O deputado Capitão Wagner Sousa (PR) criticou, na sessão plenária desta terça-feira (04/10) da Assembleia Legislativa, a logística de segurança pública do Governo Cid Gomes. Para ele, falta vontade política no sentido de acabar com a onda de criminalidade vivida no Ceará. "O que precisa acontecer para resolvermos esse problema?", indagou.
Segundo o republicano, a pacificação da Favela do Alemão, no Rio de Janeiro, foi fruto desse arranjo político. "Aqui, criaram o Território da Paz no Bom Jardim. De paz, só tem o nome", comparou, lamentando a evasão de quadros da Polícia Militar para outras instituições.
Wagner disse que muitos PMs preferem sair da Corporação a continuarem trabalhando sem incentivo, sobretudo salarial e de escalas de plantão. "Tem homem trabalhando 98 horas semanais no Interior. Por ano, mais de 100 saem", citou, contabilizando a morte em serviço de 14 policiais só neste ano.
Em aparte, o deputado Ferreira Aragão (PDT) afirmou ser "fácil" reduzir os índices de violência no Estado. "Temos que fazer escola, levar biblioteca pros bairros, lazer, cultura, entretenimento e trabalho. Isso é 70%. O resto é com a Polícia", pontuou.
O deputado Paulo Duarte (DEM), no entanto, avaliou as sugestões do pedetista como algo a ser feito "em longo prazo, quando a sociedade exige uma resposta imediata". O democrata discordou da reintegração dos PMs excluídos à instituição por meio de liminares judiciais. Conforme Duarte, muitos saíram por envolvimento em assaltos, crimes de pistolagem etc. "É muito difícil fazer segurança dessa forma. O que a gente vê é uma sociedade refém da bandidagem", considerou.
O deputado Roberto Mesquita (PV) informou que no bairro Pan Americano, em Fortaleza, a situação assemelha-se à Faixa de Gaza, no Oriente Médio. "Muito sangue já escorreu naquele asfalto. As ruas separam inimigos e as crianças são ensinadas a serem inimigas das outras. Todo dia tem assassinato", frisou.
O deputado Fernando Hugo (PSDB) alertou para o alto número de morte de PMs durante expediente. "É tempo de deixarmos de pensar em mostrarmo-nos como país de primeiro mundo, com viaturas de altíssima qualificação, e a remuneração ser cotada com país de quarto mundo. Isso envergonha-nos e corta o estimulante cívico de qualquer ser humano", opinou.
Por fim, a deputada Dra Silvana (PMDB) disse que também levantará a bandeira de uma segurança pública melhor. "Os policiais fazem porte de uma categoria que não faz greve. Arriscam a própria vida ao nosso favor", sublinhou.
BC/CG