O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio da 137ª 
Promotoria de Justiça de Fortaleza – Defesa da Saúde Pública, promoveu 
audiência virtual nesta quinta-feira (25/11), para discutir providências
 a serem adotadas para sanar a atual situação da superlotação do 
Hospital Geral Dr. César Cals e da rede de obstetrícia e neonatologia no
 Município de Fortaleza. A reunião aconteceu após o MPCE fazer relatório
 de fiscalização a partir de visitas realizadas a diversos hospitais da 
capital e às Centrais de Regulação de Leitos do Estado e do Município, 
nesta semana.  
A audiência foi conduzida pela promotora de Justiça Ana Cláudia 
Uchoa, titular da 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, e contou com a
 participação, também representando o MPCE, do coordenador do Centro de 
Apoio Operacional da Saúde (CAOSAÚDE), o promotor de Justiça Enéas 
Romero de Vasconcelos; e da analista da Assessoria Psicossocial das 
Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde Pública, Tâmara Reis de 
Norões.  
Na ocasião, foram relatados pelos representantes do MPCE problemas 
referentes à subutilização dos leitos, falta de profissionais, de 
insumos e de medicamentos. A desativação de leitos da Covid-19 e não 
devolução à rede obstétrica e ginecológica também foi colocada em pauta,
 assim como o fechamento temporário da emergência da Maternidade- Escola
 Assis Chateaubriand (MEAC).  
Em relação às Centrais de Regulação de Leitos, foram relatadas falhas
 referentes à falta de transparência e controle dos leitos disponíveis 
na rede; ausência de atualização sobre os dados em tempo real, defasagem
 do sistema e que o Instituto Doutor José Frota (IJF) está gerindo a 
regulação de leitos de forma independente sem disponibilizar vagas e 
informações para a rede de saúde descumprindo a lei da regionalização. 
Sobre o HGCC, foi informada situação de superlotação, número elevado de 
recém-nascidos nas salas, o que potencializa risco de infecção e morte 
dos recém nascidos. 
Ante os fatos, após a reunião ficou determinado que até o dia 20 de 
dezembro de 2021 devem constar no IntegraSUS dados transparentes sobre a
 regulação infanto-materno com informações sobre cada hospital, listando
 quantas vagas há disponíveis, a fim de que seja feito o monitoramento 
das filas e dos leitos como vem sendo feito com Covid-19. 
Posteriormente, deve ser ampliado para toda a rede. No dia 1º de 
dezembro, às 14 horas, haverá uma nova reunião na Secretaria Municipal 
da Saúde (SMS), com o objetivo de finalizar a questão dos protocolos 
clínicos de regulação infanto-materno para que haja critérios unificados
 r não haja mais recusa de pacientes de modo arbitrário. A Sociedade 
Cearense de Pediatria ou representante do grupo de neonatologia da rede 
assistencial do Município e do Estado serão convidados a participarem da
 audiência do dia 1º.  
Ainda como encaminhamento do encontro, ficou determinado que um plano
 será elaborado pelo Estado e pelo Município de Fortaleza, para ampliar a
 capacidade de atendimento e definir o perfil assistencial de cada 
hospital da rede, com dados sobre perfil de paciente, unidades de saúde 
habilitadas às redes estadual e municipal, quantos estão em operação e a
 capacidade instalada. O plano deverá ser encaminhado à 137ª Promotoria 
de Justiça de Fortaleza e apresentado na reunião.  
Conforme sugestão da Coordenadoria de Regulação, Avaliação, Controle e
 Auditoria das Ações e Serviços de Saúde (CORAC) da SMS, foi definido 
que todos os diretores da rede municipal, bem como os contratualizados, 
serão oficiados para que o aceite a novos pacientes seja dado somente 
quando o paciente estiver no perfil do hospital e conforme 
acompanhamento da regulação por meio do IntegraSUS. Além disso, a SMS 
deve avaliar a ampliação dessa decisão quanto aos partos de médio risco e
 informar à Promotoria as medidas possíveis.  
Aos hospitais da rede municipal, o MP definiu que todos devem 
alimentar, em tempo real, o sistema com informações sobre altas 
hospitalares, para que a regulação desempenhe seu papel corretamente. A 
138ª Promotoria de Justiça de Fortaleza acompanhará a questão da 
estratificação de risco e matriciamento na atenção básica, inclusive das
 gestantes no período pré-natal.  
Também estiveram presentes na audiência representantes do HGCC, do 
Conselho Regional de Medicina (Cremec), da Central de Regulação de 
Leitos do Estado e do Município, do Hospital Gonzaga Mota de Messejana, 
da MEAC, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, do Hospital e 
Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann, do Hospital Geral de Fortaleza 
(HGF), do Gonzaguinha do José Walter, da SMS e da SESA.