Uma das grandes referências da radiofonia cearense - quiçá brasileira - é Moésio Loiola.
Conheci-o na década de 1970. Eu (repórter do O POVO), Moésio Loiola, Zé Linhares, Océlio Pereira ... Cobriamos Fortaleza.
Teve um ano que o Fortaleza estava muito mal. O Ceará dava baile e ganhara dois dos três turnos.
No microfone, Moésio bateu forte no time porque o Fortaleza era só peia. Claro que batia com o intuito de ajudar. Numa segunda-feira Moésio bateu mais forte para tocar no âmago do elenco. No dia seguinte, terça, Moésio, um magro alto, uns 23 anos, chegou no Pici para cobrir as atividades do dia. A torcida o cercou como se quisesse agredi-lo. Moesio a nada respondia. Nós, também repórteres, ficamos ali ao lado do Moésio como um tipo de proteção.
Eu era do O POVO e correspondente da Revista Placar. Aproveitei o mote e com base nas informações do Moesio, fiz uma matéria para a Revista Placar, da qual fui correspondente por 10 anos no Ceará (ser funcionário da Editoria Abril não era para todos...😂).
Na matéria para a Revista contei a situação do Fortaleza.
Minha intenção também era mexer nos brios da diretoria e do elenco, assim como Moésio Loiola fazia na extinta Rádio Uirapuru da rua Quintino Bocaiuva, 962.
Pois bem. Fui nos Correios do centro, gravei e mandei a matéria pelo Telex (é o novo, saudoso Neno Cavalcante!).
Lá em São Paulo, porém, aconteceu o que não esperava. Quem titulava as matérias era o competente chefe de redação da Placar, o saudoso Marcelo Rezende.
Sabe qual foi o título da minha matéria?
"Bagunça Futebol Clube".
Rapaz, a Placar tinha muita moral. Toda semana esgotava e era uma dor de cabeça para a Distribuidora Alaor. Ela vivia ligando pra São Paulo pedindo mais revistas.
Sim, o mundo desabou, agora em cima de mim. Mas não liguei porque a imprensa existe, justamente, para cobrar o certo.
O resultado foi o seguinte: o time do Fortaleza se tocou e foi pra cima do Ceará, ganhando o terceiro turno.
Ceará (dois turnos) e Fortaleza (um turno) foram pra decisão com o Ceará jogando pelo empate para ser campeão.
O Fortaleza venceu três seguidas, uma das quais de 4 a 0, e levou o título para o Pici, num dos titulos mais emocionantes do Fortaleza, considerado na época uma Fênix, a ave que renasce das cinzas, segundo a mitologia grega.
Então, Igor Loiola, esta é uma das histórias de seu pai, que sempre foi grande na acepção da palavra e defensor dos mais sofridos e marginalizados. Foi exemplo como parlamentar, com que convivi de perto quando eu cobria as atividades da Assembleia Legislativa para o Diário do Nordeste, e como prefeito de Campos Sales.
Moésio Loiola sempre foi sério, honesto, leal e grande profissional. Siga-o e você, também, será um grande homem ...
PS - Igor, mostre pra ele e veja se Moésio lembra desta história?
Dê meu abraço de parabéns ao Moésio Loiola pelo aniversário e pelo restabelecimento da saúde.
Luciano Santos
Jornalista”
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