Roberto Gurgel emitiu nota negando investigação contra ex-presidente Lula. Foto: Divulgação
"A
secretaria de comunicação do Ministério Público Federal informa que o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ainda não iniciou a
análise do depoimento de Marcos Valério, pois aguardava o término do
julgamento da AP 470 (mensalão). Esclarece ainda que somente após a
análise poderá informar o que será feito com o material. Portanto, não
há qualquer decisão em relação a uma possível investigação do caso",
informa o Ministério Público Federal.
Na última terça-feira (8), Gurgel disse que provavelmente enviará à
primeira instância o depoimento de Valério de Souza no qual ele diz que
recursos do esquema foram utilizados para pagar despesas pessoas de
Lula.
Lula não possui mais privilégios
Como ex-presidente, o petista não têm mais o chamado foro
privilegiado, que restringe investigações e processos contra autoridades
a instâncias superiores da Justiça.
Caberá então a procuradores
que atuam na primeira instância da Justiça avaliar se abrem uma
investigação contra Lula ou se arquivam o caso, se entenderem que não
havia indícios contra ele.
Em dezembro, Gurgel já havia dito que, caso algo fosse encontrado em
relação a Lula, o caso seria "encaminhado à Procuradoria da República de
primeiro grau."
Assim que recebeu as informações de Valério, no
segundo semestre do ano passado, Gurgel decidiu não fazer nada até o
final do julgamento do mensalão, que terminou em dezembro com 25
condenados, entre eles o próprio Valério e o ex-ministro da Casa Civil,
José Dirceu.
Na avaliação das duas procuradoras da República que tomaram o novo
depoimento de Valério, e do próprio Gurgel, não haveria nenhum fato
bombástico, apenas informações que confirmariam o que foi denunciado ao
STF.
A única informação nova seria a de que recursos provenientes do Banco Rural teriam sido usados não só para alimentar o esquema, mas também para pagar contas pessoais do presidente Lula.
O ex-presidente tem evitado se manifestar, mas disse que as declarações de Valério são mentirosas.
No final do julgamento do mensalão, o procurador-geral chamou Marcos
Valério de "jogador", mas argumentou que nada deixaria ser investigado.
dn