Objetivo foi remover o lixo acumulado na praia ainda durante o período do Carnaval. Coleta será normalizada em até 45 dias, afirma Marquise
Moradores, surfistas, comerciantes e frequentadores da praia do Icaraí, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, realizaram ontem um mutirão a fim de remover o lixo acumulado na areia durante o Carnaval.
O educador social Waterloo Magalhães, 38 anos, frequentador da praia há 25, diz que o lixo se tornou comum na região, mas que a situação se agrava nesse período. “É um problema crônico”, lamenta.
Alisson Paulinele, 32, representante comunitário do S.O.S Icaraí, ressalta que a instalação de coletores no local poderia atenuar o acúmulo de resíduos. “Os coletores são inexistentes na praia. Diminuiria e muito o lixo na areia”, reforça.
Gerente de operações da Marquise Ambiental, empresa responsável pelo recolhimento de lixo em Caucaia, Márcio Fábio Serra destaca que a coleta será normalizada em até 45 dias. “Assumimos os trabalhos no dia 17 de fevereiro. Serão repostos contêineres”, afirma.
Serra informa que, antes, era a Prefeitura de Caucaia a responsável pela limpeza da zona de praia, ao passo que a Marquise Ambiental respondia pela coleta no bairro Centro. A instalação de coletores seletivos está prevista pela Marquise, mas sem data prevista para operação.
De acordo com o gerente de operações, a empresa opera a “remoção de poda (galho, ramos e folhas) e lixo doméstico”, ficando a cargo da Prefeitura de Caucaia o recolhimento do entulho da construção civil.
Sensibilização
Segundo o presidente da Associação de Surf de Caucaia (ASC), Marcelo Ferro, as ações de limpeza da praia do Icaraí acontecem desde 2010. “Quando a praia não está sendo atendida pelo sistema de coleta da prefeitura, fazemos o trabalho”, ressalta. Ele destaca que, na Quarta-Feira de Cinzas, foram retirados cerca de 500 quilos de lixo das areias.
A maioria, diz, é formada por material plástico, como garrafas PET, sacolas etc. “Se somar com outros resíduos sólidos, chega a 2 toneladas”, frisa.
Para a autônoma Leuda Prado, 49, falta orientação ambiental aos frequentadores do Icaraí. Leuda conta que, nas praias do Rio de Janeiro, são distribuídas sacolas plásticas a quem circula no litoral. Ações educativas e de sensibilização dos visitantes fazem parte do dia a dia. Contudo, Leuda não isenta os banhistas da responsabilidade. “Não é só o poder público que tem de fazer sua parte. A população precisa também estar consciente.”
O despachante Cleiton Fernandes, 71, aderiu ao movimento de limpeza e conservação da praia do Icaraí. “Não sabia que aconteciam essas ações de limpeza. Pretendo participar mais vezes sempre que tiver”, afirma. Segundo Cleiton, a praia é um símbolo a ser preservado. “É vergonhoso ver o estado em que a praia do Icaraí se encontra hoje. Esse patrimônio é nosso”, alerta.
Saiba mais
Cerca de 50 pessoas fizeram a remoção do lixo acumulado em um trecho de um quilômetro na praia do Icaraí. Garrafas PET, coco, sacolas plásticas eram vistos ao longo da praia. O movimento estima ter recolhido 200 quilos de lixo.
Crianças e jovens participavam do recolhimento do lixo. Muitos deles filhos de surfistas, moradores e comerciantes.
Na linguagem do surfe, a praia do Icaraí é chamada como “Icarawai”, em alusão ao estado norte-americano do Havaí, conhecido pelo formato tubular das ondas. O melhor período para surfar vai de dezembro até maio, época da ressaca do mar.
No trecho onde O POVO permaneceu, banhistas dividiam espaço na areia com cacos de telha, blocos de concreto e tijolos. Animais domésticos também eram vistos na praia.
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