A confusão levou dezenas de PMs à delegacia de Caucaia na noite de sábado passado
Várias patrulhas da PM cercaram a delegacia, exigindo a intervenção da Controladoria Geral de Disciplina
A confusão formada entre policiais militares e civis na noite do
último sábado, acirrou, ainda mais, o clima de animosidade entre os
integrantes das duas corporações que compõem a Pasta da Segurança
Pública no Ceará.
O incidente ocorreu quando policiais militares do Ronda do
Quarteirão de Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza), levaram para a
plantonista o caso de um empresário que desobedeceu a ordem de parar o
som em alto volume em um “paredão” nas proximidades do Hospital
Municipal.
Na delegacia, teria havido uma discussão entre o delegado
plantonista, identificado apenas por Átila, e um dos militares
responsáveis pela detenção do empresário. O delegado decidiu não
realizar o procedimento, o que gerou insatisfação dos PMs.
Diante da situação, um dos militares, identificado somente por
soldado Filho, teria entrado em discussão com o delegado e este decidiu
lavrar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra o PM, por
desacato.
Já os PMs afirmam que, por determinação de um promotor de Justiça, o
delegado Átila se viu obrigado a realizar o procedimento também contra o
dono do “paredão”.
A confusão aumentou quando várias patrulhas da PM cercaram a delegacia.
Uma equipe da Delegacia de Assuntos Internos (DAÍ) , da
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do
Sistema Penitenciário (CGD) foi chamada ao local e conduziu o PM e o
delegado até a sede daquela instituição, onde ambos foram ouvidos em
depoimento. Resta agora à CGD a abertura de uma sindicância disciplinar
contra os dois servidores.
Clima quente
Os conflitos entre policiais civis e militares vêm se acirrando nas
últimas semanas. Há cerca de 20 dias, policiais da Delegacia de
Narcóticos (Denarc), da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTC),
denunciaram terem sido alvos de tiros disparados por agentes da
Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS, no momento em que
efetuavam a prisão de um PM suspeito de comandar tráfico de drogas na
Serrinha.
Já na semana passada, policiais da Coin detiveram um homem suspeito
do furto de dinheiro em um condomínio. Eles levaram o suspeito a, pelo
menos, três delegacias da Polícia Civil e em nenhuma delas os delegados
aceitaram realizar a prisão em flagrante do acusado.
Já o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol) já se
manifestou diante dos fatos alegando que os agentes da Coin estão
trabalhando na ilegalidade quando realizam prisões e investigações
comuns, o que seria atribuição da Polícia Civil.
O Sindicato já pediu audiência com a cúpula da SSPDS sobre o assunto e
até ameaçou requisitar da Assembleia Legislativa a instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a atuação daquele
núcleo de Inteligência ligado diretamente ao gabinete do Secretário da
Segurança Pública.