A gerente de uma loja de variedades de Caucaia, Elcely Martins, disse que um dos reflexos do avanço do comércio tem sido a alta nos preços dos aluguéis
FOTOS: KLEBER A. GONÇALVES
A vendedora Janielle Sousa aponta a alta do número de lojas e universidades
Mesmo com a chuva que durou toda a manhã, a movimentação intensa nas lojas do Centro de Caucaia, na última quinta-feira, reflete o fortalecimento do comércio na cidade, que possui o segundo maior potencial de consumo previsto para o Ceará em 2014. Entre estabelecimentos há anos instalados no local e lojas que há poucos meses migraram de Fortaleza, apostando na expansão do município vizinho, comerciantes relatam aumento das vendas e faturamento, mas também criticam a ausência de investimentos que acompanhem a expansão do setor.
Gerente de uma loja de roupas inaugurada há cerca de um ano e meio no Centro de Caucaia, Euládia Maranhão afirma que a movimentação no local tem atendido bem a expectativa e crescido ao longo dos meses. Ela conta que o proprietário do estabelecimento já possuía outra loja do mesmo tipo em Fortaleza e escolheu Caucaia por conta do crescimento da cidade e seu entorno.
A partir dos resultados positivos alcançados desde o fim de 2012, acrescenta, o dono já planeja abrir uma terceira loja, também em Caucaia. "A gente acha que existe realmente um potencial muito grande aqui", frisa.
Mudanças visíveis
Para a vendedora Janielle Sousa, de 19 anos, as alterações na cidade, nos últimos anos, não se restringiram ao aumento da movimentação no comércio.
"A cidade mudou muito. Por exemplo, hoje todo mundo tem um carro ou uma moto", comenta, acrescentando que a quantidade de estabelecimentos comerciais e instituições de ensino também cresceu bastante.
Conforme Janielle, o desenvolvimento da economia trouxe mais oportunidades de trabalho para o município, principalmente a partir do comércio. Há menos de um ano trabalhando como vendedora - seu primeiro emprego - em uma loja de couros e calçados, a jovem planeja dar início a uma graduação muito em breve.
Apesar do aumento da movimentação, a expectativa de expansão da cidade também tem prejudicado alguns comerciantes. Segundo a gerente Elcely Martins, que trabalha em uma loja de variedades no Centro, a alta nos preços dos aluguéis foi um dos custos adicionais que os empresários tiveram nos últimos anos. "De três anos pra cá, nosso aluguel quase dobrou. E o fluxo não melhorou tanto assim", afirma.
Por sua vez, o comerciante Walbeni Rocha aponta que, embora os empresários estejam arcando com uma carga tributária elevada - entre impostos municipais, estaduais e federais -, as melhorias voltadas ao comércio não têm sido suficientes para acompanhar o crescimento do setor. Questões ligadas ao trânsito, à limpeza e à organização do Centro, indica, têm atrapalhado o desenvolvimento de estabelecimentos na região.
Mais postos de trabalho
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Caucaia, Antônio Vieira, a alta do número de estabelecimentos comerciais - parte deles vindo da Capital - está ligada ao aumento da população, causado, por sua vez, pela criação de postos de trabalho no município. "Com as novas empresas que estão chegando, muita gente também está vindo, mas, quando o trabalhador vem, é comum não vir sozinho. Ele traz a família. Então, às vezes, pra cada emprego, vem uma família de quatro pessoas", ilustra.
Conforme Vieira, a administração municipal prevê que, entre 2020 e 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) de Caucaia se torne o maior do Ceará, por conta dos empreendimentos esperados para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), entre os quais se destaca a refinaria Premium II. O secretário informa ainda que, diante do aumento do número de estabelecimentos na cidade, a prefeitura planeja criar, até 2016, um novo mercado central.
O projeto, complementa será acompanhado pela urbanização do mercado atual, localizado no Centro de Caucaia. Vieira também salienta que a alta do preço dos aluguéis se deu por uma questão de mercado, diante do aumento da procura.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Gonçalo do Amarante, Victor Samuel, o avanço mais expressivo na cidade deve começar no próximo ano, com o início das operações da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), em torno da qual é esperada a criação de um polo metalmecânico. A partir de 2015, indica, a população da cidade deve crescer vertiginosamente.
"Esse vai ser um ponto de virada", comenta o secretário, destacando que a Prefeitura tem investido em projetos em áreas como saneamento básico, abertura de vias, oferta de água e iluminação pública para viabilizar esse processo. (JM)
dn