Sítios Novos é um distrito do município de Caucaia, Ceará, criado
e anexado ao então município de Soure pelo Ato Estadual de 14-03-1904.
Anos depois, é criado o distrito de Catuana com parte de suas terras,
porém sob a mesma lei, Lei Estadual n.º 1.153, de 22-11-1951, é extinto o
distrito de Cauípe, sendo seu território anexado ao distrito de Sítios
Novos. Pela Lei Estadual n.º 6.750, de 05-11-1963, o distrito de Sítios
Novos é desmembrado do município de Caucaia e elevado à categoria de
município. Depois de algumas mudanças administrativas de Caucaia,
estabeleceu- se a divisão territorial datada de 1991, sendo o município
de Caucaia constituído de 8 distritos: Caucaia (Sede), Bom Princípio,
Catuana, Guararu, Jurema, Mirambé, Sítios Novos e Tucunduba. Assim
permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
Atualmente, o distrito de Sítios Novos abriga os seguintes bairros:
Sítios Novos (Centro) Lagoa da Serra, Capine, Lavras, Capim Grosso,
Salgadinho, Queimadas, Buíque.
Sítios Novos também abriga vários assentamentos,como Lagoa da Serra
(Três lagoas), Santa Bárbara (Capine), Leni Paz, Buíque e Agrovila.
Todas nas proximidades do Açude Sítios Novos.
O assentamento Santa Barbara abriga cerca de 130 famílias, numa média atual de 513 pessoas.
A bacia hidrográfica do açude Sitíos Novos,com
446 km2 de área drenada,está localizada nas proximidades da região
litorânea oeste do estado, estando inserida nos municípios de Caucaia, Pentecoste, Maranguape e Pamácia. A
região apresenta altos índices pluviométricos, cerca de 950 mm/ano,
concentrados de janeiro a maio. A temperatura varia de 26 a 30ºc e a
evaporação média é de 959,5 mm (CEARÁ, 1997). A bacia apresenta,
portanto, características predominantes da zona litorânea, com cobertura
vegetal típica de mangue e caatinga arbustiva densa. Os seus solos
podem ser classificados como planossolos e planossolos solódicos. Com
relação ao uso e ocupação do solo, ao longo da bacia hidrográfica são
cultivados feijão, milho e mandioca, inclusive utilizando-se das
várzeas. abrangendo uma população total de 380.803 pessoas, conforme o Censo Demográfico de 2000 - Desenhos 1 e 2.
O referido açude barra o rio São Gonçalo e é composto por uma barragem
de terra zoneada, localizada nas coordenadas geográficas 504.706 E e
9.583.427 N. Possui área de espelho d’água de 2.010 hectares e
capacidade de armazenamento de 126 milhões de metros cúbicos (CEARÁ,
2007).USOS E FONTES DE POLUIÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA Nas proximidades
do açude Sítios Novos, o rio São Gonçalo tem sua mata ciliar composta,
predominantemente, de caatinga arbustiva avançando até suas margens.
Constatou-se, no entanto, grandes manchas e áreas antropizadas a
montante do reservatório. A faixa de proteção do açude apresenta-se, de
modo geral, preservada, sendo que as áreas degradadas mais
significativas observadas se encontram no trecho final do reservatório
e, imediatamente a jusante, a mata ciliar do rio foi substituída, por
alguns quilômetros, por áreas de cultivos agrícolas. A montante do açude
Sítios Novos se encontram os açudes Itapebussu e Amanari, que
regularizam 0,1 e 0,2 m3/s, respectivamente, representando apenas um
pequeno incremento na vazão do Sistema Sítios Novos (CEARÁ, 2001) Na
bacia hidrográfica do açude foram identificados os seguintes usos:
- Presença de fossas rudimentares ao longo dos trechos próximos de montante, indicando contribuição para os riachos que fluem para o açude;
- No entorno, na área do Assentamento Lagoa da Serra, áreas desmatadas para plantações de culturas de subsistência;
- Quatro barramentos ao longo do rio São Gonçalo, sendo o primeiro no distrito de Itapebussu.
Neco Martins
Nascido em Sítios Novos ( Caucaia), em 1865, filho de fazendeiro,
casou com uma professora, dona Filomena Brígido, e se mudou para São
Gonçalo do Amarante, do qual é uma espécie de fundador, juntamente com
seu compadre José Procópio Alcântara.
A região era ocupada desde o século XVIII, quando foi construída a
igreja do Siupé e o clã dos Praibas passou a dominar a área. Neco,
ajudou a construir a matriz do povoado, em 1898, do qual ainda hoje
resta uma parede original, depois de tantas reformas, e seu sobrado,
misto de casa e armazém.
Rico e poderoso
Neco fez fortuna com o algodão, quando aumentaram as exportações e o
produto ganhou importância no mercado europeu, nas últimas décadas do
século XIX.. Comprava o algodão da região que era beneficiado na usina
de seu amigo Alcântara. Seu armazém era uma referência e como era dono
das terras autorizava que outros se fixassem nela, desde que leais a
ele. Era um coronel à moda antiga, um homem alto, que falava aos
sopapos, de paz, desde que não mexessem com ele, e padrinho de muita
gente.
Liderança política, Neco teria se envolvido na morte do coronel
Correia, de Caucaia, morto numa emboscada junto às pontes que separavam a
então Soure da capital, de onde ele vinha a cavalo, com um neto que
fugiu para pedir socorro.
A história, nunca esclarecida, envolvia a queda da oligarquia Acioli (
1911), de quem Correia era partidário. O certo é que ele vagou um
tempo, clandestino, apagando marcas, se arranchando nas casas dos seus
compadres, até se apresentar em Caucaia, e obter autorização para voltar
para São Gonçalo.
A formação
De poucas letras, Neco se inscreveu na história da cantoria de forma
atípica, como alguém das elites ( econômica e política) que dominou um
código que a partir de um certo instante passou a ser das camadas
subalternas.
Seu canto deve trazer influências das canções de ninar de suas amas
de leite, da fazenda em Sítios Novos, onde nasceu na véspera da festa de
Santa Luzia, dia de colocar seis pedras de sal no peitoril da janela
para saber se vai chover no dia seguinte.
Vale ressaltar que o Ceará viveu um longo período de mais de quarenta
anos sem secas no século XIX, o que fortalecia os negócios com
agricultura e pastoreio.
Neco também deve ter ouvido o torém, dança ritual dos Tremembé, donos
de parte do litoral oeste do Ceará, ter brincado de Moura Torta, Dona
Sancha, e outras heranças ibéricas, e na biblioteca de dona Filomena é
provável que estivessem livros de Carlos Magno, os românticos
brasileiros e, quem sabe, um Juvenal Galeno, que lançou suas Lendas e
Canções Populares no mesmo ano do nascimento do menino Manoel.
Esse sincretismo foi o caldo cultural que gerou Neco, amplificou sua
voz e fez dele um intérprete da cantoria em seus tempos primordiais, o
que hoje se chama pé de parede.
Herança
Dona Filomena conseguiu que Neco deixasse de cantar, mas, tarde
demais, ele já tinha deixado sua marca, e por isso ainda hoje ele é
lembrado. A decisão foi tão drástica que ninguém da família sabe onde
foi parar sua viola.
Um de seus filhos, Eretides, herdou o dom do pai. Participava de
cantorias, compôs poemas que falavam de bois e patrocinou um festival de
violeiros em sua fazenda, objeto de matéria da revista O Cruzeiro, dos
Diários Associados.
Eleito deputado estadual, em 1947, Eretides utilizava a cantoria em
suas campanhas políticas. Foi candidato a prefeito de Fortaleza, em
1950, derrotado pelo radialista Paulo Cabral de Araújo, não conseguiu se
eleger nas eleições de 1954 e 1958.
Uma de suas preocupações foi restabelecer o nome do município, que
havia sido trocado para Anacetaba, quando da redivisão territorial
promovida no período getulista.
Com a morte de dona Filomena, ele ficou macambúzio, envelhecia e não
era mais o coronel de antes. Todos os dias ia dava uma volta pela cidade
e diziam que ia ao cemitério rever a amada e companheira de tantos anos
e tantos embates.
Morreu, prosaicamente, de uma infecção intestinal, em 1940, mesmo ano
em que São Gonçalo passava a ser definitivamente município ( antes a
sede se revezava com Paracuru), morte pouco heróica para um homem que
ficou famoso pelo toque da viola, mas também pela valentia e pelo arrojo
de fazer de São Gonçalo a sua cidade em louvor ao santo violeiro.
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