A prorrogação do lockdown no Ceará elevou a temperatura das cobranças do setor produtivo pela reabertura. O discurso de compreensão das semanas anteriores deu lugar a um tom bem mais incisivo, principalmente entre representantes do comércio, cujo peso na economia é colossal. Parte do varejo esperava retomar as atividades hoje (5) e foi aturdida pelo anúncio da noite de ontem.
Embora o governador Camilo Santana frise a cada semana que a prioridade é reduzir a pressão sobre o sistema de saúde nesta fase de ápice da pandemia, a tensão econômica é um fator indubitavelmente incluído na equação. A própria sinalização de iniciar a reabertura no dia 12 de abril configura um aceno a estes setores cujos pavios estão encurtando.
Na semana passada, a Fecomércio-CE divulgou pesquisa segundo a qual 71% dos empresários cearenses são contra o lockdown. Ainda conforme o levantamento, 60,9% das pessoas consultadas relataram que estão saindo de casa mesmo com as medidas de isolamento social rígido.
Os dados da pesquisa indicam que parte do empresariado considera o lockdown de 2021 menos eficaz em relação ao do ano passado.
Auxílio, redução de jornada e 13º do INSS
Neste ano, cabe lembrar, trabalhadores e empresas não contam com os alicerces econômicos de 2020.
- O auxílio emergencial só agora volta a ser pago e com valores insuficientes para a subsistência das famílias;
- O programa BEm de redução de salários e jornadas, que evitou demissões e deu fôlego importante às empresas em meio à calamidade, ainda está sendo costurado pelo Ministério da Economia;
- E nada ainda de anúncio oficial sobre a antecipação do 13º dos aposentados do INSS.
O cenário econômico mais desértico de 2021, aliado a outros elementos de DNA político e social, coloca o comitê estadual em um dilema dos mais desafiadores.
Em momentos assim, é medular que as decisões sejam tomadas exclusivamente com base em anteparos técnicos. E sim, isto deve ponderar tanto os aspectos de saúde como os econômicos, pois se depreendeu ao longo desta interminável e exaustiva crise que é impossível tratar os dois separadamente.
DN