Moradores do bairro Conjunto São Miguel, em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza), estão pagando entre R$ 0,50 e R$ 1 para atravessar o canal de balsa e ir a supermercado, escola e hospital, por exemplo. Eles ficaram ilhados há dez dias após a queda da ponte de madeira que permitia a travessia sobre o canal que separa o bairro. A construção de uma ponte de concreto é reivindicação da comunidade há pelo menos 20 anos.
Rafael Reis, 25, tem feito a travessia das pessoas pelo canal com a balsa. Ele explica que o problema é antigo e que os próprios moradores costumam improvisar a ponte. No entanto, no período de chuva, as águas levam a extensão de madeira. Ele lembra que um homem morreu há oito anos ao mergulhar no canal na tentativa de resgatar pedaços da ponte que havia caído. “Dessa última vez, outro rapaz foi pular embriagado e ia morrendo”, relatou.
A comunidade reclama ainda que o canal está sujo, com muito mato e exala mau cheiro. Dona Rosana Freitas, 60, visitava uma familiar na última sexta-feira, 15, do outro lado do canal. Com muita dificuldade, ela se equilibrava na balsa. “Tenho certeza que se eu cair nessa água meu couro cai”, dizia ela, referindo-se a problemas de pele que a água contaminada poderia causar.
A preocupação maior é com idosos, crianças e gestantes, já que a balsa não tem qualquer item de segurança. O banquinho é o único apoio, onde as pessoas sentam para não desequilibrar. A madeira da balsa pende para um lado e para o outro na hora de subir. O trajeto, que não dura dez segundos, se torna quase um século devido ao odor e medo de cair na água cheia de lixo e plantas crescidas. “Umas 200 pessoas por dia utilizam a balsa. Tem outro caminho, mas é muito longe, pela avenida Mister Hull”, explicou Rafael Reis.
A Prefeitura de Caucaia afirmou que tem “dificuldades orçamentárias permanentes” e solicitou ao Exército uma inspeção técnica. No momento, a Prefeitura aguarda a visita dos militares. A Prefeitura reconhece, em nota, a importância da construção de uma ponte de concreto na região. No entanto, não há previsão para a intervenção, pois depende da ajuda do Exército.
Ainda segundo a nota, em função da estação chuvosa, o prefeito Washington Gois teria determinado à Secretaria Municipal da Infraestrutura que acompanhe o pedido junto ao Exército, a fim de dar celeridade.
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