O Mestrado Acadêmico em Serviço Social, Trabalho e Questão Social (MASS) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) prepara-se para receber sua primeira aluna surda. A candidata Mariana Marques da Hora foi aprovada em primeiro lugar no processo seletivo do semestre 2018.1.
Atualmente coordenado pela professora Liana Brito, o MASS foi criado em 2011 e já formou 43 mestres. "Praticamente 100% dos profissionais já estão inseridos no mercado de trabalho. A maioria, no ensino superior", ressalta a coordenadora. "Além desses temos os alunos matriculados, dentre os quais 15 estão em fase de conclusão", finaliza.
O vice-coordenador, Estenio Azevedo, fala sobre essa primeira experiência com uma candidata surda nos quase sete anos do curso. "Nesse processo inicial encontramos acolhimento institucional. O reitor Jackson Sampaio nos acolheu para pensar e discutir as questões, o Centro de Humanidades nos disponibilizou seu professor intérprete para acompanhar Mariana em todas as fases necessárias, além do apoio recebido do Centro de Ciências Sociais Aplicadas", disse o docente.
Assistente Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mariana Hora conta sobre a dificuldade de participar de eventos relacionados à sua área de estudo e da satisfação em encontrar na Uece a oportunidade que faltava.
"Sempre que possível procuro participar de eventos relacionados com o Serviço Social, quando tem acessibilidade, o quê não é fácil (...). Agora, na Uece, além de ter direito ao intérprete de Libras nas aulas e nas demais atividades acadêmicas, pela primeira vez, terei um professor orientador que se comunica em Libras e também faz parte da comunidade surda, então, a expectativa é que seja uma experiência muito rica", comemora Mariana.
Seu orientador será o vice-coordenador do curso, Estenio Azevedo, que possui conhecimento básico da Língua Brasileira de Sinais (Libras), trabalhará com Mariana o tema de sua dissertação: "O Direito de Acesso à Justiça das Pessoas Surdas: Análise crítica da acessibilidade comunicacional e atitudinal no Poder Judiciário".
"Quero usar a experiência acadêmica para contribuir socialmente com a comunidade surda e, também, me aperfeiçoar profissionalmente, através das pesquisas e atividades a serem desenvolvidas e divulgadas, principalmente no que se refere ao acesso à Justiça pelas pessoas surdas", revela a recém-aprovada no MASS.
Estênio Azevedo fala ainda do desafio e da oportunidade que a experiência trará para o curso. "É um desafio, mas ao mesmo tempo algo que permitirá construir mais condições de acesso, acessibilidade e o rompimento das barreiras, sejam elas linguísticas, atitudinais e de comunicação, que precisem ainda ser superadas".
A Uece possui atualmente, pelo menos, mais dois alunos surdos em seus programas de pós-graduação. Eles fazem parte do Mestrado Acadêmico em Filosofia (CMAF) e do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PosLA), ambos vinculados ao Centro de Humanidades (CH).