O tema “Desafios do Movimento Outubro Rosa em tempos de pandemia:
prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama” foi
debatido em roda de conversa realizada na manhã desta segunda-feira
(25/10) pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do
Centro de Apoio Operacional da Saúde (Caosaúde). O evento teve como
objetivo reforçar os pilares conceituais que inspiraram a criação do
movimento “Outubro Rosa”, conforme orienta a Sociedade Brasileira de
Mastologia. A roda de conversa está disponível na íntegra no canal do
MPCE no Youtube.
Compuseram a mesa virtual a procuradora de Justiça Isabel Pôrto,
coordenadora auxiliar do Caosaúde e ouvidora-geral do MPCE; o médico
Luiz Gonzaga Porto Pinheiro, que é professor titular da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), presidente da Sociedade
Cearense de Cancerologia e ex-chefe do Serviço de Mastologia da
Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac); a psicóloga e
psicanalista Silvana Costa Castelo Branco; a administradora hospitalar
Ana Valéria Mendonça, coordenadora do Movimento Outubro Rosa no Ceará,
integrante do Conselho Estadual de Saúde do Ceará (Cesau) e coordenadora
da Comissão da Diversidade dos Sujeitos do SUS (CDSUS); e a paciente em
processo de remissão do câncer de mama Carmen Ximenes Braz, que também é
advogada, mãe, pintora e artesã.
A procuradora de Justiça Isabel Pôrto deu início à roda de conversa,
agradecendo a participação de todos e enaltecendo a qualificação dos
debatedores. A coordenadora auxiliar do Caosaúde ressaltou que o evento
foi promovido para discussão, aprofundamento e conscientização acerca da
importância do tema, que deve ocorrer durante o ano todo e não apenas
no mês de outubro. A ideia é fortalecer o combate ao câncer de mama,
reduzindo a mortalidade e melhorando a saúde das mulheres. “O Movimento
Outubro Rosa é emblemático exatamente para fazer esse chamamento da
sociedade como um movimento integral, articulado, para conscientizar
sobre essa situação da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento
do câncer de mama, em particular, neste tempo difícil que vivenciamos
desde 2020, que é a pandemia da Covid-19″, salientou a procuradora.
O médico Luiz Gonzaga Porto Pinheiro apresentou dados da cobertura
mamográfica e de óbitos causados pelo câncer de mama, expôs desafios
trazidos pela pandemia, mencionou o trabalho realizado pelos agentes de
saúde e traçou um panorama mundial. “Nos países desenvolvidos, as
medidas preventivas, o rastreamento do câncer de mama efetivo e o
tratamento disponível dá um resultado de sobrevida muito maior e um
número de mutilações muito menor, diferente da nossa situação em que a
regra é a maioria dos tumores de mama muito avançados, um diagnóstico
ainda feito de maneira precária e consequentemente a mortalidade muito
alta”, contextualizou.
A psicóloga e psicanalista Silvana Costa Castelo Branco explanou que o
câncer de mama vai além da questão física, atingindo as emoções e a
feminilidade. Ela também citou as dificuldades de algumas mulheres com o
autoexame de mama, dos tabus em relação ao corpo, dos medos, dos
sentimentos após recebimento do diagnóstico, entre outros. “Cada mulher
reage de acordo com a sua história de vida, com as suas dificuldades,
com as suas limitações, com a forma de enxergar este mundo. Então cada
mulher tem um olhar diferente para a doença”, afirmou.
A ativista social e coordenadora do Movimento Outubro Rosa no Ceará,
Ana Valéria Mendonça, apresentou os eixos do Outubro Rosa, os resultados
alcançados e fez um histórico sobre o movimento, que atualmente
acontece em todos os 184 municípios cearenses. “O movimento nestes 13
anos tem se fortalecido como um movimento social. Até 2013, nós fazíamos
serviços, grupo de apoio, todo mundo num formato só. De 2014 para cá,
nos descolamos do ponto de vista desse movimento geral e assumimos a
postura de ser movimento social”, declarou.
E a paciente em processo de remissão do câncer de mama Carmen Ximenes
Braz, relatou a experiência dela no enfrentamento à doença, destacando o
privilégio de receber apoio da família e dos amigos e de ter tido
acompanhamento médico durante o tratamento. “A pessoa fazer o
tratamento, lutar, não se entregar, é muito determinante no tratamento,
além de eu ser uma privilegiada. Eu sei que muitas pessoas não tiveram a
mesma oportunidade que eu em ter sido tão bem assistida, ter sido tão
bem acolhida, mas eu não protelei, eu me priorizei”, contou.
mpce