Deve ser votado, nesta quinta-feira, na
Assembleia Legislativa, o novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração
(PCCR) dos servidores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que
extingue 124 cargos e cria outros 112. A proposta, em tramitação na Casa
desde fevereiro, motiva disputa entre os servidores que vieram do
extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e os originários da
Corte de Contas estadual.
A emenda constitucional que extinguiu o TCM determinava que um novo
PCCR do TCE, após a junção do corpo técnico dos tribunais, deveria ser
enviado em até 90 dias para a Assembleia. Desde então, a presidência da
Corte tenta chegar a consenso com os servidores, que vivem em clima de
animosidade.
Em média, os técnicos do extinto TCM recebiam salários mais altos.
Enquanto a carga horária deles era de oito horas diárias, os do TCE
cumpriam seis horas por dia. A proposta equipara os regimes de trabalho
em seis horas diárias. Os reajustes na tabela salarial para os últimos
concursados do TCM também ocorriam de forma mais "veloz" e até mais
"generosa".
Pressão
Representantes dos dois lados passaram a pressionar deputados, nas
últimas semanas, em prol de alterações na proposta. O projeto, que teve
tramitação em regime de urgência aprovada na Casa, chegou a receber
emendas nas comissões, de autoria do líder do Governo, Júlio César Filho
(Cidadania).
Nesta quinta, a expectativa é de que eles cheguem a um acordo que
concilie os interesses. Ontem, na véspera da votação, as categorias se
reuniram. De qualquer forma, os servidores que integram o corpo técnico
do TCE não sairão prejudicados. O plano encaminhado pela Corte de Contas
mantém o aumento salarial.
A nova tabela estabelece 23 referências, que são as promoções na
carreira. Os vencimentos dos técnicos de controle externo, por exemplo,
vão de R$ 4.258,07 a R$ 18.864,94. Já o salário inicial de um analista
de controle externo é de R$ 5.531,18 e pode chegar a R$ 24.505,35.
Há, ainda, gratificações por execução de trabalho relevante técnico
ou científico (GTR). Pela proposta, serão concedidas, por mês, 56
gratificações do tipo, no valor total de R$ 151.597,73. Diante do
arrocho fiscal do Governo do Estado, deputados falam, nos bastidores,
que servidores reclamam de "barriga cheia".
Economia
O TCE sustenta que a despesa com pessoal diminuirá nos próximos anos
mais de R$ 10 milhões com o novo plano de cargos e carreiras. Se for
aprovado, em 2020, a Corte prevê gastar R$ 174,5 milhões, menos do que
os R$ 177,1 milhões que gastaria com a vigência dos atuais planos de
cargos.
Por outro lado, a proposta prevê a criação de 112 cargos
comissionados enquanto extingue 124. Com isso, o Tribunal fica com 242
cargos em comissão, para 440 cargos efetivos preenchidos. A criação dos
comissionados representará um gasto de R$ 701,8 mil para o Orçamento do
TCE.
Porém, segundo o presidente da Corte, conselheiro Edilberto Pontes,
as remunerações das funções comissionadas foram reduzidas em 20%.
Ele argumenta que, com novas atribuições após fusão do TCM, setores
precisaram ser reforçados. "O TCE do Ceará tem orçamento muito menor
(cerca de metade) do que o TCE de Pernambuco, por exemplo. A estrutura é
e continuará enxuta, mas são necessários meios para realizar a tarefa
de controlar tantos municípios e todo o Estado, num orçamento
fiscalizado de mais de R$ 50 bilhões".
Extinção do TCM
Em 2017, o Tribunal de Contas dos Municípios foi extinto após acusações
de interferência política de conselheiros na eleição da Mesa Diretora da
Assembleia Legislativa. O episódio levou à ruptura do grupo governista
com o grupo do conselheiro Domingos Filho. A PEC, apresentada pelo
deputado Heitor Férrer (SD), passou a ser apoiada pela base.
Demora do novo plano
O novo plano de cargos e carreiras do TCE, após a fusão, deveria ter
sido apresentado em 90 dias. No entanto, o presidente da Corte,
conselheiro Edilberto Pontes, relatou que não houve consenso entre os
servidores. Ele defende, porém, que o plano enviado para a Assembleia é
“o mais justo” com a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos
públicos.
dn