O prefeito Naumi Amorim reuniu-se nesta quarta-feira (6/9) com membros do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. Pertencente à Assembleia Legislativa, o colegiado apresentou ao gestor o relatório “Cada vida importa”, elaborado após um ano de estudos.
O documento reúne estatísticas e recomendações às prefeituras das sete cidades cearenses com maiores índices de morte na faixa etária compreendida entre dez e 19 anos. Juntos, esses municípios somam 75% dos assassinatos de jovens no Ceará. O Comitê já expôs a gravidade dos dados em Fortaleza, Maracanaú e Sobral. Passará ainda por Juazeiro do Norte, Horizonte e Eusébio.
Com o relatório em mãos, a Prefeitura poderá reforçar políticas já existentes e criar novas frentes de ação. “Nós pegamos a cidade acabada, mas sabemos que temos que investir em áreas estratégicas. Vamos desenvolver modalidades esportivas em diversos cantos de Caucaia para entreter esses jovens. Se, aliado a isso, a gente investir em educação, vai colher os frutos lá na frente”, pontuou Naumi Amorim.
O prefeito antecipou que vai construir arenas esportivas em diversos bairros, reformular espaços de uso coletivo e criar academias nas praças para estimular a ocupação de logradouros públicos. Tudo isso articulado com projetos na Saúde, Educação, Desenvolvimento Social, Segurança Urbana e Tecnologia e Guarda Municipal.
A ideia, conforme a secretária municipal de Governo e Articulação Política, primeira-dama Erika Amorim, é unificar o diálogo entre as pastas para reduzir os índices de criminalidade no município. “Há situações realmente críticas e dados assustadores decorrentes de anos e anos de abandono e descaso. Mas não tenho dúvidas de que melhoraremos”, afirmou ela, que encabeça a mobilização para Caucaia ter novamente o Selo Unicef, concedido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância a municípios comprometidos com a qualidade de vida de crianças e adolescentes.
A redução dos índices de assassinatos é um dos requisitos para a cidade vir a ser certificada. “O Ceará é hoje o pior estado brasileiro em mortes de jovens. Tem coisa que só se resolve com repressão qualificada (atuação policial). Mas tem coisa que só a prevenção resolve. E quem faz prevenção é o município”, afirmou o relator e revisor do Comitê, deputado estadual Renato Roseno (Psol).
Segundo ele, 80% das vítimas de assassinato entre dez e 19 anos em Caucaia estavam fora da escola. No Ceará, 98% dos homicídios são cometidos com armas de fogo. “Onde falta o Estado, outras dinâmicas ocupam. Não existe vácuo na vida social. E quando essa ocupação é feita pela violência, o combate tem que ser feito com política pública. Com escola boa, com saúde boa, com espaço para lazer... Onde há mais problema social é onde há mais violência. Por isso que as secretarias precisam agir de forma integrada”, acrescentou o parlamentar.
Ainda conforme o relatório do Comitê, Caucaia registrou ano passado 70 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera epidêmico o quadro de 10 casos por cada grupo de 100 mil habitantes. “Prevenção se faz na escola, na saúde, na família estruturada...”, defendeu o secretário municipal de Turismo e Cultura, coronel Paulo Guerra.
“A base é a educação. Ela é que vulnerabiliza ou não as questões sociais. E Caucaia hoje está com duas décadas de atraso em educação. Mas já começamos a mudar esse quadro. Pela primeira vez desde 2007 registramos aumento no número de matrículas. A ausência do aluno na escola remonta à violência”, pontuou a secretária municipal de Educação, professora Lindomar Sares.
Também participaram da reunião gestores e representantes das secretarias municipais da Saúde, Esporte e Juventude, Desenvolvimento Social, Segurança Urbana e Tecnologia, além de membros da Guarda Municipal e chefia de gabinete do prefeito.