O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que cerca de 85,5% dos exatos 20.697 índios
que vivem no Ceará estão fora das terras índigenas reconhecidas pelo
Governo Federal, segundo os dados do Censo 2010 divulgados nesta
sexta-feira (10). O percentual equivale a quase 18 mil índios,
o que indica a necessidade de ampliação e criação de novas terras, mas
também aponta para um aumento da migração em busca de educação e de
renda.
Para o professor
de antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp), José Maurício
Arruti, a migração econômica é uma das explicações para a quantidade de
índios fora das aldeias reconhecidas, mas não o único fator.
“Tem a ver também com o estabelecimento de núcleos antigos de migração
[nas cidades] e com problemas territoriais na origem, que expulsam,
principalmente novas gerações”, afirmou.
No Ceará, a situação é essa:
Outra razão que pode explicar o aumento de índios fora da área original é um fenômeno chamado etnogênese,
quando há “reconstrução das comunidades indígenas” que supostamente
teriam desaparecido. Há indícios de que seja o caso da Região Nordeste,
onde 54% dos índios vivem fora de suas terras, segundo o professor de
antropologia da Unicamp.
Crescimento populacional
O
professor observou, porém, que houve um aumento de grupos indígenas no
Ceará e explicou que esse crescimento pode existir mesmo que não haja
uma quantidade de terras suficientes. “Observando o aumento de grupos
indígenas no Ceará, por exemplo, nos últimos 20 anos, é de se imaginar
que o aumento da autoatribuição tem a ver com a ampliação de grupo
indígenas no estado, estejam eles em terras indígenas ou não”, avaliou
Arruti, mas sem descartar que mais pesquisas e dados são necessários
para apontar as razões para o número de índios fora das terras.
A
pesquisa também mostrou que 1.361 pessoas que não se declaram declaram
índias habitam nas terras indígenas do Ceará. A responsável pela
pesquisa, Nilza Pereira, explicou que a categoria índios foi inventada
pela população não índia e, por isso, alguns se confundiram na autodeclaração
e não se disseram indígenas em um primeiro momento. “Para o índio, ele é
um xavante, um kaiapó, da cor parda, verde e até marrom”, justificou.
Com informações da Agência Brasil