As plantas cultivadas no local são utilizadas no reflorestamento da mata de tabuleiro e áreas vizinhas
Cerca de 150 plantas e 45 animais foram encontrados, e segundo Francisco Moreira, coordenador do local e integrante da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticas, a quantidade total deve ser maior FOTO: MARÍLIA CAMELO
A cerca de 16 Km de Fortaleza, esconde-se um reduto da fauna e da flora cearenses. A mata densa, com aproximadamente 20 hectares de área verde, abriga espécies de plantas nativas e animais exóticos que compõem uma pequena mostra da grande biodiversidade existente no Estado. É nesse cenário de riquezas naturais que está localizada, no município de Caucaia, a Reserva Ecológica do Serviço Social do Comércio (Sesc).
Há dez anos, o espaço preserva um dos últimos fragmentos de floresta de tabuleiro da região, vegetação típica do litoral nordestino que, por conta do desmatamento, está ficando cada vez mais reduzida. Todo o trabalho feito no local está voltado para a preservação do ecossistema, que inclui exemplares de árvores como ubaia, guabiraba e murta, além de animais das mais diversas espécies, desde saguis e pássaros Quero-Quero a cobras coral e raposas.
Segundo Francisco Moreira, coordenador da Reserva e integrante da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticas (Aquasis), que ajuda a manter o espaço juntamente ao Sesc, um dos principais projetos da unidade que visa à conservação da mata é a formação de um viveiro de mudas e um banco de sementes.
As plantas cultivadas são utilizadas no reflorestamento da mata de tabuleiro e áreas vizinhas, além de atender à demanda de distribuição de mudas para eventos. O banco de sementes é crescente e já conta com cerca de 100 tipos de grãos nativos, dentre os das espécies mucunã,tamburil, jatobá, ipê e jeriquiti.
Reflorestamento
Conforme o coordenador, a especulação imobiliária tem sido uma das principais responsáveis pelo desmatamento. Devido à expansão demográfica, parques, jardins e outras áreas de preservação ecológica estão sendo invadidas para a construção de casas, condomínios e outros. "Muitas empresas de fora, que vêm para o litoral cearense para explorar, acabam desmatando, construindo e tirando o habitat natural do litoral cearense".
Para conservar ainda mais esse ambiente, a Aquasis realiza, na região, pesquisas com foco na recuperação de áreas degradadas e a catalogação de espécies da flora e da fauna. Ao todo, aproximadamente 150 plantas e 45 animais foram encontrados e, de acordo com Francisco Moreira, a quantidade total deve ser bem maior.
Já a ideia dos estudos feitos na reserva é criar modelos que possam ser aplicados em outras matas ameaçadas. Alguns dos temas analisados são a fertilidade do solo, planos de manejo e formas de aumentar o número de árvores nativas em espaços determinados. Com o resultado das pesquisas, áreas degradadas poderão receber tratamento similar ao executado na floresta de Caucaia.
"A reserva é uma floresta que está em grande progresso de porte e espessura e num estágio de conservação bem avançado. Não fazemos nenhum corte, temos todo um monitoramento na área e fazemos um plano de manejo incluindo o próprio reflorestamento para deixar essa área cada vez mais preservada", destaca Moreira.
Patrimônio
Em 2013, o local pretende ser transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), área de conservação ambiental em terras privadas. De acordo com o coordenador, a iniciativa partiu da Aquasis no ano passado e está em processo de homologação, devendo se concretizar por volta de agosto ou setembro deste ano. Caso a proposta seja aprovada, a reserva será intocável, proibida de sofrer qualquer tipo de desmatamento, queimada, entre outras ameaças. "Será um benefício muito grande para a natureza, para a vida social e ainda teremos esse reconhecimento de ser, oficialmente, uma unidade de conservação ambiental".
VANESSA MADEIRA
REPÓRTER