A professora do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da
Universidade Federal do Ceará (UFC), Janaína Machado, destaca que as
usinas siderúrgicas estão investindo cada vez mais em equipamentos de
alta eficiência para controle de emissões atmosféricas, lançamento de
efluentes e gerenciamento de resíduos. "No caso da Companhia Siderúrgica
do Pecém (CSP), os gases gerados são reaproveitados nas unidades
operacionais da própria usina", observa.
A CSP é
autossuficiente em geração de energia, pois reaproveita a queima dos
gases produzidos, cerca de 95%, durante o processo de fabricação de
coque, de ferro-gusa e do próprio aço. O engenheiro de produção e
coordenador da Termelétrica da CSP Rafael Kogake, 32, afirma que a
termelétrica a gás da CSP tem a capacidade de produzir 200 megawatts de
energia, suficiente para abastecer uma cidade com 870 mil residências.
"Além de gerar toda a energia que consome, a CSP fornece o que sobra
para o Sistema Interligado Nacional (SNI). A termelétrica também
monitora continuamente as emissões em tempo real, o que possibilita o
controle imediato da eficiência de queima de gases", salienta.
Outro aspecto ressaltado por Janaína é que os índices de recirculação
de água nas empresas siderúrgicas vêm crescendo, chegando, em algumas
companhias, a superar os 98%. Bárbara Morais, engenheira química e
coordenadora de Tratamento de Água da CSP, pontua que a indústria esgota
todas as possibilidades de utilização da água antes de que seja tratada
e descartada, a exemplo de reúso para umectação de vias e jardins. O
percentual de recirculação de água da companhia chega a 98,5%,
performance considerada elevada.
Destinação correta e pioneirismo
O
engenheiro químico Leonardo Veloso, 37, é coordenador de Meio Ambiente
da CSP. Ele chegou ao Ceará trazendo na bagagem sua experiência de uma
grande siderúrgica do Minas Gerais, no Sudeste do Brasil. Ele destaca
que foi e continua sendo investido no desenvolvimento de programas,
processos e tecnologias de monitoramento com objetivos de preservação
ambiental. Segundo Veloso, são aproximadamente 80 equipamentos
utilizados para controlar as emissões, tratar efluentes e destinar
corretamente os resíduos gerados, em especial os oriundos diretamente do
processo de produção do aço.
A gestão ambiental da CSP é realizada com investimentos estratégicos
em tecnologias de ponta, a exemplo da Baosteel Slag Short Flow (BSSF),
planta de tratamento de resíduos que utiliza a escória de aciaria e gera
um coproduto, vendido para a indústria cimenteira. Atual coordenador de
Meio Ambiente da CSP, Veloso explica que a BSSF, cujo processo é limpo,
rápido e seguro, é uma plataforma inédita no Brasil. A CSP já investiu
R$ 1 bilhão somando esse e outros equipamentos ambientais, acrescenta
Veloso.
A indústria trabalha hoje em três áreas de atuação quanto à
sustentabilidade: licenciamento ambiental, que busca a conformidade e o
atendimento às legislações; controle ambiental, com foco no
monitoramento dos processos industriais para assegurar uma operação mais
sustentável possível e a gestão ambiental, com vistas à utilização de
tecnologias que minimizem os efeitos da produção no Meio Ambiente. A
companhia conquistou a certificação ISO 14001, que atesta seu
compromisso com a prevenção de riscos ambientais, demonstrando também o
envolvimento de seus empregados em desenvolver um trabalho com viés de
sustentabilidade.
"É um controle rigoroso para manter a companhia
dentro dos melhores padrões internacionais. Nossos índices estão sempre
dentro da normalidade, pois, além de ser uma empresa nova, tem um
projeto muito bem concebido e moderno. Inclusive, a CSP já foi planejada
para emitir no máximo 50% dos gases aceitos pelo padrão legal, pensando
no longo prazo e em possíveis mudanças na legislação", afirma o gestor.
A companhia também consegue remover o enxofre de 100% do gás de
coqueria gerado, reduzindo as emissões de SO2, atendendo aos limites
legais nas chaminés.
Para além da legislação
A
total obediência às leis ambientais é um ponto que a CSP trabalha desde
sua instalação, frisa Veloso. Ele observa que os órgãos ambientais são
regularmente informados e atualizados sobre os dados ambientais de
siderúrgica e ressalta o importante papel de fiscalização e cobrança da
Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), que, desde o
começo, acompanha os estudos e projetos necessários ao licenciamento
ambiental da siderúrgica.
"A sustentabilidade na CSP é sempre
pautada por um bom planejamento, com tempo suficiente para a análise e o
desenvolvimento de estudos bem elaborados por especialistas
competentes, sem atropelamentos", enfatiza o coordenador. Lincoln Davi,
diretor de Controle e Proteção Ambiental da Semace, explica que a
avaliação da CSP é feita por meio dos chamados condicionantes de auto
monitoramento. "Há condicionantes para o monitoramento dos efluentes
líquidos, para os efluentes gasosos, entre outros que o empreendimento
tem que apresentar." São documentos como o Relatório de Acompanhamento e
Monitoramento Ambiental (Rama), o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e
o Relatório de Impactos Ambientais (Rima).
Sete anos ante de
produzir sua primeira placa de aço, 100% reciclável, a CSP começou a
elaborar o Plano de Controle e Monitoramento Ambiental (PCMA). O
documento, entre outros aspectos, prevê o monitoramento ambiental na
área de 988 hectares onde a CSP está instalada, no Pecém. A siderúrgica
identificou 89 espécies da fauna e 90 da flora, coletou 640.199 sementes
de 43 espécies, plantou 320.969 mudas de espécies nativas e resgatou
6.424 animais, que fazem parte hoje do habitat da Estação Ecológica do
Pecém e da Lagoa do Bolso. O empreendimento investiu R$ 3 bilhões no
reflorestamento de 412 hectares.
Vicente Rocha, secretário de Meio
Ambiente e Urbanismo (Semurb) de São Gonçalo do Amarante – município
onde está sediada a CSP – avalia como positiva a atuação da empresa em
relação à proteção ao Meio Ambiente, em especial os esforços para evitar
ao máximo os riscos ambientais e promover um diálogo com o poder
público municipal e a comunidade. Ele destaca que técnicos da CSP e da
Verde Vida Engenharia Ambiental ministraram treinamentos sobre educação
ambiental para 1.056 estudantes de 103 turmas de universidades e escolas
da região.
o povo