia, dependem da viabilização de recursos
Luís Sousa arremata qualquer conversa sobre o avanço do mar no Icaraí e a erosão costeira dizendo que a natureza manda em tudo. Mesmo assim, ele, que possui uma das poucas barracas que continuam a funcionar na praia, mantém a fé no trabalho dos homens e das máquinas.
No entanto, a situação do Icaraí continua em terreno de medidas emergenciais. As ações permanentes dependem de investimentos que ultrapassam os R$ 100 milhões – e que ainda não se sabe de onde e como virão para que as obras sejam executadas.
Atualmente, as máquinas que operam próximo ao local de trabalho de Luís fazem a revitalização de trecho de 400 metros da contenção, conhecida como “bag wall”, destruída pela força do mar. Segundo o vice-prefeito de Caucaia, Paulo Guerra, os trabalhos estão em “ritmo acelerado” e 70% do cronograma físico foi realizado. A expectativa de término do trabalho, que teve investimento de R$ 4 milhões dos cofres da Prefeitura, é de mais 30 dias.
Quem for agora ao Icaraí encontra somente partes do que restou da avenida Litorânea, cujo asfalto destruído desemboca em crateras para a areia e o mar. Segundo o vice-prefeito, após a atual fase de reconstrução, será colocada uma “capa asfáltica” temporária para restabelecer o acesso à avenida.
“Vamos compatibilizar o projeto de urbanização com o projeto Orla, dos Governos Federal e Estadual, que prevê barracas padronizadas. Queremos entrar com o asfalto em janeiro ou fevereiro”, complementou Paulo.
Medidas definitivas
Dois projetos são apontados como caminhos para que a praia do Icaraí saia da situação de destruição atual e volte a ser local de tranquilidade para quem mora e trabalha - e de lazer para quem frequenta. No entanto, os investimentos para tais projetos demandariam mais de R$ 100 milhões. O vice-prefeito de Caucaia, Paulo Guerra, afirmou que a expectativa é que os projetos recebam recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2015.
A gestão municipal espera abrir negociações com o Governo Estadual no próximo mês para que haja reforço na captação de recursos com os Ministérios da Integração, das Cidades, do Meio Ambiente e do Turismo, sinalizou Guerra.
O projeto que é apontado como definitivo para estabilizar o litoral de Caucaia inclui implantação de sete espigões, dragagem e engorda artificial da praia. O projeto executivo está em fase de elaboração pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC) e custaria mais de R$ 100 milhões.
Outra opção complementar para ser feita caso o primeiro projeto não seja realizado logo seria a construção de “enrocamentos aderentes”, ou seja, quebra-mares protegidos por malhas com pedras de diferentes tamanhos e dispostos ao longo do litoral. O projeto foi finalizado pelo Labomar e os investimentos seriam de R$ 30 milhões, contando com contrapartida do Governo Municipal. Nenhuma das intervenções, no entanto, conta com previsão de obtenção de recursos e, consequentemente, de execução.
Humberto Santos trabalha na barraca de Luís, que confia na atuação dos homens e das máquinas, mas sabe da força da natureza, e explica que a atual reconstrução da contenção parece ser mais “firme”, pois estão usando também um tipo de argila para juntar os sacos de areia. “Estamos à espera de dias melhores”, comentou na labuta de resistir à erosão, ao vento, à diminuição dos fregueses e às obras constantes.
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