Pneus, plásticos, sacolas, palhas, madeira e até pedaços de um aparelho de TV. Muitos resíduos que deveriam ser descartados em locais adequados, mas que, até a manhã de ontem, antes da ação de limpeza de jovens voluntários e moradores do Serviluz, poluíam a Praia do Titanzinho, em Fortaleza. Na última ação do ano do Projeto Limpando o Mundo Ceará, cerca de 100 quilos de lixo foram retirados da água e da areia no local. Em 2013, em mais de 20 ações do tipo entre os Rios Pacoti (Fortaleza) e Cauipe (Caucaia), o grupo, retirou, aproximadamente, cinco toneladas de lixo da orla cearense.
De acordo com o coordenador do projeto e integrante da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), Juaci Araújo, a ação conta com 400 voluntários, distribuídos em 20 localidades situadas entre a Capital e Caucaia. Nestas áreas, há núcleos na Sabiaguaba, Praia do Futuro, Titanzinho, Serviluz, Praia de Iracema, Vila do Mar, Barra do Ceará, Iparana, Pacheco, Icaraí, Cumbuco e Cauípe. As ações do projeto são executadas pela Aquasis e o Instituto Povos do Mar (IPOM) e têm patrocínio da Greenish e da Skol.
“Temos tarefas durante o ano todo. Estamos preocupados com esse lixo de maré que polui os oceanos e impacta a vida marinha e a qualidade da saúde das praias”, explicou Juaci, acrescentando ainda que o descarte irregular de resíduos sólidos no mar acarreta prejuízos econômicos, turísticos, saúde e também da biodiversidade. “Os animais marinhos estão absorvendo este lixo, principalmente, o plástico, e estão morrendo por conta do descuido das nossas cidades”.
ATUAÇÃO NAS PRAIAS
Segundo o coordenador, em 2013, o projeto realizou atividades em comunidades distintas, a cada mês. Na iniciativa, uma rede de voluntários foi criada, e cada área abriga um grupo de 20 moradores e um coordenador. “Nós levamos capacitação a estes participantes e eles tornam-se multiplicadores nos próprios bairros”. Ontem, cerca de 40 pessoas atuaram na coleta de lixo no Serviluz.
Juaci ressaltou ainda que, no monitoramento das praias da orla cearense, entre Fortaleza e Caucaia, há localidades que não têm residências, estabelecimentos, ou nenhuma ação antrópica na redondeza, mas, devido às correntes marinhas e aos ventos, é possível encontrar muito lixo.
AÇÃO APROVADA
Para o biólogo, Paulo Miranda, que ontem atuou no recolhimento de resíduos no Titanzinho, ações do tipo despertam a curiosidade da comunidade e, aos poucos, conscientizam sobre a necessidade de preservação. Ainda de acordo com ele, além das questões educativas, é necessário que o poder público garanta infraestrutura adequada e mecanismos de limpeza da orla, como, por exemplo, a implantação de lixeiras públicas em toda a extensão das praias.
O morador do Serviluz, mestre de capoeira e integrante da Rede de Desenvolvimento Econômico e Sustentável da Capoeira no Ceará, Jeferson Silva, conhecido como mestre Envergado, também participou da limpeza, caracterizada, por ele, como “trabalho de formiguinha”. Jeferson, que dá aulas de capoeira a 161 crianças, ressaltou que é fundamental que ações do tipo ocorram no bairro, para que “educando a própria comunidade, as pessoas do Serviluz possam ter outros sonhos, outra educação e oportunidades”.
PROJETO TOP
As atividades executadas, na manhã de ontem, em Fortaleza, também integram o Projeto Transtorno Obsessivo por Praia (TOP), idealizado pela Skol, que identificou no cenário nacional personagens que já realizam atos transformadores nas praias brasileiras e apoiou (com investimento e assistência) a realização de mais ações positivas.
No Ceará, Juaci Araújo é o embaixador do projeto. Por conta disto, durante três meses, ocorrerão entre Fortaleza e Caucaia, eventos educativos de conscientização ambiental, palestras com lideranças comunitárias e catadores, além da continuidade da promoção das blitze de limpeza.
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