sexta-feira, 21 de junho de 2019

Drone que sobrevoava IPPOO II é derrubado por agentes penitenciários em Itaitinga

Um drone foi derrubado na noite desta quinta-feira (20) por agentes da Penitenciária Instituto Presídio Olavo Oliveira (IPPOO) II, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o equipamento sobrevoava a unidade por volta das 19h20, sem aviso prévio de autoridade de segurança pública. 
Depois de vistoria, os agentes encontraram três smartphones, quatro chips lacrados, um carregador e uma câmera junto ao equipamento. 
Foram realizadas buscas na área externa da penitenciária, mas não foram localizadas pessoas que controlavam o veículo aéreo.

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Oficinas encerram evento que discutiu relevância da Justiça Restaurativa

O Seminário Justiça Restaurativa, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta segunda e terça-feira (17 e 18/6), foi um passo importante para fazer avançar no Poder Judiciário a aplicação dessa modalidade de solução de conflitos e uma oportunidade para disseminar na sociedade os preceitos de uma cultura da paz em detrimento dos princípios da punição.
O evento reuniu no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, representantes de quase todos os tribunais de Justiça dos estados e formuladores de políticas judiciárias no debate sobre o atual estágio da Justiça Restaurativa no país. Além disso, foram apresentadas experiências em curso e as diretrizes a serem adotadas para que esse método de solução de controvérsias seja mais intensamente empregado na Justiça brasileira.
A mensagem, conforme comenta o coordenador do Comitê Gestor de Justiça Restaurativa do CNJ, conselheiro Valtércio de Oliveira, é de otimismo. “Com a realização desse seminário, senti que magistrados e servidores estão motivados para que avancemos nessa política pública da Justiça Restaurativa.”
O conselheiro informou que a maioria dos tribunais de Justiça mandou desembargadores e servidores ao seminário e que esses representantes serão os multiplicadores dos preceitos da metodologia nos estados. “E com o respaldo do CNJ”, frisou. Valtércio disse ainda que Justiça Restaurativa é uma semente que vai germinar e crescer, ganhando cada vez mais adeptos.
A Justiça Restaurativa é, conforme conceito previsto na Resolução nº 225/2016, um “conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias que visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado”.
Com uma abordagem diferente do fenômeno da violência, esse  método de solução de conflitos trabalha com a responsabilização de agressores e a reparação do dano de uma forma que permita a recomposição dos laços sociais rompidos.
As sugestões apresentadas pelos participantes do seminário irão subsidiar a formulação de um Plano de Desenvolvimento para disseminar a prática da Justiça Restaurativa. A ideia é que o planejamento se torne uma orientação aos tribunais para aplicação da prática baseada na escuta das vítimas e ofensores e na busca da reparação dos danos advindos da agressão, violência e crime.
No seminário, magistrados, servidores e formuladores de políticas judiciárias evidenciaram os benefícios da Justiça Restaurativa em contraponto à cultura do punitivismo, especialmente em um contexto marcado pelo avanço da criminalidade no país e do aumento do número de presos do sistema penitenciário. Segundo os dados do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) do CNJ, a população carcerária do Brasil é de mais de 800 mil detentos.

Oficinas

Durante a manhã desta terça-feira (18/6), foram realizadas quatro oficinas que trataram dos seguintes temas: Implementação e estrutura da Política da Justiça Restaurativa, Formação e aperfeiçoamento, Articulação sistêmica interinstitucional, intersetorial e interdisciplinar e Implementação de espaços seguros e qualificados para a Justiça Restaurativa.
Durante os debates, foram feitas sugestões para o Poder Judiciário, o Conselho, tribunais, magistrados e servidores. Entre as propostas constam: realização de pesquisas por parte do CNJ para se verificar a eficácia e a efetividade dessa metodologia de solução de conflitos; articulação junto ao Poder Executivo, ao Ministério Público, Defensorias Públicas e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para disseminar a Justiça Restaurativa como forma alternativa de combate à criminalidade; definição de uma política pública específica para as ações da prática.
Os participantes também sugeriram a realização de ações para sensibilizar juízes sobre essa modalidade de solução de controvérsias, especialmente os magistrados da área criminal; formação de núcleos de Justiça Restaurativa em unidades prisionais, em escolas e comunidades; e cursos para a formação de pessoas com perfil para a prática da Justiça Restaurativa.
No encerramento dos trabalhos, o juiz Alexandre Takashima, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que coordenou parte dos debates, informou que as sugestões serão analisadas por ocasião da formulação do Plano Nacional da Justiça Restaurativa. A previsão é que no segundo semestre o CNJ realize uma audiência pública sobre o tema.
Luciana OtoniAgência CNJ de Notícias

Curso técnico em Logística terá novas vagas

O campus de Caucaia vai selecionar uma nova turma do curso técnico em Logística para o segundo semestre de 2019. Podem se inscrever candidatos que já concluíram o Ensino Médio e têm disponibilidade para estudar no período noturno, de segunda a sexta-feira. São oferecidas 35 vagas e a seleção será realizada por meio da análise do Histórico Escolar dos candidatos. Todo o processo de inscrição é gratuito, assim como o curso, que tem duração de três semestres.

EDITAL
PÁGINA DE INSCRIÇÃO (COM EDITAL E ANEXOS)
Para se inscrever, o candidato precisa ler o edital de seleção, fazer a inscrição online e, sem seguida, apresentar pessoalmente no campus de Caucaia a seguinte documentação: Protocolo de Inscrição (gerado após o preenchimento do Formulário de Inscrição online); Histórico do ensino médio completo (original e cópia) ou documento equivalente válido; Documento oficial de identificação (original e cópia). O prazo final de inscrição é o dia 23 de junho de 2019. Para a entrega de documentos pessoalmente no campus, o prazo vai até o dia 25 de junho.
O resultado final do Processo Seletivo 2019.2 será divulgado no dia 09 de julho de 2019, no endereço eletrônico http://qselecao.ifce.edu.br.

Semace apresenta relatório de impacto ambiental de termelétrica do Pecém

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa promoveu, nesta quarta-feira (19/06), reunião com técnicos da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para apresentação do relatório de impacto ambiental da instalação da nova usina termelétrica no Pecém. A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Acrísio Sena (PT).
Segundo Acrísio Sena, o objetivo é ouvir os técnicos da Semace para se informar com mais profundidade acerca do relatório, uma vez que, na próxima quarta-feira (26/06), haverá audiência pública para debater o tema com demais representantes do Estado e da sociedade civil.
“Há polêmica com os próprios ambientalistas em torno da concepção de termelétrica, a própria empresa já chegou a apresentar no Conselho Estadual do Meio Ambiente um outro formato, mas nós queríamos ouvir os técnicos da Semace para ter uma posição mais tranquila a respeito dos rumos que vamos tomar daqui para frente”, ressaltou.
O deputado Romeu Aldigueri (PDT) enfatizou que o momento é oportuno para tirar dúvidas, posicionando-se a favor da livre transparência. “Eu acho que o empreendedor que tem um investimento a fazer de R$ 6 bilhões quer ter segurança jurídica, social, financeira e ambiental, e o Estado é maduro e quer dar isso a seus investidores. Tenho certeza de que todos os deputados dessa Casa também querem isso: a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável”, acentuou.
O técnico e químico industrial da Semace Alexandre Pinto apresentou a estrutura do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) acerca do projeto de instalação da usina termelétrica. Conforme Alexandre, integram a usina as seguintes estruturas: quadro de boias, gasoduto, captação de água do mar, adutora de água, adutora de retorno/emissário submarino de efluentes tratados e lançamento dos efluentes tratados no mar. A área total do empreendimento é de 108,16 hectares, abrangendo os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.
“Temos a captação de água do mar, porque o Ceará é um estado carente de água. Se a gente usasse água também, seria um processo de inviabilização de imediato dessa termelétrica”, explicou Alexandre Pinto. Ainda de acordo com o técnico da Semace, a água que será utilizada para condensação do vapor será proveniente de captação do mar. “Para a fase de operação, é prevista uma adução de 3.004 m³/hora de água do mar para três torres de resfriamento; estima-se que 1.462 m³/hora de água do mar sejam de evaporações no processo e estima-se cerca de 64m³/hora de água bruta – água doce – para o processo, principalmente para as caldeiras”, acrescentou.
O deputado Renato Roseno (Psol) lançou alguns questionamentos acerca do projeto, que deverão ser discutidos durante a audiência pública que tratará do tema. Ele chamou a atenção para a inexistência de uma licença prévia já concedida, ressaltando que o Ceará é o segundo estado em emissão de gases de efeito estufa para produção de energia elétrica do Brasil. “É necessário que a autoridade que faz o licenciamento, entre outras coisas, já sopese quantos milhões de toneladas de dióxido de carbono serão emitidas a partir disso”, pontuou.
Roseno também questionou se há fortalecimento da capacidade técnica do órgão ambiental licenciador para dar conta da fiscalização do empreendimento. “Se eu licencio e não fortaleço a capacidade de fiscalização, ou se eu fortaleço só um dos processos, eu estou causando insegurança na saúde pública e no meio ambiente”, observou.
Também participaram da reunião o diretor de Controle e Proteção Ambiental da Semace, Lincoln Davi, e a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Proteção à Ecologia, Meio Ambiente, Urbanismo, Paisagismo e Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Caomace), Jacqueline Faustino.
BD/CG

Concurso Depen 2019: solicitação para 309 vagas em análise

Está em análise no Ministério da Economia o pedido do concurso Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para o preenchimento de 309 vagas em seu quadro de pessoal.
As informações divulgadas pela assessoria de imprensa, segundo o Jornal dos Concursos, é de que, do total de oportunidades, 294 são para a carreira de agente federal de execução penal e 15 para especialista federal em assistência à execução penal.
No caso do agente, para concorrer é necessário possuir ensino médio e carteira de habilitação a partir da categoria “B”. A remuneração inicial é de R$ 6.030, incluindo gratificação de desempenho e auxílio-alimentação de R$ 458. Para os servidores veteranos, a remuneração chega a R$ 10.202,50.
Já o especialista destina-se a quem possui formação de nível superior em áreas específicas. O inicial, neste caso, é de R$ 5.865,70.
Criação de cargos
Também no Ministério da Economia, está em avaliação o pedido que prevê a criação de 1.580 vagas para três cargos: 1.440 para agente, 36 para técnico e 104 para especialista.
O posto de técnico federal de apoio à execução penal, não contemplado no pedido do concurso do Depen, pede nível médio ou médio/técnico, com inicial de R$ 4.120,28.
Em dezembro, o documento chegou a apresentar algumas alterações e a expectativa é de que tais oportunidades sejam criadas o mais rápido possível, para assim reforçar o quadro de servidores do órgão.

A movimentação ocorreu no final de dezembro quando o protocolo foi concluído na Divisão de Provimento e Vacância, onde estava parado desde o dia 3 de dezembro do mesmo mês.
Último concurso do Depen
Em 2014, o Departamento Penitenciário Nacional lançou edital com 258 vagas e cadastro reserva de pessoal. As oportunidades foram distribuídas entre as carreiras de agente, técnico e especialista.
A lotação ocorreu na sede (localizada em Brasília/DF) ou em uma das cinco penitenciárias federais situadas nas cidades de Brasília/DF, Campo Grande/MS, Catanduvas/PR, Mossoró/RN e Porto Velho/RO.
Sob a organização do Cespe/UnB, a triagem do concurso do Depen constou de provas objetivas, testes discursivos, aptidão física, avaliação psicológica, exame médico e investigação social.
Os exames objetivos apresentaram 120 questões sobre conhecimentos básicos (língua portuguesa, atualidades, noções de ética no serviço público, noções de direitos humanos e participação social), complementares e específicos. Já os testes discursivos foram compostos por um texto dissertativo de até 30 linhas acerca de tema baseado em conhecimentos básicos de atualidades.
As provas foram realizadas em todas as capitais brasileiras, mais o Distrito Federal e as cidades de Catanduvas/PR e de Mossoró/RN.
Sobre o Depen 
A história do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), cujo regimento interno foi aprovado pela portaria 674, de 20 de março de 2008, é oriunda do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, primeiro órgão de execução penal, subordinado ao Ministério da Justiça. O conselho tinha por objetivo proporcionar um contingente de informações, análises, deliberações e estímulo intelectual e material às atividades de prevenção da criminalidade. Preconiza-se para este órgão a implementação, em todo o território nacional, de uma nova política criminal e penitenciária, a partir de periódicas avaliações do sistema criminal, criminológico e penitenciário, bem como a execução de planos nacionais de desenvolvimento quanto às metas e prioridades da política a ser executada.

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Concursos para Exército e Marinha somam 151 vagas abertas

Mesmo com as recentes afirmações do Ministro da Economia Paulo Guedes, sobre a suspensão dos concursos públicos em 2019, existem órgãos federais e autarquias independentes que não dependem de aprovação do Governo Federal para a publicação de novos editais, e já realizam suas seleções anuais programadas. 
Este é o caso dos concursos da Marinha e Exército, que publicaram editais e somam, atualmente, um total de 151 vagas com inscrições abertas para cargos de níveis médio, técnico e superior.
Para o concurso do Exército, são 23 oportunidades para os cargos de oficial e capelão, que exigem formação de nível superior, em instituição reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação). Há chances nas áreas de administração (3), ciências contábeis (3), comunicação social (2), direito (3), informática (3), magistério - matemática (1), magistério - português (1), enfermagem (2) e veterinária (2) e as remunerações chegam a atingir R$ 8.245,00. Veja o edital
Dentre as oportunidades para capelão, duas são para padre católico e uma para pastor evangélico. As inscrições para o concurso do Exército ficam abertas até 2 de agosto, devendo ser efetuadas pelo site. O valor da taxa de participação é de R$ 120. Veja mais detalhes sobre o concurso do Exército, além do edital publicado.
Para atuar na Marinha, existem três concursos públicos com os prazos abertos e somam, juntos, um total de 128 vagas. O primeiro concurso da Marinha oferece 90 vagas para os cargos de Corpo Auxiliar de Praças, com exigências de formações de níveis médio e técnico, para atuação em diversas áreas. As remunerações chegam a R$ 2.627,00 e as inscrições serão recebidas entre 22 de julho e 16 de agosto. 
Há, também, 31 vagas para a Escola Naval da Marinha, com exigência apenas de nível médio e remunerações de R$ 7.490,00. Confira o edital. Por último, a Marinha ainda oferece 30 vagas para Praças da Armada, com exigência de nível técnico e idades de 18 a 25 anos. A remuneração é de R$ 3.825,00 e o prazo para se inscrever fica aberto até 5 de julho.
Os interessados em participar dos concursos da Marinha devem efetuar cadastro pelo site www.ingressonamarinha.mar.mil.br, com taxas de inscrições que variam de R$ 74,00 a R$ 106,00, a depender do cargo.

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Concurso da Câmara de Fortaleza: edital deve ser lançado no início de julho

A Câmara Municipal de Fortaleza deve lançar em julho edital de concurso público para preenchimento de vagas ociosas no Legislativo da Capital cearense. Essa foi uma das principais promessas feitas pelo presidente da Casa, o vereador Antônio Henrique (PDT), ao assumir o comando da Mesa Diretora.  
No início de abril, o chefe do Legislativo anunciou que, no prazo de até 90 dias, apresentaria o edital com as vagas necessárias para preenchimento, o que deve ser feito no próximo mês. Desde a gestão do ex-vereador Walter Cavalcante (MDB) havia sinalização de realização do certame, o que ainda não ocorreu.  
De acordo com Antônio Henrique, era preciso a realização de um estudo técnico para saber a real necessidade de vagas, bem como a quantidade, além do valor da remuneração de cada um dos servidores a serem efetivados.  A Casa possui pelo menos 2 mil funcionários, sendo apenas 200 efetivos. A ideia é que os cargos, atualmente, ocupados por terceirizados e comissionados sejam substituídos por pessoal efetivo. 
A assessoria da Câmara, porém, informou que mesmo após o estudo técnico ainda não se sabe o número de vagas a serem preenchidas, o que só deve ser anunciado em julho, com o lançamento do edital. Antônio Henrique prefere não antecipar os dados sobre o concurso para evitar informações desencontradas.  
Em 2014, a Câmara chegou a anunciar a realização de um concurso para o preenchimento de 70 vagas para a área de comunicação, o que acabou não se concretizando. Este deve ser o primeiro concurso da história da Câmara Municipal de Fortaleza, e só será realizado devido a uma recomendação feita pelo Ministério Público, no início do ano. O órgão deu um prazo de até 90 dias para que a Casa publique um edital.  

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Polêmica na AL levanta debate sobre imunidade parlamentar

As acusações feitas pelo deputado estadual André Fernandes (PSL), na Assembleia Legislativa, sobre o suposto envolvimento de outros deputados com facções criminosas, chacoalharam a política cearense e levantaram um debate em relação à imunidade parlamentar. Afinal, a liberdade de fala garantida por Lei aos políticos possui limites? Especialistas em Direito ouvidos pelo Diário do Nordeste se dividem sobre a extensão dessa prerrogativa e as situações em que ela pode ser evocada.
De acordo com o artigo 53 da Constituição Federal, "os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos". Essa imunidade é assegurada a deputados estaduais e federais, senadores e vereadores. Ou seja, os parlamentares no exercício do mandato têm liberdade para expressar seu pensamento e estarão "protegidos" pela Justiça de eventuais questionamentos. Aliás, esse é o argumento que André Fernandes tem usado para se blindar das críticas na Assembleia.
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem um entendimento de que a imunidade parlamentar é absoluta quando as manifestações ocorrerem dentro do ambiente legislativo e também fora desse espaço, ainda que de forma "relativa". O conteúdo das palavras, no entanto, gera controvérsias na Suprema Corte.
Um dos casos emblemáticos na Justiça é o que foi protagonizado pelo então deputado federal, Jair Bolsonaro, hoje presidente da República pelo PSL, e a deputada federal Maria do Rosário (PT). Em 2014, na tribuna da Câmara, Bolsonaro disse que "não a estupraria porque ela não merecia".
A petista denunciou o parlamentar ao STF por crime de apologia ao estupro. Ele virou réu e teve que publicar uma nota de retratação à deputada e pagar uma indenização, após decisão judicial, neste mês de junho. Na época, a declaração feita por Bolsonaro no plenário foi repetida por ele em entrevista à imprensa, ou seja, fora do ambiente do Congresso Nacional.
Isso, para alguns ministros, segundo os votos no julgamento para recebimento da denúncia, já torna frágil a garantia da imunidade parlamentar. Entretanto, o que foi definitivo para a maioria dos integrantes do Supremo decidirem não amparar Bolsonaro com a imunidade e torná-lo réu é que a fala do ex-deputado não tinha relação com o mandato.
Cautela
O caso difere de outro analisado pela Corte em 2016, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, denunciou o ex-deputado federal, Jean Wyllys (Psol), pelos crimes de calúnia, difamação e injúria, durante votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Na ocasião, o deputado do Psol chamou Cunha de "ladrão" e disse que a Câmara era conduzida por um "traidor, conspirador, apoiado por torturadores, covardes, analfabetos políticos e vendidos". A Segunda Turma do STF, no entanto, rejeitou a queixa de Eduardo Cunha.
Relator do caso, o ministro Gilmar Mendes apontou, primeiramente, o fato de que as declarações foram feitas no recinto da Casa Legislativa. Depois, que o conteúdo da fala de Jean Wyllys estava ligado ao mandato parlamentar, uma vez que Eduardo Cunha era a autoridade responsável por autorizar o processo de impeachment e, portanto, poderia ser alvo de críticas.
Neste mesmo julgamento, porém, Gilmar Mendes citou o ministro Luís Roberto Barroso ao ressaltar que a imunidade parlamentar não pode significar "irresponsabilidade" e que o "excesso de linguagem pode configurar, em tese, quebra de decoro", algo que deve ser enquadrado pela própria Casa Legislativa.
Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), a advogada Isabel Mota chama atenção para os excessos cometidos fora do ambiente parlamentar. Para ela, a imunidade não deveria alcançar esses casos, mesmo que a fala tenha vinculação com a função legislativa.
Fora da tribuna
"Eu acho que, naquilo que o deputado falar na tribuna, ele é livre. Os excessos devem ser apurados pela Justiça comum e enquadrados pelo Conselho de Ética. Fora da atividade parlamentar, ainda que ele esteja falando do mandato, a imunidade não deve se estender. Atribuir um crime a alguém, caluniar ou ofender fora da tribuna, não tem como alegar imunidade", considera.
No caso de André Fernandes, em que o deputado repetiu acusações feitas na tribuna nas suas redes sociais, Mota avalia que ele poderia não ser amparado pela imunidade. Para a advogada, o parlamentar deve ter cautela e não pode "abusar" da sua liberdade de expressão.
Especialista em Direito Eleitoral e Político, Rodrigo Martiniano, argumenta que, de acordo com entendimento atual do STF, a imunidade alcança o deputado em qualquer meio, inclusive nas redes sociais. Ele pondera os casos em que as declarações não têm conexão com a função ou não são "proporcionais".
A imunidade parlamentar, ressalta o especialista, possui limites. "Não devem ser admitidas ofensas pessoais, difamações à honra, bem como expedientes fraudulentos e acusações de crimes sem qualquer suporte fático e razoabilidade, apenas pelo deliberado intuito de macular a reputação de um deputado", opina.
Doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor), o professor Filomeno Moraes frisa que a imunidade protege o parlamentar mesmo com "opiniões toscas, desagradáveis e ofensivas". Ele acredita que os abusos devem ser resolvidos pela via política.
Conselho de Ética
"A liberdade nas opiniões e palavras tem o limite que, politicamente, pertence à própria Casa Legislativa, nas situações em que se usa abusivamente das prerrogativas", afirma. "Tal é a problemática da quebra do decoro, que coloca o parlamentar no limite, sob o julgamento dos seus pares, com direito à ampla defesa e ao contraditório".
Na tribuna da Assembleia Legislativa, André Fernandes acusou colegas de envolvimento com facções criminosas, sem citar nomes. Em seguida, ele apresentou uma denúncia ao Ministério Público do Estado (MPCE), em que acusa Nezinho Farias (PDT) de envolvimento com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O deputado pedetista nega irregularidades.
O diretório estadual do PSDB entrou com uma representação contra o deputado do PSL no Conselho de Ética da Assembleia, pedindo abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. O PDT anunciou que vai ingressar com uma representação até a próxima segunda-feira (24). Outras siglas também avaliam acionar o órgão.

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