Os cuidados paliativos (CP) são considerados uma abordagem multidisciplinar que previne e alivia o sofrimento do paciente por meio da identificação precoce, avaliação correta e do tratamento da dor e de outros problemas. Eles são destinados a qualquer pessoa que tenha uma condição de saúde que ameace ou limite a sua vida, sendo uma prática voltada para o controle de sintomas, conforto, qualidade de vida e bem-estar do paciente enquanto ele estiver sendo assistido, conforme foi definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), em casos de Covid-19, as equipes de cuidados paliativos devem ser consultadas quando o paciente apresentar sofrimento, sintomas complexos ou de difícil controle. Estes profissionais só devem ser envolvidos quando os acometidos pela doença apresentarem estado grave ou quando não houver disponibilidade de ventilação mecânica ou de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em um cenário mais duro, como nos picos da pandemia, as equipes da área puderam contribuir com atividades relacionadas ao planejamento antecipado de cuidados, à construção de diretivas antecipadas de vontade (quando o paciente, ainda lúcido, diz quais tratamentos deseja ou não receber) e aos cuidados no luto.
No Hospital Regional Norte (HRN), da Rede Sesa, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), a Unidade de Cuidados Especiais (UCE) promove tanto cuidados paliativos, como reabilitação de pacientes do hospital. Há predominância de perfis de pacientes idosos, com doenças crônicas, que tiveram longa permanência na UTI ou que tiveram estadias frequentes na Emergência, além de pessoas debilitadas ou acamadas.
Segundo a coordenadora médica do setor do HRN, Tárcilla Pinto Passos Bezerra, a equipe multiprofissional conta com médicos, enfermeiros, técnicos de Enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, entre outros profissionais. “O foco dessa unidade é ofertar qualidade de vida para esses pacientes que já estão bastante debilitados e reabilitá-los, promovendo condições para que eles voltem para suas casas e para a convivência com seus familiares”, diz.
Casa de Cuidados do Ceará
A Casa de Cuidados do Ceará (CCC), espaço implementado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) sob administração do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), é uma das instituições que atuam com cuidados paliativos. O equipamento busca reabilitar afetados pela Covid-19, além de recuperar e desospitalizar, de forma humanizada e multidisciplinar, pacientes acometidos por outras doenças, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e traumas.
Os pacientes recebidos na CCC possuem assistência de profissionais das áreas de Enfermagem, Fisioterapia, Assistência Social, Fonoaudiologia, Nutrição e Psicologia, além de visitas médicas, com a adoção de todos os cuidados necessários na transição entre a estrutura hospitalar e o domicílio.
De acordo com a diretora do espaço, Ursula Wille Campos, os pacientes que recebem cuidados paliativos são aqueles com doença grave e sem cura, a fim de aliviar o sofrimento dessas pessoas, permitir maior apoio de familiares e promover maior bem-estar. “Os cuidados paliativos permitem o acolhimento da família e promovem um atendimento humanizado. O paciente lotado na CCC recebe apoio de psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos, cada um atuando na sua área com o mesmo objetivo: promover um atendimento de qualidade”, afirma Wille.
Paliativismo aproxima profissionais de pacientes
No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade que também é vinculada à Sesa e administrada pelo ISGH, os cuidados paliativos são de extrema importância nos serviços ofertados aos pacientes. No Eixo Adulto do hospital, somente a Clínica Médica conta com 114 leitos de internação, em que cerca de 10% dos pacientes têm indicação e benefício de acompanhamento por uma equipe multidisciplinar de cuidados paliativos. Na Unidade de AVC Subagudo, com 33 leitos, aproximadamente 1/3 dos pacientes tem indicação de paliativismo especializado. Já na Unidade de Cuidados Especiais (UCE), também com 33 leitos, em torno de 80% dos pacientes se beneficiam deste cuidado.
Para a coordenadora das Clínicas Médicas, Andréa Gondim, que acompanha diariamente a importância dos cuidados paliativos, os pacientes passam a confiar mais no trabalho da equipe, participam do compartilhamento das definições terapêuticas e sentem-se mais confortáveis durante a internação hospitalar e até após a desospitalização. “Os cuidados paliativos, quando bem indicados, conseguem ofertar prevenção e alívio do sofrimento, não apenas físico, mas também social, psicológico e até espiritual”, pontua.
Curso
Em meio ao período pandêmico, a Escola de Saúde e Gestão (ESG) do ISGH, promove o curso on-line “Atenuando a Dor na Promoção de Cuidados Paliativos” para profissionais que atuam na área da Saúde. “Neste curso, o aluno irá aprender sobre o que são cuidados paliativos, dor total, intervenções não farmacológicas e farmacológicas, uso de opioide e plano de cuidados do paciente com dor em cuidados paliativos, bem como acompanhamento de análise de um caso clínico“, detalha o professor do curso, Leonardo Miranda. As inscrições estão abertas e disponíveis no site da ESG.
“O curso é uma oportunidade de aprendizado objetivo e multidisciplinar sobre o controle de dor em cuidados paliativos, o que é um dos grandes pilares dos princípios norteadores desse tema. É fundamental que as equipes de atendimento primário, secundário e terciário tenham este conhecimento, pois a tendência é estar cada vez mais presentes no cotidiano do profissional de saúde, tendo em vista o aumento de expectativa de vida e, consequentemente, das doenças crônicas”, continua Miranda. “Isso garante maior capacidade de atuar em equipes multidisciplinares de alta performance, o que impacta em qualidade assistencial e satisfação dos pacientes”.