quarta-feira, 1 de junho de 2011

Como é a perícia de um crime?

Primeiro, isola-se a cena do crime para uma equipe coletar pistas do que ocorreu - nem a polícia entra antes dela. A natureza de cada crime altera os detalhes da perícia, mas os procedimentos gerais depois de isolar a cena são: observação, registro e coleta de evidências, análises laboratoriais das evidências e conclusão - laudo com listagem das pistas encontradas e possíveis associações entre elas. A operação é coordenada por um perito criminal, com a colaboração de especialistas. "Os laboratórios ajudam o perito a obter uma convicção técnica sobre o caso antes de redigir o laudo com sua conclusão", explica Francisco La Regina, perito do Instituto de Criminalística de São Paulo. O órgão, que faz todas as perícias do estado, tem mais de dez departamentos, especializados, cobrindo desde ocorrências de trânsito a falsificação de documentos. A perícia, no entanto, não interroga testemunhas nem suspeitos, como rola nos seriados da TV. Isso é papel dos investigadores de polícia.

Jogo de cena

Uma equipe de profissionais entra em cena para desvendar o crime enquanto a polícia assiste do lado de fora

TÁ LÁ O CORPO ESTENDIDO

Ainda na cena do crime, o perito faz um exame perinecroscópico: análise externa do cadáver e do que está ao seu redor. O local e a posição em que o corpo está e o tipo de lesões visíveis fornecem indícios a ser complementados pela autópsia

CAÇA-PISTAS

O perito criminal chefia a equipe de perícia. Seu trabalho é encontrar e encaixar peças que remontem o quebra-cabeça do crime. Para isso, ele observa e anota detalhes da cena, o corpo e a presença de armas, de sinais de luta, de arrombamento etc., além de coletar vestígios

MALA DE UTILIDADES

O perito dispõe de acessórios para observar e coletar evidências. Luvas e jalecos evitam que ele "suje" a cena do crime. Luzes especiais realçam pistas discretas, como manchas de sangue apagadas ou resquícios de matéria orgânica

"OLHA O PASSARINHO"

O fotógrafo forense apoia a perícia registrando a cena sob direção do perito criminal - é ele quem indica o que deve ser fotografado e sob que ponto de vista. As fotos ilustram o relatório final e auxiliam na reconstituição do crime, quando necessário

RASTROS DO CRIME

Tudo que está na cena do crime pode fornecer pistas sobre o que rolou ali, desde a posição dos objetos até as dimensões do cômodo. A distribuição e a forma das gotas de sangue, por exemplo, podem indicar a direção de um tiro e a posição da vítima durante a ação

TOCOU, ASSINOU

O datiloscopista é um especialista em detectar e coletar "impressões latentes", ou seja, marcas de gordura deixadas pelo relevo da nossa pele em superfícies lisas. O procedimento básico da coleta é assoprar um pó sobre a digital, que adere à gordura e carimbar um papel especial

NINGUÉM ENTRA

O isolamento da cena do crime é fundamental para o trabalho da perícia. Quem cerca a área é a Polícia Militar que, geralmente, é quem recebe a ocorrência e chega primeiro ao local. A obrigação de isolar a cena está prevista até no Código Penal brasileiro

• Saquinhos usados na coleta de evidências têm lacres para garantir a integridade das pistas

• Padrões em manchas de sangue são medidos, indicando a posição da vítima ao ser atingida e até se o ferimento foi provocado por tiro ou facada

• As impressões mais comuns são as digitais, mas ranhuras do pé e até da lateral da mão são exclusivas de cada indivíduo e servem para identificar suspeitos

Corpo em evidência

Nos bastidores, médicos e dentistas especializados investigam cadáveres em busca de pistas

ABRE E FECHA

Se houver algum morto na cena, o corpo é encaminhado para um médico-legista fazer a autópsia - análise interna do cadáver - em busca das circunstâncias, da hora e da causa da morte

SÓ O PÓ

Se um corpo é queimado ou enterrado, antropólogos e odontologistas forenses entram em cena para identificá-lo usando o que sobrou dos ossos e da arcada dentária, respectivamente

PRAZO VENCIDO

Se o corpo estiver em decomposição, um entomólogo - especialista em insetos - entra em ação para estimar a época da morte pela quantidade e tipos de bichos no cadáver - ou no que restou dele

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