Pode não parecer, mas amor também é um forte aliado no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Neste cenário, cuidar do outro pode se resumir em usar máscara corretamente e higienizar as mãos de forma adequada, assim como outras medidas para evitar a proliferação da doença. Mas, quando o vírus se instala no corpo de quem se ama — de quem, ainda, estava na linha de frente nessa luta —, levando-o à internação? Aqui, amor e cuidado se uniram e fizeram desabrochar um pedido de casamento na UTI Covid-19 do Hospital Regional Norte (HRN), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
A enfermeira Dayse Rodrigues Carneiro, de 32 anos, e o técnico de enfermagem Francisco Carlos Henrique Mesquita Fernandes, de 28, são os personagens desta história. O técnico testou positivo para a doença e teve de ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital em que ambos atuam. No dia seguinte à entrada na UTI, em 16 de fevereiro, ele recebeu um pedido de casamento da companheira. O “sim” veio ali mesmo, na cama, de imediato. “Falar sobre o noivado é algo mágico. Fui pego de surpresa”, rememora Carlos, que diz que este era um sonho antigo.
Dayse lembra que teve muito medo de perdê-lo e, por isso, fez o pedido de união logo que seu par, com quem divide a rotina há 11 anos, precisou de cuidados intensivos. “Somos pais de quatro crianças. Mas eu nunca quis oficializar (o casamento). E esse era um sonho dele. Quando eu vi meu coração ali, decidi que iria dar a ele essa alegria”, conta.
“Essa alegria” veio em forma de uma rosa-surpresa. “Dei uma rosa a ele. Ele cheirou e, quando viu que ela abria, desabou. Sei que isso deu força para ele melhorar e seguirmos juntos”.
Sintomas
Carlos Henrique lembra que testou positivo para o coronavírus no dia 9 de fevereiro, mas já vinha sentindo alguns sintomas, como dores nas costelas e nas costas, além de febre. Ele procurou um teste rápido do método swab (quando a coleta da amostra viral é feita por uma haste introduzida na mucosa nasal) e, em seguida, o serviço básico de saúde. Com a piora dos sintomas, o técnico de enfermagem precisou ser internado no HRN, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Foram quatro dias na UTI Covid-19. “Os momentos da emergência foram mais rápidos, não lembro muito. Porém, os da UTI, sim. Apesar do psicológico sobrecarregado pelo medo, são poucos os momentos de que não me recordo”, afirma. Ele voltou a trabalhar nessa quinta-feira (25).
Dayse compartilha as alegrias e os desafios de ver o marido internado na UTI na qual ambos se dedicam a salvar outras vidas. “Foi um momento ímpar entregar ‘minha metade’ à equipe que faço parte. Mas tive muita confiança na competência de todos ali”. Com a alta hospitalar de Carlos, ele e a agora noiva podem continuar escrevendo esta história de superação e amor — seja dentro ou fora do hospital.