Após registrar um aumento de 15% nos Crimes Violentos Letais
Intencionais (CVLIs) em agosto, o Ceará voltou a apresentar redução nos
índices em setembro. O Estado contabilizou, mês passado, um total de 332
mortes violentas, que englobam casos de homicídios, latrocínios e
lesões corporais seguidas de morte. O número é 2,6% menor em relação a
igual período do ano passado, e 6,7% inferior ao do mês de agosto deste
ano. Este foi o sétimo mês no ano em que foi registrada queda nas
mortes. Apesar da redução, o Estado não bateu a meta de 6% estipulada.
Os dados foram apresentados ontem pelo governador Camilo Santana
durante a reunião de monitoramente do programa “Em Defesa Pela Vida”, na
sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). De
acordo com o balanço, a maior redução foi observada no Interior Norte,
que registrou 57 assassinatos em setembro. O índice é 23% inferior a
igual período de 2014, quando foram computados 74 crimes, e 3,3% menor
que agosto, que somou 59.
A Capital fechou setembro com uma redução de 13% em relação ao nono
mês de 2014 e 16% em comparação com agosto. Foram 134 CVLIs no mês
passado, contra 154 em setembro do último ano. Em agosto, Fortaleza
registrou 160 vítimas.
Avaliação
Para o governador Camilo Santana, os resultados obtidos no Estado
podem ser considerados positivos. O gestor ressaltou, contudo, que os
trabalhos devem continuar de forma intensa e integrada. “O trabalho na
segurança pública é permanente. Não temos muito tempo nem para
comemorar, nem para lamentar. É preciso trabalhar integradamente, com
inteligência, e articulação”, afirmou Santana.
Na contramão do Estado, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)
registrou aumento de 59% nos CVLIs do mês. Foram 70 crimes em setembro
deste ano, contra 44 em 2014. Os municípios do Interior Sul também
registraram um acréscimo nos crimes. Naquela Região, no último mês,
foram computadas 71 mortes, contra 69 em igual período do ano anterior. É
um acréscimo de 2,9% no índice.
Para Camilo Santana, o impasse relacionado ao ingresso de presos nas
delegacias favoreceu às regiões apresentarem resultados ruins. “Houve
uma redução muito grande nos índices da Região Metropolitana de 2013
para 2014. Agora, tivemos alguns problemas nas delegacias e presídios do
Estado e ficamos acima. Algumas determinações judiciais fizeram com que
os presos deixassem de ir para os presídios e fossem para as
delegacias. Com isso, as unidades ficaram abarrotadas. Cada vez que
acontece isso, são policiais que saem das ruas e vão para as delegacias
para garantir a segurança. Mas acho que isso são questões pontuais, que
serão resolvidas”, justificou o governador.
De acordo com o comandante do Policiamento Metropolitano, coronel
Carlos Ribeiro, os municípios que mais registraram mortes violentas
foram Maracanaú e Caucaia. “Realmente tivemos um acréscimo em relação a
2014. A cidade que mais preocupa é Caucaia, que registrou 11 homicídios.
Mas acho que com as novas operações que estamos implantando vamos
conseguir reduzir neste mês e fechar o último trimestre do ano dentro da
meta”, projetou o coronel.
Acumulado
No acumulado, de janeiro a setembro deste ano, o Ceará registrou
2.965 mortes violentas. Se a comparação for feita com os três primeiros
trimestres do ano anterior, quando foram computados 3.304 casos, o
Estado conseguiu reduzir 10,3% no índice de CVLIs, superando, inclusive,
a meta de 6% estabelecida.
A maior redução nesse período foi em Fortaleza, que passou de 1.526
assassinatos em 2014, para 1.239 neste ano, chegando a 18,8% de queda.
Já no Interior Sul, onde foram iniciadas em setembro as ações da
Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), do Batalhão de
Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) e do
Batalhão de Divisas, houve uma alta de 2,5%, aumentando de 649 mortes em
2014, para 665 neste ano.
O Interior Norte também registrou, até setembro, um aumento de 2,1%, saindo de 486 no ano passado para 496 no atual período.
Sem cortes
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Delci Teixeira,
aproveitou o momento da divulgação para reiterar que o Governo do Ceará
manterá os investimentos nas ações da Pasta. “Dentro de todas as
dificuldades (financeiras), o Estado tem mantido atenção para a
Secretaria de Segurança, mesmo com os cortes no orçamento. Estamos
fazendo um planejamento naquilo que necessitamos, para chegarmos no ano
de 2018, quando encerra o governo, dentro daquilo que planejamos”,
comunicou.
Delci Teixeira também desmentiu rumores sobre cortes nas
gratificações extras pagas pelo Governo como bonificação pelos
resultados do programa “Em Defesa Pela Vida”. O secretário afirmou que
todo o programa permanece inalterado.
“Eu orientei a todos os chefes de comando que quaisquer dúvidas podem
nos procurar. Não existe absolutamente nada de mudanças no programa “Em
Defesa Pela Vida”. Isso são situações que são plantadas, de que o
Governo vai acabar com o programa. Não há nada de discussão sobre isso.
Se mantém todo o programa, pois é algo que vem dando resultados”,
enfatizou o titular da SSPDS.
(Colaborou Valdir Almeida)
Diário do Nordeste