Com um trabalho de acesso à justiça e garantia de direitos, o programa Rede Acolhe da Defensoria Pública do Estado do Ceará completa um ano de atividade. Lançado oficialmente em julho de 2017, os resultados do programa, que integra o Ceará Pacífico, serão apresentados na próxima terça-feira, 17, durante II Seminário sobre Atenção Integral às Vítimas da Violência, no Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ), das 13h às 17h. O objetivo é refletir sobre o primeiro ano de atendimento do programa e apresentar os dados de perfil das vítimas da violência que acomete à cidade, propondo políticas públicas integradas para questão.
A ação é aberta ao público e pretende reunir os movimentos sociais, a rede de atendimento à vítima da violência com profissionais de diversas áreas, coletivos da juventude e moradores do Grande Bom Jardim. O programa Rede Acolhe será apresentado para a população, assim como os dados gerais de atendimento, os resultados e, também, o que é mais peculiar e o que se pode trabalhar em rede.
O programa está integrado ao Núcleo de Assistência ao Preso Provisório e às Vítimas de Violência (Nuapp). “Há uma mobilização de vários setores e equipamentos para trabalhar a questão específica da vítima. O programa Rede Acolhe é uma grande abertura neste sentido e é extremamente importante, diante do cenário que temos visto de um ano para cá no Ceará. Começamos o ano com chacinas e nos perguntamos: como lidar com essa situação? Como lidar com essas famílias que ficam desamparadas? Dentro dessa realidade, há uma necessidade de se ter frentes de serviço e a Defensoria foi pioneira em ter essa dimensão maior, nesta articulação intersetorial trazendo o nosso diferencial que é o acesso à justiça dos mais vulneráveis”, afirma Gina Moura, defensora pública e coordenadora da Rede Acolhe.
Articulado como uma ação transversal, o programa atua na assistência aos familiares das vítimas de crimes violentos letais intencionais (CVLI) ou vítimas de tentativa de homicídio. O acompanhamento com as famílias vai além do atendimento inicial. “Temos uma matriz intersetorial, que é justamente o encaminhamento das demandas apresentadas durante o primeiro atendimento, nisso, direcionamos para a rede de serviço competente, seja saúde, psicossocial ou educação”, explica a coordenador do programa Rede Acolhe, Thiago de Holanda.
Desde seu início, em média 500 pessoas já foram beneficiadas com o acompanhamento, que é realizado por uma equipe multidisciplinar que tem sociólogo, psicológos, assistente social e defensores públicos. O programa tem parceria com a Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Temos nos deparado com novas situações e acompanhado outras questões, como pessoas em situação de ameaça de morte, pessoas que foram expulsas das suas casas por causa de facções criminosas e pessoas desaparecidas. O trabalho é o mesmo: ter um olhar cuidadoso e diferenciado para cada integrante daquela família e, nisso, dar os devidos encaminhamentos”, explicita.
Os dados das 96 famílias acompanhadas neste um ano serão apresentados no Seminário, que começa às 13h. O Rede Acolhe recebeu menção honrosa no I Concurso de Práticas Eficientes de Atendimento da Defensoria, que ocorreu no rio de Janeiro, sendo o único entre os premiados voltado para a área criminal, focado especificamente para a violência urbana.
Serviço – II Seminário sobre Atenção Integral às Vítimas da Violência
Dia 17 de julho, das 13 às 17h
Centro Cultural Bom Jardim: Rua Três Corações, 400
Programação
– 13h Abertura.
– 14h Mesa: Atenção integral às vítimas:
* Jéssica Cavalcante (Psicóloga) – Atenção aos familiares de vítimas de homicídios: uma abordagem psicossocial.
* Gina Moura (Defensora Pública) – A importância do acompanhamento às vítimas de homicídios no sistema de justiça: experiência da Rede Acolhe na assistência jurídica.
* Thiago de Holanda (sociólogo)- Acompanhamento familiar: o impacto dos homicídios e o acesso aos serviços.
* Daniely Tatmatsu (Psicóloga e professora da UFC)- Relato sobre a parceria da universidade com a Rede Acolhe no atendimento psicoterapeutico.
– 15h: Diálogos sobre desafios da atenção integral as vítimas de violência no território do Grande Bom Jardim.
– 16h: Pactuação do fluxo de identificação, atendimento e acompanhamento das vítimas no território.
– 17h: Encerramento
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