Câmara e Assembleia divergiram sobre denúncias. Líderes do movimento grevista foram demitidos nos últimos dias
As acusações feitas pelo ex-ministro Ciro Gomes (PSB) contra o vereador Capitão Wagner Sousa (PR) opuseram as duas principais Casas Legislativas do Ceará. Enquanto a Assembleia amparou a fala de Ciro, na Câmara Municipal de Fortaleza foi mais intenso o movimento que saiu na defesa de Wagner. Em ambos os casos, parlamentares estudam convocar o ex-ministro para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Na última segunda-feira, 20, Ciro Gomes acusou Capitão Wagner - a quem chamou de “picareta” - de chefiar milícia ligada ao narcotráfico na PM do Estado. A fala do ex-ministro desagradou vereadores de Fortaleza, que cobraram que a Câmara conceda amplo apoio e espaço de defesa para Capitão Wagner.
“Essa acusação não foi feita por qualquer pessoa, mas pelo irmão do governador Cid Gomes. Isso aqui (a Câmara) não é bodega”, disse o vereador Guilherme Sampaio (PT), que cobrou a emissão de nota da Mesa Diretora da Câmara em apoio a Capitão Wagner.
Adail Júnior (PV), que presidia a sessão no momento da fala do petista, prestou solidariedade ao vereador acusado e disse que levaria pessoalmente o assunto ao presidente da Casa, Walter Cavalcante (PMDB). Em meio ao debate, Eulógio Neto (PSC) solicitou a vinda de Ciro ao Legislativo.
“Ou o ex-governador está certo e a Câmara abriga entre nós um chefe de milícia ligado a narcotraficantes, ou o ex-governador falta com a verdade, comete brutal injustiça e deve pedir desculpas públicas", disse João Alfredo (Psol).
CPI
Diferentemente do que ocorreu na Câmara, na Assembleia predominou a defesa do Governo e da fala do irmão de Cid Gomes (PSB). O deputado Roberto Mesquita (PV) chegou a apresentar pedido de CPI para investigar as denúncias - proposta descartada pela maioria dos deputados presentes. Na Casa, prevaleceu a tese de “total confiança” na apuração interna do Governo e na fala do ex-ministro.
“O Ciro é uma pessoa que conhece de perto a segurança do Estado, então não dispararia uma acusação grave dessas sem estar muito bem respaldado. Tudo isso deve ser apurado pelos órgãos do Governo”, disse Mailson Cruz (PRB), em opinião semelhante a dos demais deputados ouvidos pelo O POVO. A única discordância partiu de Eliane Novais (PSB), que criticou fala “impensada” de Ciro Gomes. “Ele, que não possui cargo nenhum, quebrou a hierarquia do Estado e complicou uma situação que já estava difícil”
Já o líder do governo na Casa, Dr. Sarto (PSB) afirmou que as falas de Ciro foram apenas reação “na mesma contundência” de denúncias associadas ao Capitão Wagner.
Saiba mais
Durante fala em que reforçou críticas contra a ilegalidade da greve da PM, Dr. Sarto citou vídeo - atualmente circulando na internet - que reforçaria denúncias contra Wagner.
Nas imagens, o vereador aparece estimulando e fornecendo subsídios de ação realizada em 12 de maio, quando esposas de PMs tentaram impedir a saída de efetivo para o Castelão.
Apesar de o título do vídeo ser “MP entra com ação contra Capitão Wagner”, a assessoria do Ministério Público do Ceará nega ação nesse sentido ou conhecimento do material.
O POVO