A criação de um grupo de trabalho para dialogar regularmente com a
classe artística, a fim de dar transparência a questionamentos acerca
das políticas culturais do Centro Cultural do Banco do Nordeste (CCBNB),
foi proposta em audiência pública, nesta quarta-feira (10/07), na
Assembleia Legislativa.
O debate, realizado em parceria com a Câmara Municipal de Fortaleza,
foi proposto pelo deputado Elmano Freitas (PT) para discutir o corte de
verbas para a realização de atividades culturais do Centro Cultural do
Banco do Nordeste (CCBNB). Durante a reunião, dirigentes do BNB
asseguraram que os três centros culturais – Fortaleza, Juazeiro do Norte
e Souza (PB) – não serão fechados.
Elmano Freitas destacou a necessidade de garantir o debate entre
artistas, população e dirigentes do Banco do Nordeste. “Não há política
cultural sem esses equipamentos que, com muita dificuldade, foram
construídos com recursos públicos do nosso povo”, pontuou.
Já o deputado Marcos Sobreira (PDT), presidente da Comissão de Cultura e
Esporte da AL, salientou que o dever do colegiado é fortalecer a
cultura no Estado do Ceará. “A cultura é o único elemento capaz de fazer
qualquer integração social e econômica do povo cearense e brasileiro
como um todo”, apontou.
Para a deputada Augusta Brito (PCdoB), a classe artística merece
reconhecimento pela mobilização e luta constante para ser artista em um
momento tão difícil para quem trabalha com produção cultural. “Sempre
que há alguma questão econômica ou de contenção de gastos, isso sempre
vai parar nas mulheres ou na cultura”, avaliou.
Segundo o vereador Ronivaldo Maia (PT), foi anunciado pela imprensa que
a programação do mês de julho do CCBNB já estaria com o orçamento
comprometido. “Se a gente puder sair daqui hoje com a certeza dada pelo
banco de que está mantido o orçamento para 2019 e a perspectiva de
continuar fortalecendo a cultura através dos seus centros, isso é o que
nos interessa”, frisou.
A gerente executiva estadual do BNB, Francisca Jeânia Rogério Gomes,
acentuou que a cultura está dentro do escopo da missão do Banco do
Nordeste e disse que não há motivo para preocupação, uma vez que os três
centros culturais – Fortaleza, Juazeiro do Norte e Souza (PB) – não
serão fechados. “Nós estamos nessa fase de fazer as coisas acontecerem
como sempre foram feitas, só que de forma mais organizada, de forma que
nossos recursos, que não são muitos, a gente possa otimizá-los da melhor
maneira possível para que a cultura possa ter a importância que sempre
teve”, explicou.
O gerente de Negócios e Suporte do BNB, Francisco José Cândido
Silveira, ratificou as palavras de Francisca Jeânia sobre a
reorganização dos centros culturais a fim de oferecer um melhor serviço à
comunidade. Ele frisou ainda que a divulgação da programação do CCBNB é
feita com antecedência de dois meses e está acontecendo com a devida
regularidade.
O secretário de Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, salientou que, para
além da defesa dos centros culturais, é preciso defender uma política de
cultura fundada na diversidade, na democracia, na soberania nacional e
no desenvolvimento. “Nesse momento, que soa como momento de crise,
devemos aproveitar para qualificar e ampliar, através desse diálogo, a
política cultural do BNB”, defendeu.
Representando a classe artística, o músico Calé Alencar afirmou ter
havido desrespeito a um edital que convocava artistas para a programação
de 2018/2019. “Isso inicialmente foi feito de forma abrupta, o
cancelamento de uma programação sem que houvesse um pronunciamento
oficial. Isso chegou aos artistas por intermédio de produtores,
terceirizados, pessoas que prestam serviços aos centros culturais”,
pontuou. A cantora Mona Gadelha reforçou o argumento, ressaltando que o
descumprimento de editais é “constrangedor” para qualquer artista.
De acordo com o vereador Guilherme Sampaio (PT), o presidente do BNB,
Romildo Rolim, garantiu que não haverá fechamento de centro cultural e
nem redução do investimento feito pelo banco no centro cultural. O
parlamentar também disse não aceitar redução no financiamento da
cultura, especialmente de órgãos públicos. “Até porque o Banco do
Nordeste do Brasil sempre foi amigo da arte e da cultura, e é isto que
estamos lutando para preservar”, acrescentou.
O vereador do Crato, Amadeu de Freitas (PT), relatou que, além da
suspensão de algumas atividades previstas para o mês de julho, há também
demissão de terceirizados no CCBNB de Juazeiro do Norte. “Estamos
falando não só do acesso das pessoas à cultura, mas da produção
cultural, da geração de trabalho e renda que a atividade cultural
promove com o fomento, o financiamento da cultura através dessas
políticas”, observou.
Também participaram da audiência o secretário de Cultura de Fortaleza,
Gilvan Paiva; a assessora parlamentar da deputada federal Luizianne Lins
(PT-CE), Ticiana Studart; a presidente da Associação dos Funcionários
do BNB (AFBNB), Rita Josina Feitosa; e o representante do Sindicato dos
Bancários do Ceará, José Océlio da Silveira Vasconcelos.
BD/CG