O ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), prorrogou por mais dez dias o prazo de internação de João Teixeira de Faria, o João de Deus,
no Instituto de Neurologia de Goiânia. Preso em caráter preventivo
desde 16 de dezembro, ele é acusado de ter abusado sexualmente de
dezenas de frequentadoras de um centro espírita, em Abadiânia, Goiás.
Foi o mesmo ministro do STJ que, em 21 de março, autorizou João de
Deus a deixar o Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, na Região
Metropolitana de Goiânia, para ser internado em um hospital particular.
No pedido de transferência para a unidade de saúde, os advogados
alegaram que o médium tem problemas de pressão arterial e um aneurisma
da aorta abdominal, “com dissecção e alto risco de ruptura”, precisando
de atenção médica especial.
A primeira decisão do ministro do STJ foi confirmada no último dia
11, pela Sexta Turma do STJ, à revelia do Ministério Público de Goiás
(MP-GO), que se manifestou no sentido de que João de Deus fosse
submetido a novos exames para confirmar a necessidade de sua internação
em hospital particular. O prazo inicial terminou no último sábado (20).
Ao prorrogar a internação, o ministro do STJ determinou que os
médicos informem sobre a previsão de alta hospitalar e o estado de saúde
de João de Deus.
A permanência dele em estabelecimento particular já tinha sido
questionada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério
Público de Goiás (MP-GO), que ofereceram cinco denúncias contra o
médium.
Procuradores e promotores questionaram os laudos médicos apresentados
pela defesa, recomendando que ele fosse submetido a novos exames a fim
de verificar a real necessidade de sua permanência no instituto
neurológico.
Já a defesa alegou que a demora na hospitalização piorou
significativamente o quadro clínico do paciente. De acordo com boletim
médico juntado aos autos do processo, o médium está em tratamento de
pneumonia, e não há previsão de alta.
Os promotores de Justiça de Goiás continuam ouvindo o depoimento de
supostas vítimas. Os casos, se confirmados, não resultarão em novas
denúncias, já que prescreveram, mas serão levados em conta nos
inquéritos em curso. João de Deus nega todas as acusações.
(Agência Brasil)