Uma vida dedicada ao Judiciário cearense. Perto de completar 72 anos, o jornalista Luciberto Forte acumula 50 anos de serviços prestados à Corte, sendo quase três décadas atuando na Assessoria de Comunicação do TJCE. Esse é o destaque de hoje da série #MEUTRABALHOEMCASA
Ele lembra de todos os detalhes daquele dia 4 de maio de 1970. Era uma segunda-feira, sete horas da manhã, quando Luciberto Forte entrou pela primeira vez no prédio do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), situado na rua Barão do Rio Branco, 1.200, para assinar a carteira de trabalho e iniciar o serviço na Zeladoria.
Pela manhã, fazia faxina nos departamentos e limpava os banheiros, na companhia do amigo Luís Gonzaga Coelho, que também trabalha no TJ até hoje. À tarde, vestia o paletó cedido pelo Tribunal e servia cafezinho nas sessões da Corte, que na época contava com apenas 11 desembargadores. O rapaz extrovertido em pouco tempo já era conhecido por todos os servidores e magistrados.
O jeito comunicativo chamou a atenção do desembargador Osvaldo Hortênsio de Aguiar, presidente do TJCE naqueles idos, que achava Luciberto a “cara de um professor de Filosofia”, por conta dos óculos de armação pequena e quadrada. Em menos de um ano, ele foi transferido para o Protocolo, encarregado de levar as determinações administrativas e judiciais para publicação. Não existia Diário da Justiça, apenas o Diário Oficial do Estado. Todas as tardes, Luciberto pegava os volumosos e pesados livros, saía da antiga sede do TJCE, situada perto do Romcy e atrás da Mesbla, e caminhava até a rua Senador Pompeu, onde ficava a Imprensa Oficial.
Em 1975, foi aprovado no concurso para datilógrafo e passou um tempo na Sessão de Contabilidade, elaborando a folha de pagamento dos desembargadores, digitada em oito vias na máquina olivetti. Depois, passou um período à disposição da Junta Comercial do Estado, como secretário da Comissão de Licitação, e entrou no curso de Jornalismo na Universidade Federal do Ceará.
EM CONSTANTE EVOLUÇÃO
Quando foi criado o cargo de Relações Públicas do TJCE, na década de 1980, Luciberto era o único servidor com habilitação. Nessa época, a sede do Tribunal foi transferida do Centro da cidade para o bairro Cambeba. Anos depois, era instalada a Assessoria de Imprensa, onde começou a trabalhar sob a chefia do jornalista Chico Alves.
Para o servidor de 71 anos, parece que foi ontem. Mas já se foram 25 Gestões e muitas mudanças vivenciadas, em uma trajetória que se confunde com a própria história do Tribunal de Justiça. Ambos evoluíram da máquina de datilografia para a era dos computadores e smartphones, do papel para o processo eletrônico.
Atuando em home office desde março por determinação do TJCE, para conter o avanço do novo coronavírus, Luciberto mantém a rotina de acompanhar as sessões (agora virtuais) das Câmaras, fazer o levantamento da produtividade e dos plantões dos desembargadores.
Morando somente com a esposa, Luciberto vai adaptando-se às novas tecnologias, “aprendendo sozinho a mexer nas coisas e pedindo ajuda dos colegas mais jovens”, conta. A casa que se tornou o local de trabalho é também onde ele guarda com carinho as placas de homenagens que já recebeu: em 2004, no Dia do Servidor Público, e em 2015, pelos 45 anos de relevantes serviços prestados à Justiça.
Luciberto está cumprindo à risca o distanciamento social, mas diz que não vê a hora de tudo voltar à normalidade e poder fazer o que mais gosta: “bater papo, me movimentar, subir e descer aquelas escadas, conversar com as pessoas”. Disse que completa 50 anos de serviço ainda com o mesmo entusiasmo do jovem de 22 anos no seu primeiro dia de trabalho. “Cansado? Não. Só me aposento na compulsória, que eu chamo de ‘expulsória’. Ainda faltam mais três anos”, conclui, com seu bom humor característico.
tjce