A cidade de Fortaleza surgiu há 290 anos, ganhando o nome do forte português responsável pela proteção da pequena vila: Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Quase tão antiga quanto a história da nossa cidade é a da família que leva o mesmo nome: os Fortaleza.
Há 226 anos, em meados de 1790, três irmãos portugueses que assinavam pelo sobrenome Alcântara e Silva desembarcaram no Brasil. Com a esperança de uma vida confortável, os três vieram para o Nordeste colonizar terras ainda pouco desbravadas do interior do Ceará.
Mas foi só anos após a chegada dos irmãos em terras cearense que o sobrenome Fortaleza foi oferecido ao neto de um dos imigrantes em sinal de bravura e honra. É o que conta um dos integrantes da sexta geração de Fortaleza, Emiliano, 24 anos. “O sobrenome foi resultado de um alcunha (título) dado ao meu tataravô Antônio Rodrigues, que passou a ser conhecido como Capitão Fortaleza. Ele liderou, a pedido do governador da província do Piauí, uma missão para combater alguns desordeiros que andavam pela região”, conta.
As tradições da família Fortaleza vão além do sobrenome e atingem o modo de vida de todos os integrantes. (FOTO: Reprodução/Arquivo Pessoal)
Além do título de honra recebido após o sucesso de sua missão, Antônio recebeu também uma grande extensão de terras que, na época, iam desde o Barão de Aquiraz (atual distrito de Campos Sales, a 497 quilômetros de Fortaleza) até o Marçal. Desde Antônio, quatro gerações de pessoas já usaram o título como sobrenome, incluindo Emiliano que destaca o orgulho que tem de sua história.
“Costumo brincar que eu tenho um nome, um sobrenome, um título e uma ordem. É exatamente isso, trago na identidade a força das escolhas de meus antepassados, da bravura que nos rendeu o título e, principalmente, a homenagem a dois grandes expoentes: meu pai e meu vovô, que em seus tempos souberam ser grandes, como cidadãos e como homens”, aponta.
E é com orgulho que os Fortaleza guardam a história dos seus expoentes em diversas áreas de atuação. Os familiares tem em comum a paixão pelo Direito, mas fizeram história em outras áreas como Medicina, com Francisco de Paula Fortaleza, que também foi prefeito de Campos Sales por duas vezes.
E na política com Nelba Fortaleza, que recebeu o sobrenome após casar-se. “Mamãe é Fortaleza por casamento, mas honrou e honra o sobrenome com o mesmo sentimento bravura de meus antepassados. Ela foi vereadora por dois mandatos da capital, sendo o último a vereadora mais bem votada com quase 16 mil votos”, destaca orgulhoso.
“Minha família é uma família patriarcal, uma família tradicionalista e, principalmente, uma família unida” (Emiliano Fortaleza III)
Emiliano explica que a tradição não está apenas no sobrenome, mas também no nome. Com ele, são sete Emilianos na família. “Emiliano, meu avô; Emiliano Júnior, meu pai; eu Emiliano III. Além do Joaquim Emiliano, do Emiliano Antônio, do João Emiliano e do José Emiliano”, enumera.
E para reunir tantas pessoas, a família se junta uma vez ao ano em uma grande festa. Sempre no dia 20 de dezembro a família se junta para comemorar o aniversário de seu patriarca. “Todos anos nessa data nos reunimos e reafirmarmos nosso orgulho. E é nesta data que todos realizam seus eventos importantes como: casamento, anúncios de noivados e apresentações formais”.
O amor pela família e o apego pela tradição perpassam todos o pontos da vida dos Fortaleza e Emiliano conta que até o time do coração de todos te relação com o sobrenome. “Todos os homens da família são fanáticos pelo Fortaleza e nos reunimos para torcer juntos, com camisa e tudo”, conta bem humorado.
Emiliano encerra sua fala com uma declaração orgulhosa e emocionada. “Minha família é relativamente nova, com seis gerações até mim, mas uma família patriarcal, uma família tradicionalista e, principalmente, uma família unida”, finaliza.
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