O ano de 2021 segue sem a perspectiva da retomada de eventos. No Ceará, Fortaleza vive o segundo lockdown, entre outros municípios do Interior. As lives já não tem a mesma força em arrecadação como no ano passado. A saída para alguns nomes da música foi a venda de bens para manter funcionários. O cantor de forró Junior Vianna, natural de Iracema, foi um dos atingidos com os efeitos da paralisação do setor de eventos e precisou vender veículos e até gado.
Junior Vianna revelou à coluna que tinha dois ônibus e vendeu um deles por R$160 mil. Na garagem, ele também guardava três carros, modelo doblò, e precisou repassar um. Um prédio comercial também entrou na lista de bens negociados pelo cearense. Além de imóveis e veículos, o forrozeiro vendeu 70 touros da raça girolando.
Para poder manter 32 funcionários — instrumentistas, produtores e escritório — durante o ano de 2020 e até agora, ele também precisou negociar salários pela metade. “A gente tocava, em média, 35 shows por mês antes da pandemia. A arrecadação era boa. Caiu para zero”, revelou Junior Vianna. Por mês, a folha de pagamento do forrozeiro gira em torno de R$ 62 mil.
“Não estamos pagando o salário todo dos músicos. A gente sentou e conversou. Mostramos as dificuldades. Eles mesmo estão sentindo. Estamos pagando a metade. Por exemplo, se o cara ganhava R$3 mil, agora estou pagando R$1,5 mil”. Os últimos eventos realizados pelo forrozeiro aconteceram no Rio de Janeiro, em festas privadas. Outra renda que ajudou em parte a manter a vida do cearense foram valores das produções musicais no YouTube e demais plataformas de streaming.
Assim como Junior Vianna reduziu os salários dos funcionários, milhares de empresas aderiram ao Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) em 2020. A iniciativa do governo federal autorizava a redução da jornada e do salário do empregado por 25%, 50% ou 70%. A diferença salarial foi paga pela União, por um benefício.
O cantor cearense aguarda uma nova rodada do auxílio para poder manter os funcionários. “Não cheguei a dispensar ninguém. Todo mundo segue banda. No próximo mês vamos ver o que farei, pois, tenho que arrumar dinheiro”.
Medidas de isolamento
O governador Camilo Santana (PT) decretou lockdown em Fortaleza no dia 5 de março com duração até o dia 18. No período, somente atividades econômicas consideradas essenciais podem funcionar. A restrição também foi recomendada aos municípios cearenses em situação sanitária mais crítica. Cidades como Catarina, Itapipoca, Pentecoste, Mombaça, Palhano, que possuem agendas de shows pela maioria dos forrozeiros, aderiram ao fechamento de atividades não essenciais.
Junior Vianna diz compreender o enfrentamento contra a doença e que acompanha as transmissões oficiais do governo com medo. “Cada vez que o governador vai para uma live e vai se pronunciar ficamos de orelha em pé. Sabemos que tudo está em jogo. No Ceará está tudo fechado, todas as cidades. Hoje é o Brasil todo que está assim. Ficamos na esperança: ‘Será que vão flexibilizar?’. Esperamos que tudo passe logo”.
Vale destacar que o governo estadual criou um auxílio financeiro para os profissionais do setor de eventos do Ceará no valor de R$1 mil. No caso dos funcionários de Junior Vianna, eles não possuem o direito, pois é vedado a obtenção do benefício para profissionais que tenham emprego formal ativo.
dn