De julho a janeiro, cerca de 20 mil turistas da
Europa e dos Estados Unidos procuram as praias cearenses para a prática
do kitesurf
Sair da Europa ou da América do Norte com destino às praias cearenses
não é uma viagem das mais fáceis. Além do custo das passagens e do
transporte de equipamentos, a falta de voos regulares tem sido um dos
principais empecilhos para atrair mais visitantes. Mesmo com o vento
soprando contra, o kitesurf tem alçado bons números no Ceará. Na alta
estação, que começa em julho e se estende até janeiro, o Estado é
visitado por mais de 20 mil atletas.
“Nós poderíamos
ser o maior destino do mundo. Só não temos mais visitantes porque não
temos voos diretos”, reclama Humberto Ary Sanford, presidente da
Associação Cearense de Kitesurf (ACK). Mesmo com poucas opções de voo, a
demanda de praticantes do esporte no Ceará tem crescido. Segundo
Sanford, só no litoral cearense, durante a alta estação, é possível
encontrar mais de 450 kitesurfistas todos os dias entre as praias de
Caucaia e Paracuru. Para o presidente da ACK, as boas condições do clima
e do vento tornaram o Estado “o Havaí do kitesurf mundial”.
A
demanda pelo turismo de aventura sobre as ondas permitiu a formação de
uma cadeia com infraestrutura considerada de padrão internacional no
Ceará. De acordo com Sanford, mesmo sendo um esporte criado há apenas 17
anos, os empreendedores do Estado conseguiram instalar uma estrutura
com transfer, hospedagem, escolas, lojas e instrutores especializados no
atendimento a atletas profissionais ou amadores. “Temos uma cadeia
produtiva em torno do turismo do kitesurf, da mesma forma que na
montanha existe uma cadeia para o ski e snowboard”, compara Sanford.
De
acordo o Ministério do Turismo, em 2011, mais de 90 mil estrangeiros
visitaram o Brasil para praticar ou participar de eventos esportivos. O
número ainda é pequeno. Segundo o setor, o estrangeiro que visita o País
para o kitesurf procura hospedagem barata, mas, em compensação, passa
mais tempo hospedado. “Como o voo é mais caro, ele quer fazer valer a
estadia dele, ficando mais tempo”, afirma Sanford. A maior procura no
Ceará é de turistas europeus e americanos.
Os atrativos do
litoral também são responsáveis por fazer visitantes estrangeiros
mudarem de endereço. Foi o caso do atleta italiano Kicco Risi,
praticante de kite e windsurf. Há 19 anos, o estrangeiro decidiu fixar
residência no Ceará, e a praia de Uruaú, em Beberibe, tornou-se o local
ideal para os planos do italiano de instalação de uma escola de kite e
windsurf. “Quando cheguei à praia de Uruaú, não tinha nada. Foi uma luta
bastante grande e estou contente de estar aqui”, diz Risi. Além da
escola, o empreendedor também é dono de um hotel, uma pousada e um
restaurante, espaços procurados majoritariamente por estrangeiros.
“Uruaú
é mais conhecida lá fora do que aqui no Ceará. Apesar do Brasil ter as
melhores praias para se praticar kitesurf, os brasileiros estão
descobrindo esse esporte só agora”, justifica Risi. (Marcelo Andrade)
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