De janeiro a maio de 2018, 52 pessoas foram embora do Ceará, oficialmente. O número já é superior a todo o ano de 2017, quando 49 pessoas declararam saída definitiva à Receita Federal do Brasil. O aumento foi de 6,1%. Já entre 2013 e 2018, a emigração de quem morava no Estado registrou alta de 20,93%.
De acordo com a Seção de Comunicação Institucional da 3ª Região da Receita Federal, os números não representam o número de brasileiros que deixou o País para residir de forma definitiva em outro.
“Os dados representam as declarações de contribuintes residentes no Brasil, nacionais ou estrangeiros que informaram ao fisco que deixam o País de forma definitiva, de maneira que, rendimentos recebidos após tal data, sejam tributados na forma dos não residentes”, informou a Receita.
Ceará, Maranhão e Piauí compõem juntos a 3ª Região Fiscal da Receita. Dos três estados, o Ceará historicamente lidera, com maior fluxo de pessoas deixando o País.
Quem sai do Ceará para morar fora, escolhe Portugal, Canadá e Estados Unidos, principalmente.
O movimento de brasileiros para o exterior também cresce. Nos primeiros cinco meses, a Receita somou 20.037 declarações de saída definitiva, enquanto os 12 meses de 2017 somaram 21.849 declarações.
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Economista e pesquisador de finanças comportamentais, Érico Veras Marques diz que o movimento de saída dos brasileiros tem sido motivado pelo "delicado momento" econômico, politico e social.
"Há um desalento nesses aspectos. Então, algumas dessas pessoas que têm condições financeiras razoáveis, buscam outro canto. Principalmente quem tem filho, busca propiciar uma situação melhor para a família, no futuro", comenta.
Para Leandro Vasques, advogado criminalista e ex-presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública, a violência no Ceará é também uma das principais razões para o êxodo.
"Além do horizonte mais confortável economicamente, é indiscutível que a insegurança generalizada causou isso. O desejo de caminhar pelas ruas tranquilamente, de fugir da violência urbana. Agora, são pessoas sendo mortas pela própria Polícia e assassinatos numa escala de guerra civil", pontua Leandro.
Outro impacto tido é quanto à saída de jovens em busca de oportunidades lá fora. A chamada "fuga de cérebros" impacta em prejuízos para o desenvolvimento econômico e científico do Brasil, segundo o advogado.
Quer morar fora?
O economista Érico Veras Marques dá dicas:
Faça uma viagem ao País pretendido, antes da decisão definitiva de deixar do Brasil. "Não uma viagem de turismo, mas de adaptação e programação. Ir embora não é aventura, estamos falando de uma decisão de vida", adverte.
Considere o choque cultural e as diferenças de leis e sistemas de educação e saúde, por exemplo. "Em alguns países, não há facilidades que a gente tem aqui. Na Europa, conseguir mão de obra doméstica pode ser mais difícil", exemplifica Érico.
Calcule a renda, os custos de vida no destino, o consumo e o padrão de vida que você terá.
Antes de tomar a decisão de deixar o Brasil, confira os detalhes jurídicos, a possibilidade de visto e permanência. Se for montar uma empresa lá, a imigração e o sistema de impostos podem ser empecilhos.
Prepare plano B, para caso a mudança não ocorra como o planejado. Mantenha reserva de dinheiro e não se desfaça de todos os bens no Brasil.
Converse com pessoas conhecidas que já moram ou moraram no país pretendido. Defina objetivos claros e emprego ou fonte de renda fixa.