A luta dos Tapeba pelo reconhecimento de seu território tradicional já tem 30 anos, se consideramos como marco inicial a primeira identificação feita pela Funai, em 1986. De lá pra cá, ocorreu uma série de entraves jurídicos e de atropelos administrativos que impossibilitou a regularização da área. Em agosto de 2013, novo estudo de identificação e delimitação foi publicado pela Funai, no entanto, o procedimento de demarcação encontra-se paralisado por decisão judicial, impedindo a assinatura da portaria declaratória pelo ministro da Justiça.
O termo assinado na sexta-feira foi celebrado entre os representantes da União, da Funai, do estado do Ceará, do município de Caucaia, da comunidade indígena e dos ocupantes de uma parcela da área reivindicada pelos indígenas. O acordo determina uma concordância entre as partes sobre os limites da terra indígena e a desistência de interposição de recursos, assim como de contestações, para que a área possa ser demarcada.
Durante a cerimônia, Weibe Tapeba, presidente da Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceara (Copice), relembrou a memória dos guerreiros, tal como o cacique Perna de Pau, que tombaram sem ter sua terra garantida.
O presidente da Funai falou sobre a importância daquele ato para o indigenismo brasileiro e para o povo Tapeba. "Foram 30 anos de luta e a demarcação dessa terra é uma referência para o Brasil, em que se reconhece a tradicionalidade e a ancestralidade desse povo. Esperamos que esse acordo possa ser uma referência para realizarmos mediações e solucionarmos conflitos, garantindo o reconhecimento da tradicionalidade e o direito à terra dos povos indígenas no Brasil".
O povo Tapeba é composto por mais de sete mil pessoas e sua terra sofre com impactos de empreendimentos, especulação imobiliária e tensões constantes motivadas por conflitos fundiários.
Texto: Clarissa Tavares/ Ascom.
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