domingo, 30 de setembro de 2012

Ventos que aquecem o turismo em Caucaia

De julho a janeiro, cerca de 20 mil turistas da Europa e dos Estados Unidos procuram as praias cearenses para a prática do kitesurf

Sair da Europa ou da América do Norte com destino às praias cearenses não é uma viagem das mais fáceis. Além do custo das passagens e do transporte de equipamentos, a falta de voos regulares tem sido um dos principais empecilhos para atrair mais visitantes. Mesmo com o vento soprando contra, o kitesurf tem alçado bons números no Ceará. Na alta estação, que começa em julho e se estende até janeiro, o Estado é visitado por mais de 20 mil atletas.

“Nós poderíamos ser o maior destino do mundo. Só não temos mais visitantes porque não temos voos diretos”, reclama Humberto Ary Sanford, presidente da Associação Cearense de Kitesurf (ACK). Mesmo com poucas opções de voo, a demanda de praticantes do esporte no Ceará tem crescido. Segundo Sanford, só no litoral cearense, durante a alta estação, é possível encontrar mais de 450 kitesurfistas todos os dias entre as praias de Caucaia e Paracuru. Para o presidente da ACK, as boas condições do clima e do vento tornaram o Estado “o Havaí do kitesurf mundial”.

A demanda pelo turismo de aventura sobre as ondas permitiu a formação de uma cadeia com infraestrutura considerada de padrão internacional no Ceará. De acordo com Sanford, mesmo sendo um esporte criado há apenas 17 anos, os empreendedores do Estado conseguiram instalar uma estrutura com transfer, hospedagem, escolas, lojas e instrutores especializados no atendimento a atletas profissionais ou amadores. “Temos uma cadeia produtiva em torno do turismo do kitesurf, da mesma forma que na montanha existe uma cadeia para o ski e snowboard”, compara Sanford.

De acordo o Ministério do Turismo, em 2011, mais de 90 mil estrangeiros visitaram o Brasil para praticar ou participar de eventos esportivos. O número ainda é pequeno. Segundo o setor, o estrangeiro que visita o País para o kitesurf procura hospedagem barata, mas, em compensação, passa mais tempo hospedado. “Como o voo é mais caro, ele quer fazer valer a estadia dele, ficando mais tempo”, afirma Sanford. A maior procura no Ceará é de turistas europeus e americanos.

Os atrativos do litoral também são responsáveis por fazer visitantes estrangeiros mudarem de endereço. Foi o caso do atleta italiano Kicco Risi, praticante de kite e windsurf. Há 19 anos, o estrangeiro decidiu fixar residência no Ceará, e a praia de Uruaú, em Beberibe, tornou-se o local ideal para os planos do italiano de instalação de uma escola de kite e windsurf. “Quando cheguei à praia de Uruaú, não tinha nada. Foi uma luta bastante grande e estou contente de estar aqui”, diz Risi. Além da escola, o empreendedor também é dono de um hotel, uma pousada e um restaurante, espaços procurados majoritariamente por estrangeiros.

“Uruaú é mais conhecida lá fora do que aqui no Ceará. Apesar do Brasil ter as melhores praias para se praticar kitesurf, os brasileiros estão descobrindo esse esporte só agora”, justifica Risi. (Marcelo Andrade)

 http://www.opovo.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário