domingo, 24 de fevereiro de 2013

Ceará: 120 mil acumulam ocupações


São pessoas que além do emprego principal optam por uma segunda atividade seja por necessidade ou prazer

Há profissionais que, durante a semana, trabalham em escritório ou consultório, e no fim de semana tocam em uma banda. Existem também aqueles que se dividem entre o mercado e a vida acadêmica, transmitindo conhecimentos FOTO: KIKO SILVA

Tem gente que de dia está em um emprego, e de noite está em outro. Tem gente que, durante a semana, trabalha em escritório ou consultório, e no fim de semana toca em uma banda. Há aqueles que, em um turno, dão aulas para universitários, e em outro, também atuam no mercado. E ainda tem aqueles que, além do seu emprego principal, é árbitro de partidas de futebol aos domingos, ou faz bicos de eletricista, mecânico e por aí vai.

Seja por necessidade ou não, a decisão de assumir dois ou mais trabalhos é a realidade de aproximadamente 120 mil cearenses, conforme o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados referentes a 2010.

Em Fortaleza, são 46,6 mil (38,8% dos 120 mil) em duas ou mais atividades.

Por mais que não seja difícil encontrar alguém nesta situação, o número apontado representa apenas 3,6% do total de pessoas ocupadas no Estado. Mesmo assim, o cenário encontrado em 2010 configura um aumento de 52% na comparação com o ano 2000, quando o contingente era de 79,2 mil cearenses, 3% dos 2,5 milhões de ocupados na época.

Perfil

Em 2010, o perfil desse tipo de profissional, no Ceará, é traçado da seguinte forma: a maioria é homem (59,6%), tem entre 30 e 39 anos (30,8%), mora em zonas urbanas (86%) e tem uma jornada semanal entre 40 e 44 horas (31,1%).

Em âmbito nacional, são 3,7 milhões de brasileiros que ocupam duas ou mais atividades. A maior parte se encontra em São Paulo: 751 mil (20,26% do total no Brasil). O Ceará é o décimo no ranking de estados, com 3,25% do País. Entre os nordestinos, ocupa a terceira posição, atrás de Bahia (230 mil, 6,2%) e Pernambuco (137,5 mil, 3,7%).

Reveses

A opção, apesar de significar mais dinheiro no bolso, e, dependendo do caso, um currículo mais recheado, também trás alguns revés, como menos tempo para se dedicar à família, a amigos, a estudos e a lazer, sem falar no cansaço acumulado ao fim da jornada. Cada escolha é uma renúncia (ou várias renúncias), avisa o ditado popular.

Motivação

Para Valéria Mota, gerente de seleção da MRH Gestão, empresa especializada em recursos humanos, a decisão de assumir uma segunda atividade vai muito além da necessidade de ampliar a renda. "Muitos o fazem por realização pessoal e profissional. Por exemplo, você tem um emprego que te paga bem e que te satisfaz, no entanto, também tem o sonho de dar aulas em faculdades. Você não precisa deste segundo emprego, mas o faz pelo prazer", explica.

Outra situação, segundo Valéria, é o chamando "plano B". "Empresas privadas podem não ser estáveis, então, em caso de falência ou corte de gastos, você pode acabar sendo demitido. Para não ficar sem nada, a alternativa é procurar uma segunda ocupação", afirma.

Para o IBGE, para se enquadrar na categoria trabalho, o cidadão precisa estar desenvolvendo alguma atividade que produza bens ou serviços, sem a necessidade der remunerada. Ou seja, até mesmo um trabalho voluntário que um jovem exerça na empresa de seu pai ou uma dona-de-casa podem ser considerados pessoas ocupadas.

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